E o torcedor tinha razão
O confronto foi duro, equilibrado e disputado palmo a palmo. Uma boa atuação na etapa inicial deu esperanças de que finalmente aconteceria a primeira vitória do PSC no Brasileiro da Série B. Nicolas, escorando um cruzamento de Edílson, abriu o placar na Curuzu, para intensa comemoração da torcida presente. O Goiás empatou nos minutos finais.
Conforme queria o torcedor há tempos, o PSC entrou com Juninho na articulação e Esli Garcia no ataque. Isso representou um começo mais leve e auspicioso, com movimentação e troca de passes rápidos. O Papão parecia um outro time: criava situações perigosas, principalmente quando explorava o lado direito, com Edilson e Ruan Ribeiro.
Logo aos 9 minutos, Ribeiro avançou sobre a marcação, conseguiu entrar na área, mas se desequilibrou na hora de chutar. O Goiás parecia travado pelas iniciativas do PSC pelos lados e não conseguia se impor na partida.
Como reflexo natural do melhor momento do PSC na partida, o gol saiu aos 19 minutos. O lateral Edilson foi à linha de fundo e cruzou para o centro da área. Nicolas se antecipou e subiu mais que os zagueiros para testar no canto direito do gol de Tadeu, para delírio da torcida bicolor.
Foi o primeiro gol de Nicolas na Série B e abria caminho para a possibilidade do triunfo inicial do Papão na competição. Mesmo em vantagem no marcador, o Papão não arrefeceu. Esli, Juninho, Edilson e Nicolas criavam seguidos problemas para o sistema defensivo goiano.
As tentativas do Goiás eram isoladas, principalmente pelos pés do paraense Paulo Baya, que tentava chutar de média distância. Aos 33′, ele recebeu uma bola junto à meia-lua e mandou um disparo forte, por cima do gol. Minutos depois, viria o lance que mudou os rumos do jogo.
Aos 45’, em lance isolado no campo de defesa bicolor, o lateral Edilson parou o meia Rafael Gava com um carrinho violento, de frente, e foi expulso direto, recebendo o cartão vermelho no ato. Expulsão justa.
Em consequência disso, o 1º tempo terminou sob um clima tenso, com bate-boca entre as duas comissões técnicas e torcida atirando objetos no campo.
Para a etapa final, o PSC voltou com o lateral direito Léo Pereira no lugar de Esli Garcia, a fim de recompor a linha de zaga. Sem o venezuelano, o time perdeu uma boa alternativa pelo lado esquerdo.
Por seu turno, o Goiás partiu com tudo em busca do empate, aproveitando a vantagem numérica. Aos 3 minutos, Cristiano acertou uma bomba da entrada da área, mas o goleiro Matheus Nogueira defendeu bem.
Aos 7’, um cruzamento baixo na área quase terminou no fundo das redes. O zagueiro David Braz raspou de cabeça e a bola passou rente ao poste direito, assustando a torcida. Aos 10’, Paulo Baya invadiu a área e tocou na saída do goleiro, mas a bola caprichosamente não acertou o alvo.
Logo a seguir, outra chegada forte do Goiás. Baya recebeu pela esquerda e acertou um chute perigoso, que tirou tinta da trave esquerda do Papão. Aí, aos 24’, o meia Rafael Gava segurou Gabriel Santos e recebeu o segundo amarelo. Tudo igual, 10 contra 10, dando um alívio ao Papão.
Quando o jogo parecia se encaminhar para o triunfo alviceleste, eis que uma arrancada impressionante de Juninho leva o Goiás ao empate. O rebote do goleiro cai nos pés de Bruno Herculano, que toca para o gol.
Um castigo para a torcida, que merecia a festa, mas o resultado refletiu o equilíbrio da partida. O Papão agora ocupa a lanterna da Série B, com 3 pontos, e ainda sem conseguir vencer na competição.
Destempero continua a atrapalhar o Papão
O empate não foi o pior dos resultados, apesar da atuação desigual ao longo da partida, mas é inegável que a falta de equilíbrio emocional anda atrapalhando a caminhada do PSC na Série B. Edilson foi expulso em lance isolado, sem qualquer perigo real para a defesa.
Não foi o primeiro. Brian Borges havia sido expulso contra o Botafogo-SP e Quintana foi excluído diante do Avaí. São baixas que comprometem a atuação da equipe, pois ocorrem sempre em momentos cruciais do jogo.
Um outro lance poderia ter causado ainda mais danos ao time contra o Goiás. Logo nos primeiros momentos do 2º tempo, o zagueiro Lucas Maia tomou o amarelo após entrada violenta em Wellington no meio-de-campo. Merecia o vermelho. E a falta foi completamente desnecessária.
Algo precisa ser feito pela comissão técnica para conter essa onda de destempero. Afinal, são três expulsões em cinco rodadas. Índice despropositado e preocupante. Importante: tudo começa pelo exemplo de quem comanda.
Séries B, C e D também devem ser paralisadas
A pressão da maioria dos clubes da Série A surtiu efeito e a CBF anunciou ontem à noite a suspensão das duas próximas rodadas (7ª e 8ª) da competição. O posicionamento de 15 agremiações forçou a entidade a tomar uma decisão, mesmo a contragosto. Nos últimos dias, o presidente Ednaldo Rodrigues havia se manifestado contra a paralisação.
O motivo da interrupção do campeonato é a tragédia ambiental que castiga o Rio Grande do Sul, causando mortes e perdas materiais incalculáveis. De início, a CBF decidiu adiar apenas os jogos de Grêmio, Internacional e Juventude. Com o agravamento da situação no Estado, cresceu a pressão pela paralisação do Brasileiro, medida mais do que justificada.
Ficou faltando, porém, estender a decisão às demais divisões: Séries C e D, campeonatos de futebol feminino e Copa do Brasil. Até mesmo a Série B, que não tem times do Rio Grande do Sul, deveria ser paralisada, a fim de confirmar o respeito à dor e ao sofrimento da população gaúcha.