O Botafogo ainda não pagou a compra do meia Thiago Almada e virou alvo de uma cobrança na Fifa por parte do Atlanta FC, dos Estados Unidos. Já existe até uma condenação contra o time brasileiro na Players’ Status Chamber (a câmara que julga situações relativas a jogadores).
A determinação foi que o Botafogo pague de imediato US$ 21 milhões (R$ 117 milhões), além de juros e multa de US$ 150 mil (R$ 835 mil). Se tivesse cumprido o fluxo de pagamentos acordado inicialmente, o Botafogo já teria quitado US$ 10 milhões (R$ 55,7 milhões).
A decisão da Fifa foi em fevereiro e veio com ameaça: se o clube não pagasse em 45 dias após ser notificado, poderia sofrer sanções, como a proibição de registrar novos jogadores caso o Atlanta assim requeresse.
O Botafogo recorreu e não entrou na lista de punidos no sistema da Fifa tanto que anunciou nesta semana as contratações de Arthur Cabral e Joaquín Correa.
Almada foi um dos destaques no segundo semestre da campanha de 2024, que culminou com títulos de Libertadores e Brasileirão, e foi enviado para o Lyon que faz parte da família da Eagle, a rede de clubes de John Textor.
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COMO DEVERIA SER O PAGAMENTO
A transferência de Almada ao Botafogo teve um valor total de US$ 21 milhões. Mas com um fluxo de pagamentos específico, a cada três meses, estendendo-se até 30 de setembro de 2026. A maioria das parcelas seria de US$ 2 milhões (R$ 11 milhões), mas as duas primeiras seriam de US$ 3 milhões (R$ 16,7 milhões).
A primeira deveria ter sido paga cinco dias úteis após o certificado de transferência internacional do jogador chegar ao Brasil, em julho de 2024.
Esse documento é um controle no sistema da Fifa que vai de um país para o outro para confirmar a concretização de uma transferência internacional.
O Botafogo não pagou. E logo de cara, na perspectiva do lado brasileiro, começou um impasse.
A Discussão e a Justiça
A DISCUSSÃO DENTRO E FORA DA JUSTIÇA
Os jogadores quando vão para a Major League Soccer (MLS), nos EUA, podem ficar com 10% dos direitos econômicos.
A versão do Botafogo nos bastidores é que o Atlanta/MLS forçou Almada a ceder esse percentual. Só que na transferência para o Brasil, o jogador queria receber o valor referente a esses 10%.
O clube brasileiro, então, comprou a briga do argentino e defende que US$ 2,3 milhões (R$ 12,8 milhões) fossem descontados da primeira parcela a ser paga pela transferência. Sim, aquela que venceu cinco dias depois da chegada do certificado de transferência internacional ao Brasil.
Isso não aconteceu. E aí ninguém pagou mais ninguém.
Do Atraso à Cobrança
DO ATRASO À COBRANÇA SEM PARCELAMENTO
O caso chegou à Fifa em novembro de 2024, após a segunda parcela de US$ 3 milhões não ser paga pelo Botafogo. A dívida, àquela altura, era de US$ 6 milhões (R$ 33,4 milhões).
Aí, com o litígio deflagrado, o Atlanta pediu que o pagamento dos US$ 21 milhões fosse feito forma integral e não mais parcelado. Isso já seria um problema para o fluxo de caixa do Botafogo (leia-se, Eagle).
Foi justamente isso que a Fifa decidiu em fevereiro deste ano.
Pela decisão, US$ 3 milhões terão acréscimos de juros de 5% ao ano, a partir de 22 de julho de 2024. O outro bolo de US$ 18 milhões? 5% de juros a partir de 30 de agosto de 2024.
A Defesa do Botafogo
COMO O BOTAFOGO TENTOU SE DEFENDER
Na defesa, o Botafogo contratou até um advogado catalão, Joan Milà. O clube brasileiro primeiro questionou a validade do Atlanta como parte no processo. A visão era de que só a MLS teria legitimidade para isso, já que o pagamento deveria ser feito à liga e não ao clube diretamente.
O Botafogo reconheceu que não pagou as primeiras duas parcelas. Mas alegou que o valor a ser tomado como base para a cobrança deveria ter sido de US$ 6 milhões e não US$ 21 milhões.
O juiz que recebeu o caso na câmara da Fifa discordou de tudo o que o Botafogo colocou e deu a sentença que o clube mais temia. Agora, o jeito é recorrer para tentar postergar a cobrança.
O Botafogo já sofreu um transfer ban neste ano, a pedido do Guaraní-PAR. O clube foi quem vendeu Segovinha e também levou o Alvinegro aos tribunais.
A SAF alvinegra alegou que houve uma “falha de comunicação”.
Em 26 de março, mesmo dia em que levou o transfer ban, o Botafogo pagou US$ 452 mil (cerca de R$ 2,6 milhões, na cotação do dia) ao Guaraní.
IGOR SIQUEIRA