A conquista do Osasco na Superliga Feminina de Vôlei 2024/2025 também marcou um feito histórico fora das estatísticas técnicas: Tifanny Abreu se tornou a primeira atleta trans a vencer a principal competição do vôlei nacional.
Aos 40 anos, a ponteira não apenas quebrou barreiras dentro das quadras, mas também se tornou símbolo de resistência, representatividade e dignidade para a comunidade trans no esporte. Com a vitória de Osasco sobre o Sesi Bauru por 3 sets a 1, na final disputada nesta quinta-feira (1º), Tifanny escreveu mais um capítulo inédito em sua trajetória.
“É uma felicidade imensa saber que estou representando uma classe de pessoas que lutam pelo mínimo… por estar na universidade, na política, na televisão, no esporte. De ter a dignidade de poder trabalhar e ser feliz fazendo o que ama”, disse ao Lance!
🏐 Pioneira no esporte
Nascida em 1984 no Tocantins e criada em Conceição do Araguaia, no interior do Pará, Tifanny se identifica como paraense de coração. Caçula de sete irmãos, começou a carreira no vôlei masculino, com passagens por clubes como Juiz de Fora e Foz do Iguaçu. No final de 2012, iniciou sua transição de gênero no exterior, passando por cirurgias e tratamento hormonal.
Sem acreditar que voltaria às quadras, foi surpreendida em 2017 com uma autorização da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) para atuar em ligas femininas. Estreou na Superliga naquele mesmo ano, pelo Bauru, tornando-se a primeira atleta trans da elite do vôlei feminino no Brasil.
Mesmo seguindo os critérios de elegibilidade definidos pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), com taxa de testosterona inferior a 5 nmol/L, conforme orientação da Federação Internacional de Medicina do Esporte, Tifanny sempre enfrentou resistência e ataques transfóbicos. Ainda assim, manteve a cabeça erguida.
“As pessoas tentam me parar com palavras horrorosas, transfobia, mas eu não represento só a Tifanny. Represento quem ainda tem medo de uma sociedade que impõe a sarjeta como destino”, declarou.
✨ Um título que vale por muitos
Desde 2021/22 no Osasco, esta foi sua primeira final na Superliga. O título coroou não apenas a persistência da equipe, mas também a de uma atleta que continua abrindo caminhos onde antes havia portas fechadas.