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Coluna do Gerson: Paysandu derrapa no momento errado

Coluna do Gerson: Paysandu derrapa no momento errado

O futebol tem regras imutáveis, uma em particular fica muito visível nos jogos da fase decisiva da Série C. A posse de bola não pode ser desperdiçada, sob pena de castigo irreversível. O PSC teve mais de 70% de retenção da bola contra o ABC, sábado, na Curuzu. Era óbvio que o visitante veio exclusivamente para se defender e, se possível, explorar um contra-ataque mais simpático.

No fim das contas, o resultado sorriu para o ABC, que se deu ao luxo de fazer apenas uma finalização, justamente a que resultou no único gol da partida, aos 15 minutos do 2º tempo. O time que menos buscou vencer foi premiado com a vitória.

Injustiça? Nem tanto. Na prática, o que jogos como o de sábado revelam é que a objetividade dos times acaba prejudicada pelo excesso de toques improdutivos, lentidão na saída e nenhuma contundência ofensiva. Exatamente o que aconteceu com o Papão.

A rigor, em todo o 1º tempo, foram apenas dois bons momentos no ataque. O primeiro com Robinho, que recebeu livre dentro da área e finalizou rasteiro, mas o goleiro Mateus Nogueira conseguiu desviar para escanteio. Depois, Patrick Brey caiu pela direita e chutou cruzado, levando muito perigo.

Para quem precisava vencer, o PSC foi pouco agressivo, tímido até. Os primeiros movimentos contribuíram para esfriar o ânimo da torcida, pois o time não mostrava vibração em campo. A reação do torcedor é diretamente proporcional à performance do time.

Veio a etapa final e começou com uma excelente notícia para os bicolores. Logo no primeiro lance, o jogador Walfrido recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso, o que deixou o ABC ainda mais retraído.

A partir daí, a expectativa era pela pressão do PSC, agredindo ainda mais o adversário. Não foi isso que ocorreu. O visitante seguiu rebatendo bolas e marcando em seu próprio campo, sem correr maior perigo.

Aos 15 minutos, na primeira subida do ABC ao ataque, pela esquerda, a bola foi cruzada na área e encontrou Lucas Douglas livre entre os zagueiros. Ele subiu, com estilo, e tocou de cabeça para o fundo das redes. Quem o marcava era Patrick Brey, que só percebeu a presença do adversário quando a bola já estava chegando.

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O gol àquela altura tornou a partida dramática para o PSC. Mesmo em vantagem numérica, o time levou alguns minutos para se recompor emocionalmente. Na frente, os atacantes Marlon, Danrlei e Robinho não conseguiram avançar sobre as linhas inimigas.

José Aldo e João Vieira, os homens da articulação, atuavam com surpreendente lentidão, sem conseguir criar as jogadas necessárias para superar uma marcação exercida por até oito jogadores atrás da linha da bola. Quase no final, já com quatro atacantes (Pipico, Marcelinho e Toscano entraram nos minutos finais), o PSC criou duas situações agudas.

Um chute de Gabriel Davis, que desviou na zaga e quase enganou o goleiro, e um cabeceio de Naylor, que obrigou Mateus Nogueira a uma grande defesa. E ficou nisso. O jogo ficou marcado pela disciplina tática do ABC e pela lerdeza coletiva do PSC. Levou a melhor quem foi objetivo e pragmático, como mandam as leis da Série C.

Queda técnica é evidente, mas ainda há esperança

Foi a terceira derrota consecutiva do PSC na competição. Perdeu antes para o Floresta (em casa) e para o Vitória (fora). Em casa, o time está sem vencer e fazer gols há quase um mês. Uma sequência preocupante e que confirma a queda de rendimento após um início muito forte. Desde a derrota para a Aparecidense, o Papão não foi mais o mesmo.

Os erros ficaram mais evidentes e até a competência ofensiva – responsável por bons resultados em jogos de baixa performance – desapareceu. Nas últimas partidas, Marlon e José Aldo, tiveram atuações muito abaixo do esperado, o que comprometeu toda a produção coletiva.

Ambos são os melhores do time, os que garantem a dinâmica entre meio e ataque. O jogo de sábado deixou isso claro. Marlon deu um chute, fraco, a gol. José Aldo pouco arriscou e foi discretíssimo nas tentativas de furar a marcação, mesmo depois que o ABC perdeu um jogador.

O mais preocupante é que a baixa produção do time coincide com a etapa mais importante do campeonato. Ao contrário do Vitória, que evoluiu nas últimas nove rodadas, o PSC só fez cair. Os triunfos sobre Altos e Campinense deram a falsa impressão de recuperação.

Quando Márcio Fernandes lançou atacantes a rodo no 2º tempo, sem atentar para a construção de jogadas, demonstrou falta de ideias para reverter a situação. É como se já não tivesse coelhos para tirar da cartola.

Apesar disso, o PSC segue com chances de alcançar o acesso. Precisa vencer três jogos (dois em casa) e empatar um, para somar os 10 pontos necessários. Ainda é possível, mas, sem dúvida, o cenário ficou muito mais difícil. O próximo jogo (contra o Figueirense, que goleou o Vitória ontem) é de vida ou morte.

Copa Verde: bom senso respalda a renúncia remista

Em outros tempos, o torcedor reagiria de maneira figadal, protestando furiosamente contra a decisão de renunciar à participação na Copa Verde, mas os tempos são outros e prevalece a noção de que o Remo fez bem em não comprometer o planejamento para 2023.

Mais importante que a busca por um prêmio de R$ 3 milhões na Copa Verde é a preocupação em manter as finanças controladas. Sem elenco para disputar o torneio, pois a confirmação só veio depois do desmonte, o Remo teria que contratar às pressas pelo menos 15 atletas, gastando o que não pode e apostando no improviso.

O bom senso prevaleceu e as explicações do presidente Fábio Bentes foram assimiladas pela torcida. Há, é claro, o lamento por não participar pela primeira vez da Copa Verde, mas prevalece a convicção de que a diretoria fez o certo, optando pela responsabilidade ao invés de agir com açodamento.