Igor Siqueira / Folhapress, Rio de Janeiro
A segunda metade da tabela de classificação do Brasileirão passa por um efeito sanfona. E as extremidades estão se desgarrando. Esse é o cenário após a 28ª rodada, quando três times se afastaram da zona de rebaixamento, enquanto os lanternas não reagiram. Na fotografia atual, os gigantes Santos e Vasco encabeçam o Z4 e ainda viram o trio Internacional, Bahia e Cruzeiro obterem resultados que trouxeram um respiro importante – não entram na zona nem que percam o próximo jogo.
A pressão, por outro lado, cresceu para cima do Corinthians, que empatou no último lance com o lanterna América-MG, em plena Neo Química Arena. O time de Mano Menezes pode entrar na zona de rebaixamento na próxima rodada. O time tem vantagem de três pontos para Santos e Vasco, mas se perder e os rivais vencerem, será ultrapassado no número de vitórias.
“É um momento conturbado, bastante desconfortável na tabela. Não conseguimos ter uma sequência de bons resultados, de bons jogos. Um ano muito difícil para nós. Não vai ser fácil, jogar no Corinthians tem um peso muito grande, mas a gente segue trabalhando”, disse Giuliano, meia do Corinthians, autor do gol aos 53 minutos do segundo tempo contra o América-MG.
O que ameniza a situação do Corinthians é que o Goiás está “escoltando” os paulistas e faz a separação entre o Timão e os outros dois que estão à porta para deixar a zona de rebaixamento.
Vasco e Santos têm a mesma pontuação, mas os vascaínos saíram com cabeça erguida da rodada, apesar da derrota para o Flamengo. O jogo foi competitivo e o time se mostrou bem estruturado. Desde que o técnico Ramón Díaz chegou ao clube, o principal acidente de percurso tenha sido justamente a goleada de 4 a 1 sofrida diante do próprio Santos.
O treinador já disseminou a frase de que “Vasco no va bajar” (não vai cair). Agora precisa trabalhar para cumprir o que assegura a cada entrevista. “O otimismo que eu tenho, é o otimismo que os jogadores têm, a torcida tem. O Vasco tem competido muito bem. Contra as equipes grandes teve um bom nível. Não foi fácil para o Flamengo, criamos situações. Então, esse otimismo nos faz acreditar que vamos competir até o final e não vamos cair”, disse o argentino.
Na outra ponta, não dá para dizer que Inter, Bahia e Cruzeiro podem respirar aliviados a longo prazo – faltam dez rodadas. Mas eles tiveram resultados que, se não apontam completamente para uma guinada definitiva na competição, trazem uma boa perspectiva para o futuro.
O Inter é um time melhor que os concorrentes, no papel. Foi semifinalista da Libertadores e parece ter lenha para queimar em termos de evolução. A goleada avassaladora de 7 a 1 sobre o Santos é um recado e tanto de que o torcedor colorado pode ter uma reta final bem mais tranquila.
O Bahia, por sua vez, embalou com Rogério Ceni. São três vitórias consecutivas no momento. Algo crucial para inverter a lógica com o Corinthians, por exemplo, que está há quatro rodadas sem vencer -são três empates seguidos. Já o Cruzeiro respirou com uma antes improvável vitória no clássico contra o Atlético-MG, o primeiro na Arena MRV. Uma bela de uma carimbada na nova casa rival. Algo vital para sobrevivência na Série A.