Fascismo virtual alveja Rony
Depois de quebrar muitas barreiras para ser aceito e respeitado como um dos mais importantes jogadores do Palmeiras, o paraense Rony está sob uma saraivada de ataques de uma pequena de torcedores nas redes sociais. Xingado, achincalhado, discriminado e desrespeitado, ele demonstra estar muito abalado com essa nova realidade.
Não é diferente do que tantas outras pessoas famosas já sofreram. Ataques irracionais e desmedidos, fomentados pelo ódio irracional que acomete gente que se dedica a buscar alvos públicos.
O lado tóxico da fama vitimou Rony, que tem dificuldades para conviver com isso. Os xingamentos partem de figuras desconhecidas e sem identificação clara, mas incomodam e magoam.
Nem mesmo o respeito que a imensa maioria devota a ele são suficientes para tranquilizar Rony, que admitiu nunca ter vivido uma situação parecida. O clube, através do técnico Abel Ferreira e o diretor Anderson Barros, tem elogiado e destacado a importância dele, mas isso não basta.
Fustigado pelo desrespeito dos internautas, Rony sabe que não tem chances de reverter, até porque o histórico de ações abusivas na grande rede mostra que ninguém consegue superar o tsunami de ataques. Não há saúde mental que se mostre inexpugnável.
“Vai voltar a fazer farinha no Pará”, “ganha R$ 1 milhão e tem que aguentar qualquer coisa”, “volta pra casa, seu cabeça de bagre”. Estes são apenas alguns dos comentários ofensivos e xenófobos dirigidos a Rony.
O lado corneteiro da torcida é algo próprio do futebol e tem que ser aceito com serenidade, mas o linchamento virtual nada tem a ver com as velhas formas de crítica que o futebol carrega desde os primórdios. Aqui não se trata de comentários construtivos, são apenas ofensas raivosas.
A fúria destruidora não poupa ninguém, e o escolhido da vez é Rony. Além de ser achincalhado milhares de vezes ao dia, o atacante reclama de ameaças à sua família, o que torna tudo mais irracional ainda.
É triste admitir que tudo o que a internet passou a representar no Brasil tem a ver, diretamente, com um certo momento político de trevas e canalhices, liderado por malfeitores que estimularam seus seguidores (e eleitores) a agir com a selvageria própria dos fascistas.
Rony é apenas a vítima da hora, mas muitos outros já pagaram um alto preço por motivos diversos. Jogador de futebol vencedor de Libertadores, fundamental para o funcionamento ofensivo do Palmeiras, Rony incomoda os haters pela origem humilde que nunca escondeu – pelo contrário.
Rony incomoda por ser um homem simples e digno, um perfil particularmente odiado pelos bandoleiros do mundo virtual, covardes que se escondem sob o anonimato como os linchadores do mundo real.
Bicolores perdem a linha e passam do ponto
Chamou atenção nos últimos dias a atitude extemporânea do presidente bicolor Maurício Ettinger insinuando um suposto caso de favorecimento, com base exclusivamente em boatos sobre a marcação do jogo Tapajós x Remo para o Mangueirão neste domingo, 28. No fim das contas, a Seel provou que não havia nenhuma decisão a respeito e o dirigente ficou com uma bomba nas mãos.
Ao tentar alvejar a Seel, insuflando o torcedor contra a secretaria, ele esqueceu de regra fundamental nesse tipo de ataque: a checagem da informação. Ao tentar se mostrar prejudicado por uma mudança que beneficiaria o rival Remo, caiu na própria armadilha.
Ontem, depois de toda a trapalhada, postou um vídeo se retratando pelo escorregão, mas a emenda saiu pior que o soneto. Mesmo admitindo que havia se precipitado, não teve estofo para se desculpar pelo erro.
O aspecto mais grave de todos foi a descortesia com o único patrocinador do Campeonato Paraense. O governo do Estado, que destina ao PSC (e ao Remo) uma quantia de quase R$ 3 milhões – entre contrato de TV e pelo campeonato e do naming rights. Ingratidão é que chama.
Ettinger não está sozinho nessa explosão nervosa que se abateu desnecessariamente nos arraiais alvicelestes. Hélio dos Anjos, conhecido pelas frases nem sempre ajustadas, detonou com a realização do jogo Flamengo x Sampaio Corrêa (RJ) em meio ao Parazão.
Disse, com razão, que jogos de outros Estados não podem se sobrepor ao do campeonato estadual, mas escorregou ao usar expressões como “dane-se o Flamengo, não sou torcedor e nem trabalho no Flamengo”.
Óbvio que a opinião é livre, mas Hélio esqueceu a dimensão da fala. O Flamengo e sua torcida não iriam engolir a imprecação. Nas redes sociais, o PSC passou a ser atacado pelos flamenguistas, alguns xingando e destilando preconceito. Outro que poderia ter evitado o desgaste.
Até porque a promoção de jogos dos clubes do Rio em Belém é uma tendência de mercado, e o futebol hoje precisa ser visto como um grande negócio. A crítica correta deve se dirigir aos transtornos e prejuízos que a remarcação de jogos pode causar à competição regional.
Por fim, o atacante Nicolas disparou críticas à FPF, aos clubes e até às prefeituras do interior em função da má qualidade do gramado do estádio Diogão, em Bragança. A exemplo de Hélio, o jogador se excedeu na forma, embora o conteúdo de sua reclamação seja plenamente aceitável.
Copinha vira puxadinho do campeão Corinthians
Ver o Corinthians campeão da Copa de São Paulo é quase um lugar-comum, uma redundância. Nos últimos anos, o clube alvinegro vem dominando a competição. Ontem, conquistou seu 11º título ao derrotar o bom time do Cruzeiro na partida final, disputada na Arena Itaquera.
Nos próximos anos, seria justo passar a nominar a competição como Copa Timão, tal o protagonismo da equipe, meritório ou não.