LUCAS MUSETTI PERAZOLLI E THIAGO ARANTES
MADRI, EUA (UOL/FOLHAPRESS) – Vini Jr. se emocionou e mostrou uma mescla de sofrimento e resiliência ao tratar o tema racismo durante a coletiva da seleção brasileira em Madri, antes do amistoso contra a Espanha. O gancho do jogo é justamente a luta contra a discriminação racial.
“Cada vez estou mais triste, tenho menos vontade de jogar. Mas vou seguir lutando”, disse Vini Jr, emocionado.
De onde vem essa força para lutar? “Por todas as pessoas que torcem por mim, me acompanham, e me mandam mais mensagens para lutar com eles. Tenho força grande dentro de mim, na família, em casa. Nem todos têm o apoio que eu tenho em casa. Que podem falar por tantas pessoas. Quero seguir por eles, que sabem do que realmente passo e passei. E que é muito difícil”.
Por que você acredita ter sido o escolhido para tantos insultos, até quando não joga? “Acredito que é algo muito triste tudo que venho passando aqui a cada jogo, a cada dia, a cada denúncia minha vem aumentando. Acredito também que eu e todos os negros, não só na Espanha, mas no mundo todo, sofrem no dia a dia. O racismo verbal é minoria perto de tudo que os negros sofrem. Meu pai sempre teve dificuldade de trabalhar por ser negro. Na dúvida, sempre escolhem o branco. Luto por tudo que vem acontecendo comigo. É desgastante, você está meio que sozinho em tudo. Já fiz muitas denúncias e ninguém é punido. Luto pelas pessoas que vão vir e minha família. Se fosse só eu, já teria desistido. Vou triste para casa. Fui escolhido, então estudo mais sobre a cada dia. Meu irmão tem cinco anos e que ele não passe por tudo que estou passando”.
Jogar no seu estádio como visitante na campanha contra o racismo. “Quero agradecer desde já a todos os jogadores da Espanha que sempre dão entrevistas me apoiando, fazendo de tudo para Espanha mudar seu pensamento. Mas no geral também, sempre tem racismo e temos que fazer de tudo para diminuir. Mandam mensagem, falam em entrevistas o que só eu falava. nesta segunda-feira (25) estamos juntos. Peço para Fifa, Conmebol, Uefa, façam mais coisas como a CBF tem feito para evoluirmos como ser humano. Que todos estudem um pouco do que os pretos passaram no passado. O que eu passo não é nem perto do que passaram. Luto pelos pretos, pobres, que não conseguem entrar no mercado de forma tranquila. Ocorreu comigo e minha família. Quero que isso mude para não falar tantas vezes quando venho aqui na coletiva”.