
Passado quase um mês desde o anúncio da saída de Artur Jorge, o Botafogo continua no mercado em busca de um novo treinador para comandar o time principal ao longo da temporada. Por mais que os jogadores que compõem o elenco principal ainda não tenham retornado aos gramados – a estreia em 2025 será quarta-feira, em clássico contra o Fluminense, no Nilton Santos, com Carlos Leiria, do sub-20, a beira do campo -, é inegável que o planejamento sofreu um atraso em relação ao que era pensado pela diretoria e pelos outros principais rivais do cenário nacional.
Nesse sentido, o clube trabalhava com três nomes, sendo todos estrangeiros: o português Vasco Matos, atualmente no Santa Clara-POR, o argentino Tata Martino, livre no mercado desde que deixou o Inter Miami-EUA em dezembro, e o espanhol Rafa Benítez, que está há quase um ano sem trabalhar desde que saiu do Celta de Vigo-ESP, em março. Até então, é o nome de Benítez que desponta como o favorito entre a direção alvinegra.
Nome mais estrelado e vitorioso dos três – campeão da Liga dos Campeões na temporada 2004/2005 com o Liverpool e do Mundial de Clubes com a Inter de Milão em 2009, o treinador é considerado ídolo do clube inglês e tem no currículo passagem polêmica pelo Real Madrid -, Rafa Benítez é quem tem conversado mais com o dono da SAF do Botafogo, John Textor.
Até o momento, os contatos se mantiveram no campo da troca de informações sobre o projeto do alvinegro e desejos futuros, como o desejo da construção de um CT multiclubes, com a participação do Lyon, time que também compõe a holding que Textor realiza investimentos no futebol – aliás, de acordo com o L’Equipe, Textor optou pela demissão de Pierre Sage, que era o treinador do time francês, e também está em busca de um novo técnico para a equipe. A informação foi dada pelo Canal do TF e confirmada pelo GLOBO.
Como aconteceu ao longo de todo o processo de escolha de Artur Jorge, é John Textor quem centraliza e trata pessoalmente as buscas por um novo nome para conduzir o alvinegro, que terá o Mundial de Clubes como a principal competição do calendário.
A disputa do torneio, inclusive, pode ser utilizada como um fator de convencimento para a contratação de um treinador. No entanto, o que se tem de concreto até o momento é que, mesmo com a possibilidade de voltar a ocupar um importante espaço no cenário mundial, Tata Martino não pensa em voltar a assumir um time no momento.
– Tomei a decisão de não estar em atividade por alguns meses, e é isso que vai acontecer. Não há nenhuma possibilidade de que eu esteja trabalhando no curto prazo – falou o treinador argentino, que esquivou quando perguntado se chegou a receber uma oferta oficial do Botafogo. – Não gosto muito de falar sobre propostas. O importante é dizer se elas se concretizam. Nesse caso, não vou trabalhar lá (na equipe alvinegra), então não faz muito sentido dizer se houve proposta ou não.
Em relação à Benítez, ainda não houve a formalização do interesse por parte do Botafogo.
Além disso, no que diz respeito ao estilo de jogo planejado pela diretoria da SAF alvinegra para o Botafogo, que consiste em um futebol ofensivo, de muita velocidade e força física, Rafa Benítez precisará se adaptar às características dos jogadores e ao que é pretendido pelo clube, caso de fato acerte com o Botafogo.
Em seu vasto passado no futebol europeu, além de ter colecionado polêmicas com atletas, torcedores e a imprensa de clubes por onde passou, Rafa Benítez ficou conhecido por ser um treinador mais pragmático e disciplinado, com foco na organização defensiva e transições rápidas para o ataque. No Real Madrid, em que tentou ter um esquema mais ofensivo, o técnico não conseguiu montar uma equipe organizada e deixou o clube merengue após 25 partidas e algumas rusgas com o craque Cristiano Ronaldo.
Assim, além de não ter um trabalho duradouro há anos – o último foi no Newcastle, de 2016 a 2019 -, Benítez também tem em seu “pacote” o fato de ser um treinador com temperamento difícil. Nos tempos de Real Madrid, além de não ter tido seu estilo de jogo bem absorvido pelo elenco da época, uma das atitudes do espanhol que causaram problemas com CR7 foi que, logo em sua chegada ao clube merengue, o técnico pediu que um auxiliar entregasse um pen-drive com orientações táticas ao artilheiro, para que o português pudesse entender como ele deveria se comportar em campo. Segundo informações da época do El País, as orientações não foram bem recebidas.
Além disso, no Liverpool, clube onde se tornou ídolo e trabalhou de 2004 a 2010, Benítez também teve problemas. Anos após conquistar a Liga dos Campeões e a Supercopa da UEFA, o treinador foi demitido por ter tido diversas divergências com a diretoria em relação à política de transferências e investimentos no elenco. Anos depois, em 2021, retornou a cidade de Liverpool para comandar o Everton. No entanto, nunca caiu nas graças da torcida por conta da identificação com o rival e, dentro de campo, não foi capaz de fazer o time fazer mais do que lutar contra o rebaixamento.
(AG)