Nildo Lima
O ano de 2023 ainda nem terminou e a cabeça do torcedor do Paysandu já está na temporada que se avizinha. E o motivo para tanta ansiedade se justifica, afinal de contas, após cinco anos de uma longa espera, o Papão está de volta à Série B do Brasileiro. E como não poderia deixar de ser, o simpatizante bicolor, encarnando o papel de técnico e cartola, não deixa de dar o seu pitaco no que diz respeito à formação do elenco para encarar a Segundona do Nacional e, claro, também sobre o local onde o time deve fazer seus jogos como mandante, em Belém: Curuzu ou Mangueirão.
As opiniões entre os torcedores, quando ao local das partidas se dividem. Para parte da Fiel, o Papão não deve abrir mão de seu “caldeirão” como forma de pressionar as equipes visitantes. Para outros torcedores, a melhor opção é levar os jogos para o Mangueirão, que oferece melhores acomodações e está à altura do campeonato, podendo receber um público maior. Existem ainda, aqueles que não estão nem de um lado e nem do outro. Para estes, o local deve ser escolhido de acordo com o adversário. Ou seja, o Papão deve alternar suas apresentações entre as duas praças.
Em um lugar ou outro, o Paysandu, em se tratando especificamente de Brasileiro do ano que vem, terá um calendário bem mais extenso do que teve este ano, quando disputou 25 partidas, sendo 13 delas como mandante, atuando na Curuzu em onze oportunidades e duas no Mangueirão, contra o Botafogo-PB e o Amazonas-AM, ambos os jogos pela 2ª fase da 3ª Divisão. Na Série B, o Papão fará 38 jogos, sendo 19 deles diante de seus torcedores. O campeonato, de acordo com o calendário da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), começará na 2ª quinzena de abril, se estendendo até a 1ª quinzena de novembro.
O jornaleiro Jorge dos Santos, de 55 anos, é favorável à realização dos jogos no Mangueirão por uma questão de comodidade. “O Mangueirão oferece mais conforto ao público, principalmente depois da reforma que foi feita no estádio”, justifica. Já o bicolor Maurício Campos Neto, de 30 anos, aponta o estádio da Curuzu como o local ideal para as partidas. “Lá os adversários sentem o peso da pressão da torcida. Foi jogando em nossa casa que conseguimos chegar aos títulos da Série B de 1991 e 2001”, alega.
Na coluna do meio, o torcedor Luís Gustavo de Souza Vieira, de 18 anos, acredita que o ideal é o Papão se dividir entre a Curuzu e o Mangueirão. “Se o adversário é de grande apelo popular, leva o jogo para o Mangueirão para fazer caixa, se for de pouca expressão joga na Curuzu, onde as despesas são menores”, argumenta.
É preciso “pensar grande”: em defesa do Mangueirão
Bem que a volta do Paysandu à Série B do Brasileiro poderia ser motivo mais do que suficiente para o torcedor bicolor estar tranquilo, sorrindo para as paredes. Mas, não é bem isso que está acontecendo. Algo “martela” a cabeça do simpatizante alviazul, desde que o time ascendeu à Segundona: o local – Curuzu ou Mangueirão – onde o Papão deve fazer seus jogos, em Belém, na Segundona. Para a maioria dos torcedores ouvidos pela reportagem, o estádio estadual é o espaço mais adequado para o Papão receber seus adversários em casa. O balconista Fábio Tenório da Silva, de 30 anos, é um dos que defendem a ideia.
Fábio Tenório, cuja família, formada pela mulher Daniela do Socorro e as filhas Kissila Manuele e Kethelen Kiara, é toda Paysandu, justifica a sua preferência pelo Mangueirão. “Acho que é o local ideal. A capacidade de público do Mangueirão é bem maior, apropriada para os jogos de um clube que planeja subir para a Série A, conforme disse o presidente (Maurício Ettinger). Além disso, o estádio estadual, todo mundo sabe, oferece um conforto maior ao torcedor em comparação com a Curuzu”, justifica o torcedor, que faz algumas ressalvas quanto ao uso do Mangueirão pelo Papão.
“O acesso ao estádio não funcionou bem nos jogos que o Paysandu fez lá pela Série C (Botafogo-PB e Amazonas-AM). Acho que a administração pecou neste aspecto e precisa melhorar o acesso do torcedor ao local”, acusa Fábio Tenório. “Essa separação entre os torcedores sócios e os não sócios não funcionou nas partidas passadas e precisa ser reavaliada. “No jogo contra o Amazonas levei cerca de duas horas para entrar no estádio”, conta. “Só consegui entrar faltando poucos minutos para o início da partida. Então, é uma coisa que precisa ser melhorada, sem dúvida”, conclui.
O torcedor é contrário à ideia de o Paysandu alternar jogos no Mangueirão e Curuzu, como defendem outros bicolores. “Acho que não seria uma boa fórmula. Se o time for bem, o público nos jogos será de 40, 50 mil, quantidade que a Curuzu não comporta. Com esse público nos jogos, o clube, tranquilamente, pode bancar as despesas com o aluguel do estádio”, arremata Fábio Tenório, que como bom torcedor bicolor e saudoso em ver o Papão de volta à Série B, pretende prestigiar o time no campeonato.
Diretoria vai levar em conta o apelo popular dos jogos
A diretoria do Paysandu já bateu o martelo, quanto aos locais de jogos do time na Série B de 2024. De acordo com a decisão, o Papão se dividirá entre o seu reduto, a Curuzu, que terá prioridade, e o neutro Mangueirão. Nas 19 partidas que fará como mandante. A preferência bicolor, conforme informou o presidente Maurício Ettinger, em resposta ao questionamento feito pelo DIÁRIO, se dará pelo estádio do clube, que exige gastos bem menores. Os jogos terão seus locais definidos, entre outros detalhes, levando em conta o apelo popular de cada um dos adversários, segundo a direção do Papão.
“Vamos jogar 40% dos jogos do Brasileiro no Mangueirão”, informou Ettinger, por intermédio da assessoria do clube. “Vai depender muito do momento, do dia e do horário para decidirmos quais serão essas partidas em cada estádio. O Mangueirão virou uma verdadeira arena com essa reforma feita pelo Governo do Pará, mas também não podemos esquecer que temos um estádio, que é o Banpará Curuzu, onde já conquistamos um título brasileiro e que nos dá totais condições de receber grandes eventos”, completou o dirigente.
O contador Luis Cláudio da Silva Coelho, de 50 anos, morador da Cidade Nova, em Ananindeua, aprova a ideia de jogos em estádios distintos. “Sou favorável a essa alternança nos locais dos jogos”, ratifica. “Partidas contra adversários de menor expressão, sem torcida em Belém, devem ser na Curuzu. Mas, isso depende da campanha do Paysandu. Se o time for bem, acho que a Curuzu seria pequena e até esses jogos teriam de passar para o Mangueirão. Essa questão do mando dos jogos é muito relativa”, argumenta o contador.
Luís Cláudio cita alguns dos adversários, que em situação normal de “temperatura e pressão” devem ser enfrentados na Curuzu. “Jogos contra o Goiás-GO, o Operário-PR, o Brusque-SC, que não têm torcida aqui, o ideal é levar para a Curuzu, agora se o time estiver embalado, contra o Goiás ou contra quem for é melhor levar para o Mangueirão”, aponta o torcedor, considerando a presença de público nas partidas.