Tylon Maués
“Eu sou a prova de que doar sangue é importante. Como paciente oncológica, já precisei de transfusão e tive que esperar mais para que tivesse sangue do meu tipo. Eu sei o quanto é importante doar”. O depoimento da diretora de Responsabilidade Social do Remo, Carlena Gama, exemplifica bem o quão importante foi a promoção organizada pelos dois rivais da capital paraense, na véspera do Re-Pa, em que a doação e sangue valia um ingresso para o clássico de segunda-feira. A manhã de ontem foi de bicolores e azulinos no pensamento ao próximo ao lotarem as dependências da Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa), que valeu a distribuição de quase 200 ingressos de ambos os lados.
Assistente social da entidade, Lilian Bouth destacou que a sexta-feira valeu ao equivalente a três dias normais de doações. A quantidade de gente no local chamava ainda mais atenção por ser em julho, quando a quantidade de doações cai substancialmente devido ao veraneio. “Todo o efetivo de funcionários do Hemopa foi chamado para dar conta da demanda, da coleta à recepção. Mas, o trabalho continua todos os dias, pois o paciente que precisa de uma transfusão vai precisar sempre”, diz.
A diretora de Responsabilidade Social do Paysandu, Simone Góes, destacou o quanto promoções como essa podem criar doadores regulares. “Escutei de um torcedor que ele sempre teve vontade de doar, mas que tinha medo de agulhas. A paixão pelo Papão foi suficiente para ele superar o medo e ver que não dói nada. Tenho certeza que ele vai voltar aqui outras vezes”. Simone lembrou que foi a quarta ação do clube junto ao Hemopa em 2023.
TORCEDORES
Bicolores e azulinos atenderam ao chamado dos clubes e desde cedo formaram grandes filas nas imediações do Hemopa, aguardando pelo início do expediente na instituição. Os mascotes dos clubes estiveram presentes no local, recepcionando e até incentivando os torcedores a praticarem o ato de solidariedade. O meia Fernando Gabriel, do Paysandu, acompanhou a promoção pela manhã.
O objetivo da campanha foi reforçar o estoque de sangue da fundação para viabilizar atendimento transfusional a pacientes internados na rede hospitalar do Estado. Não se trata de algo inédito na história do clássico. Desde 2019 que ela acontece, sempre contando com a resposta positiva por parte dos torcedores.
Entre os torcedores que conseguiram o ingresso, o dia foi de dupla felicidade. Para o bicolor Renato Cavalcante, professor de Educação Física de 30 anos, a doação e a conquista do bilhete foi depois de uma epopeia. Morador de Benevides, ao chegar no Hemopa ele viu que esquecera os documentos e teve que voltar em casa para depois retornar para a doação. “Valeu muito a pena. Doar é uma experiência muito boa. Ajuda o fato de o time parece estar numa fase boa”. O também bicolor José Edinaldo Dias, pedreiro de 47 anos, doou pela primeira vez motivado pela promoção. “Mas, sempre tive vontade de doar. Talvez possa se tornar um hábito, independentemente
de promoções”.
O agente de portaria José Roberto Silva, 50, é doador há mais de 15 anos. O remista elogiou a promoção. “A iniciativa é muito boa. Acho que deveria ser algo constante. Doar literalmente salva vidas”.
A estudante Marciely Monteiro, 19, aproveitou a iniciativa para dar vazão a uma vontade antiga. “Vi a promoção e aproveitei para doar de vez. Até tinha um pouco de medo de agulha, mas não doeu nada, foi tudo tranquilo. É algo que preciso fazer mais vezes”.