Tylon Maués
Correndo por fora na disputa, o professor e consultor de marketing público Renan Bezerra, de 40 anos, conhece muito bem a atual gestão. Ele é o atual diretor de marketing do Leão Azul, mas é oposição. “Faço parte da gestão atual, porém não temos apoio da situação. Projeto independente”, comentou ainda no começo da campanha.
Bezerra encabeça uma chapa de dirigentes que estão insatisfeitos com os resultados apresentados pela atual gestão, em especial nos rumos do futebol profissional, carro-chefe do clube. O diretor elogia bastante Ricardo Catalá, mas sem confirmar se é o preferido para comandar o time. O fortalecimento do departamento de futebol é a principal bandeira de sua campanha.
P A campanha desse ano teve igualdade entre as chapas?
R Não houve paridade entre as chapas. Isso ficou muito claro e evidente. A minha mãe é nadadora do clube, está no grupo de WhatsApp da natação e viu a estrutura ser usada politicamente. Criaram um evento interno, fora de qualquer calendário, algo que poderia ter sido feito depois da eleição. Partindo desse pressuposto, não houve qualquer equidade na eleição, com funcionários do clube fazendo campanha. Tem a questão da lista de sócios que eu não tive acesso, e muitos sócios foram abordados com pesquisas e pedidos de votos.
P Como você prevê o trabalho no futebol profissional?
R No que diz respeito ao futebol profissional, a torcida pode esperar um time guerreiro e aguerrido, com uma gestão que pretende resgatar uma forma de jogar, sempre propositiva, do jeito que a torcida quer ver. Isso a torcida pode me cobrar assim que montar o clube, quando começar assumir o clube, vamos montar esse time. Também podem esperar uma gestão 100% profissional, livre dos pitaqueiros, das amizades e dos coleguinhas. Isso não faz o menor sentido. Nenhum clube que se diz profissional pode trabalhar nesse nível de amadorismo que o Remo vinha trabalhando. Todas as nossas propostas foram pautadas em três pilares: transparência, profissionalismo e inovação. Nós vamos buscar incessantemente atingir nossos objetivos nessas três áreas.
P O Remo sairá atrás dos concorrentes da Série C na montagem do elenco. Como minimizar esse prejuízo?
R Não há dúvida que o clube sairá um pouco atrás quanto ao seu planejamento. O próprio calendário eleitoral proporciona isso. Mas, no que diz respeito à nossa gestão, apresentamos o staff e a comissão técnica que trabalhará no futebol profissional em no máximo dez dias. Temos conversas muito adiantadas com um executivo, um coordenador de futebol, com treinadores e, inclusive, com alguns atletas. Em que pese a questão da eleição atrapalhar um pouco o planejamento, ela não pode ser usada como desculpa para não se montar uma equipe competitiva. Temos que encarar os desafios dentro das limitações.
P E sobre executivo e setores de análise e de mercado, o que deve mudar?
R Temos um levantamento do que vamos precisar tanto de recursos humanos quanto de estrutura física, inclusive com conversas com profissionais. Chamamos isso de “Centro de Inteligência de Futebol”. Ainda no Campeonato Paraense teremos essa estrutura funcionando no clube, com uma sala com custo de aproximadamente R$ 60 mil com câmeras, drones e profissionais além dos analistas de desempenho. Isso ajudará a minimizar os erros. Hoje o clube não tem banco de dados, sequer licenças ativas de softwares para ser utilizado neste trabalho.
P O que deve e pode mudar no sócio-torcedor azulino?
R Temos um projeto de juntar as diretorias de Marketing, Comercial e do Nação Azul, contratar um executivo para gerir essa pasta, sempre com ações coordenadas. Temos que fortalecer o comercial, todos dentro de suas áreas, com mais funcionários. Para tratar de versão de contratos, atendimento, relacionamento com lojas e varejo, patrocinadores, uma série de especificidades. O Marketing foi melhorado bastante quando passamos por lá, com estrutura e profissionais adequados. A marca Rei foi criada e com muito sucesso e lucro. Já o sócio-torcedor não existe. Quem paga faz uma mera doação ao clube, pois não tem nenhuma vantagem. Vamos reformular todos os planos, sempre com uma estrutura profissional, com clubes de vantagens.
P O ano de 2024 será de maior pressão no futebol depois de um rebaixamento e duas frustrações na Série C nos três últimos anos, além do acesso do maior rival?
R Não tenho dúvida que será uma temporada que iniciará com uma pressão a mais. Temos que respeitar o torcedor e um compromisso com o dinheiro que ele gasta.no clube. É uma vergonha ter a maior folha salarial da Série C e nem chegar no quadrangular. O Paysandu terá uma quota enorme, com maior arrecadação e visibilidade. Num cálculo modesto, ele deve ter pelo menos R$ 20 milhões a mais. Ainda assim, vamos fortes em busca de títulos em todas as competições que disputarmos.
P Quais suas considerações finais para tentar convencer o associado a escolher pelo seu nome para a presidência?
R Somos uma chapa que defende a abertura do clube, a participação política de todos. É importante que o associado vote na “Frente Azulina” porque temos as propostas mais viáveis, sem promessas e de outro mundo, com os pés no chão e com projetos que podem ser feitos. Acabou a era de promessas absurdas que não podem ser cumpridas em três anos. Quem nos escolher vai escolher a responsabilidade e a vontade de trabalhar.