O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, foi denunciado nesta quarta-feira pelo Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPTDF) por fraude a resultado ou evento associado à competição esportiva, e estelionato. Agora, caberá à Justiça Federal decidir se aceita ou não a denúncia e torna o jogador réu. Caso seja condenado às penas máximas, a punição ao jogador pode chegar a 17 anos e oito meses de prisão.
Além dele, o irmão Wander Júnior, a cunhada Ludymilla Araujo, a prima Poliana Nunes, e outras cinco pessoas também foram denunciados (Claudinei Vitor Mosquete Bassan, Rafaela Cristina Elias Bassan, Henrique Mosquete do Nascimento, Andry Sales Nascimento dos Reis e Max Evangelista Amorim).
O MP pede ainda que, se condenado, o jogador pague R$ 2 milhões por danos morais coletivos causados pela fraude. O mesmo valor foi solicitado em forma de fiança, para assegurar que ele compareça às etapas do processo.
Em abril, os envolvidos haviam sido indiciados pela Polícia Federal (PF). Bruno Henrique é acusado de ter compartilhado informação antecipada sobre o recebimento de um cartão amarelo na partida contra o Santos, no dia 1° de novembro, pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro de 2023.
“O denunciado Bruno Henrique Pinto concorreu de qualquer forma para todos os três crimes de estelionato descritos nesta série, uma vez que, segundo já asseverado, municiou Wander com a informação privilegiada acerca da sua punição (cartão amarelo) de forma adiantada, a qual foi o ardil necessário para o locupletamento ? ainda que tentado – de vantagem em detrimento das plataformas de apostas on-line, sabendo ele que a informação seria utilizada para aquele fim específico”, afirma a denúncia.
Bruno Henrique embarcou na noite desta quarta-feira, junto com a delegação rubro-negra, para os Estados Unidos, para a disputa da Copa do Mundo de Clubes da Fifa. O Flamengo estreia na segunda-feira, contra o Espérance, da Tunísia, na Filadélfia
Investigação e Implicações Legais
O novo capítulo do processo criminal que corre na Justiça Comum não impede que o atacante continue jogando. Isso cabe à Justiça Esportiva. Na segunda-feira, a procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) recebeu o inquérito produzido pela Coordenação de Repressão à Corrupção da Polícia Federal. No dia 29 de maio, o jogador prestou depoimento ao STJD por meio de sessão online.
A procuradoria agora avaliará se denuncia ou não o jogador. O prazo legal é de até 60 dias, mas deve haver um posicionamento bem antes disso, pela dimensão do caso.
Detalhes da Investigação
A investigação da Polícia Federal descobriu que, no dia 29 de agosto de 2023, 64 dias antes da partida contra o Santos, Wander enviou mensagens a Bruno pedindo para ser avisado quando o “pessoal mandar” tomar um cartão amarelo. “Contra o Santos”, respondeu o atacante. “Já vou guardar o dinheiro. Investimento com sucesso”, escreveu o irmão.
Nos dias 31 de outubro e 1º de novembro de 2023, véspera e dia do jogo, familiares de Bruno Henrique e os demais envolvidos fizeram movimentações atípicas pelo cartão amarelo. Os valores apostados, a concentração em Belo Horizonte (cidade natal do atleta), a criação de novas contas e o comportamento fora do padrão de apostadores habituais chamaram a atenção. No dia seguinte, três empresas de apostas esportivas emitiram alertas formais de volume anormal de apostas envolvendo o cartão amarelo de Bruno Henrique.
Texto de: Mariana Muniz e Daniel Gullino