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Charles Guerreiro relembra "defesa" da rainha Elizabeth II 

Charles Guerreiro relembra "defesa" da rainha Elizabeth II 

Por maior que seja sua contribuição, alguns jogadores ficam marcados na seleção brasileira por um único lance. Este é o caso do paraense Charles Guerreiro, mais ilustre na história do futebol por sua entrega aos times que defendeu do que propriamente seu repertório técnico. O volante que também atuava na lateral teve trajetória curta na equipe nacional e ficou para a posteridade como o atleta que desperdiçou um gol feito contra a Inglaterra no mítico estádio de Wembley.

Charles Guerreiro ainda convive com a lembrança do célebre gol perdido diante dos ingleses, em amistoso em 17 de maio de 1992, com a presença da rainha Elizabeth, que faleceu nesta quinta-feira (8). O ex-jogador da Seleção Brasileira lembra com descontração do lance que marcou sua passagem pela Seleção Brasileira, cara a cara com o goleiro Woods.

“Entrei no lugar do Luís Carlos Winck, que saiu machucado. O jogo já estava empatado por 1 a 1. O lance aconteceu nos minutos finais, poderia ser o gol da vitória. O Valdeir ‘The Flash’ entrou na área e passou de calcanhar. Eu vim na corrida e chutei bem alto. Acho que a rainha acabou pegando a bola. Depois, todo mundo brincou comigo no vestiário. O Zagallo (então coordenador do técnico Parreira) me disse que se faço aquele gol não deixariam nem eu voltar para o Brasil. Mas foi importante. Joguei pela seleção em um estádio que nem o Pelé jogou. O nome fica na história”, comentou o treinador.

Pela seleção, além do empate com a Inglaterra em Wembley, Charles Guerreiro também participou de histórica vitória sobre a Argentina no Monumental de Nuñez, em 1995, em resultado que quebrou uma série de quase vinte anos sem triunfos brasileiros na casa do rival (1 a 0, gol de Donizete ‘Pantera’).

 











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APELIDO CONSAGRADO POR FOLCLÓRICO NARRADOR DA BAND

O paraense Charles Natali Mendonça Ayres virou “Guerreiro” na Gávea. Segundo o ex-jogador, o apelido foi conferido pelo então assessor de imprensa do clube, Rodrigo Paiva.

Como tinha fama de um jogador brigador em campo, que se entrega à equipe, Charles logo viu o apelido pegar de vez na torcida. Para isso, contou com a ajuda do folclórico narrador Januário de Oliveira, a voz do futebol carioca da TV Bandeirantes durante os anos 90, com seus mil e um bordões.

“A torcida do Flamengo gosta do jogador que veste a camisa com raça, assim como foi com o Rondinelli, o ‘Deus da Raça’”, relata Charles. “O Januário ajudou muito a divulgar. A gente acabou ficando amigo. Ele ficou na lembrança com o jeito de narrar. Eu adorara o [bordão] ‘Tá lá um corpo estendido no chão'”, acrescenta.

Assim como na seleção, Charles Guerreiro ficou também conhecido no Flamengo com sua falta de familiaridade com o gol. O volante vestiu cinco anos a camisa rubro-negra sem balançar as redes uma única vez. De repente, marcou em duas partidas consecutivas, em uma celebrada semana de artilheiro.

“Saíram na mesma semana. Primeiro marquei contra o Volta Redonda. E aí, uns dias depois, fiz um contra o Caburé, num jogo da Copa do Brasil”, recorda. 

Do Flamengo, ficou o prestígio de vestir uma das camisas mais fortes do futebol brasileiro. Até hoje Charles é assediado pela nação rubro-negra em suas andanças pelo Brasil. Restou também uma amizade especial com o ídolo Júnior.

“A gente se fala por telefone até hoje, temos uma amizade muito boa. Ele me deu muita força antes da minha estreia na Gávea contra o São Paulo. Tinha prazer em correr para ele, que já estava no final de carreira. Ele me deu muita moral. De vez em quando mando uma patinha de caranguejo e um açaí lá para o Rio”, diz o ex-jogador, falando das maravilhas gastronômicas de seu Estado, o Pará.