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"Divertida Mente": as emoções do torcedor do Remo

Arte: D'Angelo Valente
Arte: D'Angelo Valente

Se a arte imita a vida – e vice-versa -, o Clube do Remo tem se tornado o principal fornecedor para enredos dignos de filmes de grandes estúdios hollywoodianos. Que o diga a sequência de “Divertida Mente”, sucesso de animação que ganhou o seu segundo ato recentemente e que apresenta novas emoções com o desenvolvimento de cada pessoa. A animação produzida pela Pixar Animation Studios ainda está em cartaz no cinema, mas se os responsáveis quiserem adiantar roteiro para uma futura continuação, a temporada de 2024 do Leão Azul é prova viva que o time consegue ser responsável pela descoberta de milhares de novas sensações, a maioria capaz de deixar a protagonista Riley assombrada.

Enquanto na película a adolescente parte das cinco emoções básicas para até 27, o Divertida Mente do Fenômeno Azul estagnou em apenas cinco: tristeza, raiva, frustração, medo e alegria. Esta última, contudo, totalmente fora de contexto, já que a felicidade da torcida azul-marinho se atrela ao fato do time se apresentar apenas uma vez por semana, assim, dando um espaço de tempo para se recuperar de uma “draga” ou outra. Nas demais, todas bem visíveis.

A tradicional tristeza é notória. Rodada após rodada, o fim de jogo do Leão é avassalador. Apesar de certos triunfos no gramado, a ausência de uma sequência positiva deixa cada integrante do mundo azulino cabisbaixo e decepcionado com derrotas bobas, onde o próprio time é responsável pelo revés do que propriamente a intensidade adversária.

A raiva aparece na sequência. O papelão no estádio Frasqueirão é prova disso. Mesmo com um gol, membros de uma organizada agiram na selvageria em uma espécie de desabafo tresloucado, comprometendo totalmente o rendimento da equipe no decorrer do embate, justamente com base no temperamento.

Não à toa, a frustração do Fenômeno Azul, talvez, tenha se tornado a mais evidente no momento. Depois de uma pré-temporada onde foi depositado goela abaixo que o ano seria de triunfos, títulos e conquistas, na realidade o demonstrado tem sido o total oposto. Desse modo, ao invés de flertar com o acesso, parte do torcedor entende que a experiência será contra o rebaixamento, algo que desperta o medo real da Série D, situação que gera um apavoro comum no Evandro Almeida.

Em meio ao cenário depressivo, uma luz no fim do túnel ainda é possível, com o torcedor almejando despertar uma emoção que tende a ser imprescindível daqui pela frente. “O time precisa ter coragem e ainda não vimos isso. É muito oba-oba, muita promessa. Futebol se ganha jogando e não falando”, esbraveja o torcedor César Pereira, certamente acompanhado de milhares de outros remistas, à espera de libertar as emoções positivas em relação ao Leão Azul na Série C.