A rotina da rodada final do Campeonato Brasileira tem sido frustrante nos últimos anos. Quase sempre o vencedor é conhecido por antecipação, o que torna a disputa esvaziada e previsível para a maior parte das torcidas. Com um pouco de sorte, a definição dos times rebaixados torna-se a última chance de emoção na rodada de encerramento.
Desta vez, as coisas fugiram ao velho script. O campeão só será conhecido neste domingo, com a decisão envolvendo dois times com possibilidades de levar o caneco. Ao mesmo tempo, quatro travam a batalha para escapar ao rebaixamento, restando uma última vaga para descer à Série B.
A maior expectativa gira em torno da partida entre Botafogo e São Paulo, no estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro. Com 76 pontos, três a mais que o segundo colocado (Palmeiras), o Glorioso precisa de um empate para conquistar um título que está há 29 anos longe do clube.
O outro confronto que desperta atenção geral é Palmeiras x Fluminense, marcado para o Allianz Parque, em São Paulo. Com 73 pontos, o time de Abel Ferreira terá que derrotar o Flu e torcer para que o São Paulo derrube o Botafogo na outra partida.
Um fator que torna o jogo mais emocionante é a situação desesperadora do Fluminense, que pode cair para a Segunda Divisão se for derrotado e o Bragantino vencer o Criciúma, já rebaixado, em Bragança Paulista. Ingredientes que devem tornar o embate ainda mais tenso e vibrante.
Outro confronto que carrega fortes doses de incerteza e suspense vai acontecer em Belo Horizonte. Com portões fechados, o Atlético-MG recebe o Atlético-PR. Ambos lutam pela vitória para não depender dos resultados de Fluminense e Bragantino.
O mais impressionante é que na batalha contra o rebaixamento estão dois clubes tradicionais e que carregam feitos recentes. O Fluminense ganhou a Libertadores 2023 e o Galo acabou de participar de duas finais importantes: Copa do Brasil e Libertadores 2024.
Ninguém sabe explicar como equipes tão fortes e estruturadas desabaram a esse ponto. Uma justificativa possível é o próprio grau de dificuldades do Campeonato Brasileiro, reconhecidamente um dos mais competitivos do mundo.
Já o Botafogo, caso levante a taça da Série A, estará conquistando seu segundo título importante num espaço de apenas oito dias. Uma marca excepcional para um clube sem títulos há três décadas. Ao mesmo tempo, significará o primeiro triunfo nacional de um clube SAF.
Sem descanso, Fogão encara maratona internacional
Horas depois de decidir o título brasileiro, o Botafogo terá que embarcar para uma viagem de 14 horas com destino a Doha, capital do Qatar, para participar da Copa Intercontinental da Fifa, torneio que substituiu o antigo Mundial de Clubes. O Alvinegro ganhou a vaga na competição graças à conquista da Copa Libertadores.
Além da presença de quatro equipes representativas de diferentes continentes, o torneio recoloca Doha no cenário mundial do futebol. As três partidas finais do torneio incluem o Derby das Américas entre o Botafogo e o Pachuca (México), a Copa Challenger e a grande final da Copa Intercontinental, onde o Real Madrid enfrentará o vencedor da etapa qualificatória.
Os jogos serão realizados de 11 a 18 de dezembro, em dois dos estádios mais bonitos da Copa do Mundo de 2022: estádios 974 e Lusail.
O Botafogo estreia na quarta-feira, 11, contra o Pachuca, no 974, famoso pela construção inusitada. Contêineres formam a base física do estádio. O vencedor avançará para a disputa da Fifa Challenger Cup, no dia 14 de dezembro, contra o Al Ahly FC, do Egito.
A decisão está prevista para o icônico estádio Lusail, no dia 18 de dezembro, entre o vencedor da Challenger Cup e o Real Madrid, de Carlo Ancelotti, que é o atual campeão da Uefa Champions League.
Bola na Torre
Guilherme Guerreiro comanda a atração, a partir das 22h, na RBATV. Participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em pauta, os preparativos iniciais da dupla Re-Pa para a montagem dos elencos para a próxima temporada. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.
Uma despedida insólita e constrangedora
Foi no mínimo inusitada a despedida do zagueiro Pedro Romano do PSC, através de mensagem postada na internet. Caso curioso de atleta que foi contratado para reforçar o time na Série B, mas não foi escalado para nenhuma partida, as palavras dele expõem o constrangimento pela situação a que foi induzido no clube.
Pedro Romano foi contratado por indicação de Hélio dos Anjos, mas não foi utilizado em nenhum dos 25 jogos sob o comando do treinador. Mais espantoso ainda é saber que Hélio recomendou a renovação contratual do atleta, mesmo sem confiar nele para entrar em campo.
No adeus, ele afirma que sai de cabeça erguida e que dedicou muito esforço para que sua história no clube fosse diferente. Agradece o apoio dos funcionários e companheiros, que o acolheram e cujo tratamento carinhoso serviu-lhe de alento.
Triste constatar que o atleta perdeu tempo e o clube fez gastos inúteis, sem que as responsabilidades sejam devidamente apuradas – e punidas.