Tylon Maués
Apesar de ter sido o último a oficializar a chapa na eleição, o advogado Marco Antônio Pina foi o primeiro a anunciar a pré-candidatura, bem antes do período eleitoral começar. Após fazer campanha, mas desistir do pleito em 2016, 2018 e 2020, ele intensificou a oposição ao atual presidente Fábio Bentes desde 2021, principalmente depois do rebaixamento à Série C, no final daquele ano.
Conselheiro do clube, Pina não possui cargo na diretoria azulina desde 2015, quando esteve na comissão de futebol durante a gestão de Manoel Ribeiro. Um ano antes chegou a assumir a vice-presidência da gestão Zeca Pirão, cargo então de Maurício Bororó, que saiu para ser vice-presidente da Federação Paraense de Futebol (FPF). De antemão, anunciou que sua gestão terá dois ex-jogadores e ídolos remistas, Eduardo Ramos e Gian. Não deixou claro se pretende manter Ricardo Catalá como técnico do clube.
P A campanha desse ano teve igualdade entre as chapas?
R Tenho certeza absoluta que não houve paridade entre as chapas. A chapa da situação leva vantagem por conta de ser situação. Ela tem acesso à lista completa de associados, com endereço, telefone, e-mail, enquanto as outras não têm. Ela está aproveitando sua condição para utilizar funcionários do clube em sua campanha, e isso foi objeto de impugnação que foi indeferida. Não existe paridade de armas nessa eleição. Isso é fato.
P Como foram suas viagens a outros clubes e o que elas te trouxeram para essa campanha?
R Isso foi a melhor coisa que poderia ter feito em nível de conhecimento de futebol, de gestão e estrutura. O futebol paraense, infelizmente, está numa realidade muito distante do restante dos outros estados, das Séries A e B. Fiz uma imersão em doze clubes da primeira e segunda divisão e pude constatar que precisamos caminhar para uma gestão profissional, deixando para trás o amadorismo e o trabalho de abnegados para que possamos fazer um futebol paraense forte, em especial um Clube do Remo forte e profissional do roteiro ao atleta.
P Como você prevê o trabalho no futebol profissional?
R A reestruturação do departamento de futebol é uma de nossas prioridades. Teremos que ter profissionais com expertise e experiência. Em nosso cronograma está previsto a contratação de dois analistas de desempenho, dois analistas de mercado – que o Remo não tem -, que é uma função fundamental. Vamos criar o DIF, o Departamento de Inteligência de Futebol, para minimizar os erros nas contratações.
P O Remo sairá atrás dos concorrentes da Série C na montagem do elenco. Como minimizar esse prejuízo?
R Há três semanas que tanto o Paulo César Gusmão quanto o Eduardo Ramos já estão contatando atletas. Tínhamos 16 jogadores que estão na Série B praticamente acertados, mas em razão da demora, que só dia 13 poderia haver definição, já perdemos três para o Campeonato Paulista. Temos 12 a 13 nomes em aberto que estão aguardando o resultado da eleição para mandarmos um pré-contrato. Já sabemos o calendário do futebol brasileiro e estamos definindo as datas das chegadas da comissão técnica, do elenco, quando começa a pré-temporada, essas coisas. Vai ser tudo muito curto por conta do final da temporada da Série B. Nosso foco é montarmos um plantel forte.
P Quais papéis desempenharão Paulo César Gusmão e Eduardo Ramos em sua gestão?
R O PC será coordenador técnico do departamento de futebol. Ele terá a responsabilidade de fazer o organograma do setor e fazer o link com a base, que terá como coordenador o Gian Dantas, ex-atleta do Remo e que hoje está no Castanhal. O ER33 vai trabalhar com o pessoal de análise de mercado e desempenho, uma espécie de coordenador dos dois setores.
P O ano de 2024 será de maior pressão no futebol depois de um rebaixamento e duas frustrações na Série C nos três últimos anos, além do acesso do maior rival?
R O Remo é pressão toda hora, todo dia, todo mês e todo o ano. Ano que vem esse essa cobrança vai aumentar de forma exponencial porque o Remo vem de três anos muito ruins, com o rebaixamento de 2021, e com campanhas muito ruins em 2022 e 2023, com fracassos totais. Ainda vimos o acesso do nosso maior rival. Nossa torcida está intolerante e com total razão. Como gestor temos que dar uma resposta de imediato. Por isso, nosso principal objetivo é conquistar o acesso para a Série B o quanto antes.
P Quais suas considerações finais para tentar convencer o associado a escolher pelo seu nome para a presidência?
R Eu penso que é hora de renovação e mudança. Penso também que estou credenciado a assumir o cargo de presidente do Clube do Remo, pelo preparo que tenho e o que tive com minha imersão. Vivo o Remo desde 2001, sei que o Tonhão está desde a década de 90 no clube, mas ele está nessa gestão e ela foi um fracasso no futebol. Entendo que dos quatro candidatos estou mais preparado, maduro e olhando para trás para ver onde errou e a acertou, e com um projeto de administração profissional, que é o único caminho. Fora disso vamos padecer na Série C.