LUCIANO TRINDADE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Multicampeão pelo Corinthians, idolatrado pela torcida e segundo jogador com mais jogos com a camisa alvinegra, Cássio vê que seu ciclo no Parque São Jorge chegou ao fim e deseja deixar o clube.
Com contrato até o fim do ano e a possibilidade de assinar um pré-acordo com qualquer equipe a partir de julho, o goleiro de 36 anos comunicou a diretoria que gostaria de fazer uma rescisão imediata.
No Parque São Jorge desde 2011, período no qual foi peça fundamental em um período histórico para os corintianos, com as conquistas da Copa Libertadores e do bicampeonato mundial, Cássio está insatisfeito com sua atual condição de reserva e vê sua imagem desgastada.
De acordo com o portal o UOL, o jogador já teria aceitado uma proposta do Cruzeiro, onde tem a promessa de voltar a ser titular, além de um vínculo de três temporadas. O desejo dele é continuar jogando até os 40 anos, por isso o tempo do contrato é um dos aspectos mais importantes.
A diretoria do Corinthians também fez propostas para mantê-lo. De acordo com pessoas que trabalham junto com o presidente Augusto Melo ouvidas pela reportagem, a oferta mais recente incluí um aumento salarial e um contrato de dois anos, portanto, até o fim de 2026.
Nem isso, no entanto, teria sido suficiente para convencer Cássio a ficar. O jogador estaria cansado de ser uma espécie de escudo para o elenco. Como um dos mais experientes do time e aquele que está há mais tempo no clube, o goleiro acaba sendo o rosto que defende o Corinthians em momentos de crise.
Tem sido assim nas últimas temporadas, como ocorreu ao longo de 2023, quando o time alvinegro lutou contra o rebaixamento no Campeonato Brasileiro.
Ele também externou sua insatisfação recentemente, em meio a críticas sobre seu desempenho na atual temporada. O desabafo ocorreu depois da derrota para o Argentino Juniors, pela Copa Sul-Americana, no último jogo em que ele foi titular. Depois disso, Carlos Miguel assumiu a posição e, nesta quinta-feira (14), fará o sexto jogo consecutivo na vaga ocupada há anos por Cássio.
“Se eu estiver atrapalhando o Corinthians, se não estiver agradando. Para mim está muito difícil também. Tudo de errado que acontece no Corinthians sobra para mim. O time leva gol e a culpa é do Cássio. Toma um gol de pênalti e a culpa é do Cássio”, desabafou o goleiro, há três semanas.
Apesar do desabafo, o goleiro ainda conta com grande apoio da torcida corintiana. Uma prova disse foi dada depois da vitória sobre o Fluminense, por 3 a 0, pelo Campeonato Brasileiro, quando os torcedores presentes na Neo Química Arena gritaram o nome do ídolo no momento em que todo o elenco se dirigia à torcida para festejar o triunfo.
“O melhor goleiro do Brasil”, gritavam os corintianos em vários setores do estádios, incluindo a parte em que ficam as torcidas organizadas, atrás de um dos gols.
Já no vestiário da arena, Cássio pediu a palavra diante de todo o elenco e afirmou que o técnico António Oliveira lhe ofereceu a oportunidade de ficar fora da partida para não sentar no banco de reservas, o que ele rechaçou.
“Que líder seria eu, e que índole eu teria, se deixasse vocês na mão”, afirmou Cássio diante do elenco corintiano. “Pode até estar chateado por não jogar, mas [tem] que ter humildade de ajudar o companheiro”, acrescentou.
Com o passar dos jogos, no entanto, a insatisfação dele com a reserva passou a pesar até ele receber a proposta do Cruzeiro, que o deixou balançado.
Além da irritação pessoal do goleiro, o empresário do jogador, Carlos Leite, também cobra uma dívida milionária do clube, no valor de R$ 62,5 milhões. O débito é relativo a comissões de acordos celebrados desde 2014 por Leite e seus sócios com o clube, incluindo contratações e renovação de contratos de jogadores. Assim como Cássio, Fagner é outro jogador corintiano agenciado pelo empresário.
Ao todo, Cássio acumula 712 partidas com a camisa preto e branca, além de nove títulos conquistados, entre os quais a Libertadores e o Mundial, em 2012, e duas vezes o Campeonato Brasileiro, 2015 e 2017.