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Futebol feminino do Pará quer surpreender em 2024

Nildo Lima

Se no futebol profissional masculino, em 2024, Paysandu e Clube do Remo estarão separados nas Séries B e C do Brasileiro, respectivamente; no Nacional feminino a divisão entre os gigantes do futebol local, na próxima temporada, se dará de forma inversa. Vice-campeã da Série C deste ano, a equipe remista, de maneira inédita, participará da Segundona, enquanto o seu maior rival estará um degrau abaixo, na Terceirona, que o clube disputará pela primeira vez, não só em se tratando da divisão em si, mas do Brasileiro como um todo. Leoas e Lobas entram no campeonato tendo a difícil missão do acesso.

Curiosamente, a inclusão do Papão na Série C só foi possível em razão da conquista do vice-campeonato da Terceirona, em 2023, pelo maior rival. Com a sua ascensão à Série B, o Clube do Remo acabou abrindo brecha para o acesso do Paysandu à Terceira Divisão nacional. A equipe bicolor poderá ter ou não a companhia da Esmac, de Ananindeua, que este ano encerrou sua participação na Série A2 na vice-lanterna e, consequentemente, rebaixada. Após sua queda, a “Faculdade do Futebol” ainda estuda a possibilidade de disputar o Brasileiro do ano que vem, mas com remotas possibilidades, segundo uma fonte ligada ao clube.

O Brasileiro da Série B, denominado oficialmente pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), gestora da competição, de A2 de 2024, deverá ter o mesmo formato de disputa deste ano. Serão 16 equipes divididas em dois grupos de oito equipes, se classificando para a segunda fase as quatro melhores colocadas de cada chave, das quais as duas primeiras de cada grupo avançam à semifinal, com as equipes de melhores campanhas na penúltima fase fazendo a grande final do campeonato, ambas com acesso garantido à elite nacional.

A Série A3, ou Série C, terá concorrência bem maior que a A2, com 32 equipes envolvidas na disputa. Da primeira à última etapa, o campeonato será em sistema de “mata-mata”, com jogos de ida e volta. Os times finalistas estarão automaticamente garantidos na A2 do ano seguinte. A Esmac é entre os clubes locais aquele de maior tradição no futebol feminino, contando em sua história com seis participações no Brasileiro, uma delas na A1, da qual foi rebaixada este ano, após uma campanha decepcionante.

Esmac vai tentar viabilizar presença na A3

A Esmac, de Ananindeua, que chegou a ser sinônimo de futebol feminino no Pará, passou a enfrentar uma grave crise em seu departamento especializado após o time ter sido rebaixado à A3 do Brasileiro deste ano. A consequência maior da queda é a incerteza quanto à participação da equipe na Terceirona do Nacional do ano que vem. O clube teve o seu elenco destroçado, conforme informou o gerente de futebol Genilson Oliveira, de 41 anos, que mesmo com o desmonte do grupo prefere não cravar a ausência da Esmac do Brasileiro, competição que o clube disputa desde 2014.

“Depois do rebaixamento, quase todas as nossas jogadores, cerca de 90%, foram para outros clubes”, informa Oliveira. “Mas este não é o grande problema para continuarmos disputando o Brasileiro”, diz. “A gente está vendo outra forma para mantermos a Esmac no campeonato. Pode ser que a gente venha a disputar a competição em parceria com outro clube”, explica. “Temos três propostas neste sentido, uma da Tuna Luso, outra de um clube de Barcarena e a terceira de um grupo que quer utilizar o nome do nosso clube no campeonato”, revela.

A definição sobre a participação ou não do time no Nacional será somente em janeiro, quando haverá uma reunião envolvendo o novo presidente da agremiação, Amintas Neto, que ainda vai tomar posse, e as pessoas ligadas ao futebol da instituição. A competição ainda não tem data certa para ser iniciada, mas a bola deve começar rolar em março. “Até lá podemos definir a parceria ou mesmo montar o nosso elenco”, acredita Oliveira.

Dentro de casa, as Leoas dominam o cenário, com três títulos consecutivos. Ano que vem, a meta é buscar o acesso à elite nacional – Foto: Mauro Ângelo/ Diário do Pará

Leão deve manter metade do elenco tricampeão estadual

Com a experiência de nove Brasileiros em seu currículo, o técnico Mercy Nunes, de 52 anos, ainda aguarda por uma reunião com a diretoria do Remo para traçar os planos do clube para a disputa da Série A2 do Nacional. O treinador, que passa férias na cidade de Cametá, no entanto, já tem em mente algumas mudanças que pretende implantar no elenco azulino, caso venha a ser mantido no cargo, o que é provável, depois de as Leoas terem conquistado o tricampeonato estadual diante do maior rival, o Paysandu, neste mês.

“Meu contrato se encerra no dia 31 deste mês e eu estou no aguardo do chamado da diretoria”, contou Nunes. “Essa reunião deve acontecer lá pelo dia 5 ou 10 de janeiro para que a gente dê continuidade ou não ao trabalho que venho fazendo. Será nesta reunião que eu ficarei sabendo qual a estrutura que o clube pretende adotar, se vai montar um grupo para brigar pelo acesso ou apenas para manter-se na Segunda Divisão”, explicou. “Mas já tenho alguma coisa em mente, como, por exemplo, o número de atletas, que deverá ser de 30, nada mais nem menos que isso”, antecipou.

O treinador informou que dará preferência a jogadoras polivalentes, que atuem em mais de uma posição. “Prefiro contar com atletas que atuem em dois ou três espaços do campo. Isso facilita bastante”, justificou. Nunes não abre mão de ter um elenco reforçado para encarar a Segundona do Nacional, independente do desejo da diretoria. “Já disputei uma A2 e uma A1 e conheço muito bem a qualidade das atletas nestas categorias. Vamos enfrentar, por exemplo, quatro equipes que caíram e que têm nível de A1, então devemos reforçar nosso grupo, preferencialmente com jogadoras locais que foram observadas no Estadual”, revelou.

Segundo o treinador, metade do elenco azulino continuará para o Brasileiro. “As outras 50% serão de jogadoras novas, que, de repente, podem até ser também de outros Estados”, detalhou Nunes, que só deve marcar a data de apresentação do elenco após a reunião que terá com a direção azulina.

A treinadora Aline Costa é bastante experiente e estará à frente do time bicolor na Série A3 – Foto: Jorge Luis Totti/PSC

Papão vai aumentar o investimento na busca pelo acesso

A primeira mudança a ser estabelecida no Paysandu para a disputa da A3 do Brasileiro, conforme desejo da treinadora Aline Costa, de 42 anos, diz respeito ao número de atletas do elenco bicolor. Durante o último Estadual, a treinadora teve a sua disposição 22 atletas, mas pretende elevar esse número para pelo menos 30 jogadoras. Aline informou, na última quinta-feira, que já teve a primeira reunião com dirigentes do clube para traçar os planos visando o Nacional, quando, segundo ela, foi discutido o montante de investimento a ser aplicado no departamento de futebol feminino em 2024.

“A gente sabe que para atingir o principal objetivo, que é o acesso à Série A2, precisamos de um maior investimento e a diretoria já sinalizou neste sentido”, revelou. “Então, vamos ter novidades para o próximo ano, com certeza”, comentou. A treinadora informou que algumas das jogadoras que disputaram o Parazão não estarão no grupo que será utilizado no Brasileiro. “Aquelas que estavam com a gente e que possuem empresários foram para outros clubes, infelizmente”, lamentou.

Aline, no entanto, já vem trabalhando nos bastidores para tentar preencher as lacunas deixadas por aquelas atletas que acertaram com outras equipes. “Já estou entrando em contato com algumas jogadoras aqui mesmo do nosso Estado e que nos interessam. Vamos ver, mais lá na frente, se teremos ou não a necessidade de trazer alguma atleta de outros centros, com o suporte da diretoria”, contou. A treinadora sabe que o Nacional é bem diferente do Estadual. “O Brasileiro envolve várias situações, como os jogos fora do Pará, com outros climas, por exemplo”, observou.

A treinadora vai para o seu sétimo Brasileiro, tendo sido a primeira treinadora a disputar a competição, dirigindo uma equipe local. “Foi em 2013, quando eu estava na Tuna e o Brasileiro chamava-se Copa do Brasil”, recorda. “Não existiam as divisões como acontece hoje”, salienta Aline, que além da Tuna também esteve no Pinheirense por três temporadas seguidas: 2015 a 2017.