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Clima pesado no Remo faz o presidente do clube "entrar em campo" e dar satisfação ao torcedor

Tylon Maués

Os últimos dias não têm sido fáceis no Baenão. Após a derrota no Re-Pa, manutenção na zona de rebaixamento da Série C, ficar sem o atacante Pedro Vitor por lesão até o fim da temporada, com a demissão do executivo de futebol Thiago Gasparino e ver a pressão aumentar exponencialmente, o Remo vê-se na semana antes ao confronto fora de casa contra o Náutico-PE, domingo, o primeiro dos seis restantes da primeira fase da Terceirona e que decidirão o futuro da equipe na temporada. Ontem, o clube anunciou a contratação do atacante Renanzinho e a promessa é de mais chegadas, mesmo com todas as dificuldades encontradas para contratar.

Como na máxima de que pênalti é tão importante que deveria ser cobrado pelo presidente, ontem foi Fábio Bentes o responsável em dar entrevista coletiva. O dirigente observou que, mesmo diante das negativas recebidas, o Remo ainda não desistiu de reforçar o elenco. Até a chegada de um novo executivo não foi descartada, embora ele reconhecesse que não é a prioridade no momento.

Bentes reconheceu que muitas contratações não deram a resposta esperada, mas defendeu a forma como as negociações foram conduzidas, segundo ele sempre decididas em consenso entre várias pessoas. Ele admitiu que a prioridade é a permanência da terceira divisão, mas que ninguém jogou a toalha quanto a uma classificação para a segunda fase. “Estamos fazendo o máximo para pelo menos permanecer na Série C, mas ainda acredito na classificação”.

Com uma folha salarial de R$ 1 milhão, o Remo tem patinado no Campeonato Brasileiro. Fora das quatro linhas a situação é mais estável, foi o que defendeu Bentes, citando a situação ruim de quando encontrou o clube, mas ele sabe que o carro-chefe move a agremiação e que uma queda fica marcada na história da instituição.

Entre outros assuntos abordados na coletiva, o presidente negou que em algum momento foi pensada a demissão do técnico Roberto Catalá, confirmou que o meia Pablo Roberto recebeu mais uma proposta, que haverá pagamento de premiação também em caso de fuga do rebaixamento, e que o clube solicitará a mudança do Baenão para o Mangueirão do jogo contra o Ypiranga-RS na 15ª rodada (30/07), entre outros assuntos.

Planejamento inicial

“Nosso planejamento iniciou em outubro do ano passado, com o (Marcelo) Cabo e o Gasparino, dois profissionais reconhecidos, que cuidaram de todo o planejamento. As pessoas estão batendo na questão da idade dos atletas, o que é relativo. A fisiologia evoluiu bastante e é normal ver atletas acima de 30 anos com desempenhos físicos muito bons. Temos que superar essa questão de idade e sim focar no vigor físico. Não é fácil jogar no Remo, assim como não é no Corinthians e no Flamengo, clubes de massa. Trouxemos jogadores que não sentiram o peso da camisa, mesclando com algumas promessas. Alguns atletas deram certo, outros não. Aconteceram decepções, mas todas as contrações foram feitas em comum acordo entre treinador, executivo e departamento de análise”.

Exigências do mercado

“Foram feitas contratações com atletas que não estavam na melhor condição física, mas era a alternativa que tinha no mercado. Eles vieram para se condicionar aqui e isso foi avaliado como uma boa saída. Eu confio no trabalho feito, em especial na capacidade do Catalá, que é um profissional muito bom. Grande parte das contratações ainda não renderam. Boa parte dos jogadores que tem atuado é quem está aqui desde o início da temporada”.

Thiago Gasparino e contratações

“Não estávamos satisfeitos com algumas circunstâncias e resolvemos interromper o trabalho. Pretendemos trabalhar com o treinador sugerindo os nomes e, em paralelo, com o departamento de análises do clube. Perdemos um dos nossos principais jogadores, que é o Pedro Vitor, em uma posição em que já estávamos carentes. Faltam opções dentro do grupo para mandar nos jogos. É preciso fortalecer para dar mais alternativas ao time e isso vem atrapalhando há tempos”.

Dificuldades com reforços

“Concordo que nosso poder de atração é menor agora. Mas não é o Remo. Acho que foi por causa dos profissionais que estavam em tratativas com esses clubes, as pessoas que estavam falando pelo nome do Remo não tiveram poder de convencimento. Precisamos contratar. Perdemos jogadores e já tínhamos carências de pelo menos mais um ou dois jogadores de lado. Já estávamos no mercado e o que estava em andamento continua em negociação. As tratativas estão sendo conduzidas pelo clube com o staff que estava aqui. Estamos analisando todos os nomes. Vai dar um pouco mais de trabalho. Não posso garantir que traremos um executivo para agora. Se as coisas andarem, não vejo a necessidade de fazer um contrato de um mês e meio, que é o que temos garantido”.

Demissão de Catalá?

“Não houve conversa do elenco sobre isso, até porque nunca houve o entendimento da diretoria de que deveríamos trocar o comando neste momento. Ninguém da diretoria vê problemas de relacionamento dentro do elenco. Temos que avaliar o trabalho de um treinador a partir do que o time está rendendo ou problemas de relacionamento, o que não acontece aqui”.

Jogos no Mangueirão

“Conversamos com o Catalá e vamos solicitar o Mangueirão para o jogo com o Ypiranga. Os demais jogos serão discutidos um a cada vez. A opção de todos aqui foi pelo Mangueirão, comissão técnica e elenco. Entendo que muitas vezes nem todos os atletas têm o psicológico pronto para render diante de alguns exageros pontuais, seja durante o jogo, nas redes sociais ou no dia a dia. Há o entendimento de que a cobrança é normal num clube de massa, mas estão tendo exageros”.

Ameaças pessoais

“Eu recebi uma ameaça e fui à DIOE (Divisão de Investigação e Operações Especiais) registrar o caso. Futebol é de críticas pelo rendimento, mas não se pode tomar esse lado de violência, de ameaçar você ou pessoas da família. Internet não é terra sem lei. A polícia já identificou a pessoa e as investigações vão continuar, fui na delegacia tomar providências. Isso não é aceitável. A exposição da minha vida pessoal não tem nenhuma relação com o Remo. Não é assim que se resolve os problemas do clube”.

Premiação para não cair

“Houve essa conversa, sim. Ficou acertado e temos pago após vitórias e somente vitórias. Estabelecemos metas a partir desses seis jogos, com premiações, sim. Ela vai aumentar a partir dos resultados, seja para a permanência na Série C ou pela classificação”.

Oferta por Pablo Roberto

“O Pablo (Roberto) recebeu uma série de sondagens. Ontem (terça-feira), o Vila Nova-GO nos informou que recebeu uma proposta, mas o Remo tem a preferência de compra e estudamos isso. Não falo de valores, mas a proposta foi de um clube do exterior. Se ele for negociado, 20% pertence ao Remo (O clube azulino tem 72 horas para responder se pretende manter o direito de prioridade para fazer uma proposta cobrindo o valor oferecido pelo jogador)”.