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Análise: 'Só o Remo atrapalha o Remo'

O Remo se complicou ao perder em SC, Foto: Samara Miranda/Ascom Remo
O Remo se complicou ao perder em SC, Foto: Samara Miranda/Ascom Remo

Só o Remo atrapalha o Remo

 

A derrota para o Figueirense, fora de casa, não é um resultado anormal. Os times se equivalem e os catarinenses tinham a mesma pontuação do Remo. O jogo mostrou que era possível vencer ou empatar. Quando teve em campo a formação correta, a partir dos 15 minutos da etapa final, o Leão tomou conta da partida e esteve perto do empate.

É possível concluir que o Remo desperdiçou 60 minutos com a escalação errada. Ytalo e Cachoeira foram peças improdutivas no ataque. O centroavante precisava ser municiado, e não foi. O ponta não tem conexão com o time. Esquecido por várias rodadas, Cachoeira foi ressuscitado contra o CSA.

Como é um ponteiro rápido, sua presença poderia contribuir para o balanço ofensivo. Nada mais ilusório. Velocidade nem sempre é sinônimo de produtividade. No caso específico, trata-se de correria inútil, sem objetivos ou resultados. Nos duelos diretos com a marcação, os tombos se repetem a todo instante – contra o Figueira, foram cinco quedas.

Rodrigo Alves poderia ter sido melhor aproveitado. Foi o mais participativo do ataque durante o 1º tempo. Inexplicavelmente, foi sacado no intervalo por “razões técnicas” para a entrada de Marco Antônio.

Quando Pedro Vítor e Ribamar entraram, aos 14 minutos do 2º tempo, o Remo começou verdadeiramente a pressionar o Figueirense. Sem criatividade, mas com ímpeto e disposição. O gol quase saiu, embora os atacantes não tenham contado com ações criativas do meio-campo.

O cenário melhorou com a presença de Kelvin, que se infiltra bem pelo meio e pelos lados, conduzindo ou sendo lançado. Teria sido mais útil se tivesse sido escalado desde o início, junto com Pedro Vítor e Ribamar.

Jaderson foi, outra vez, o destaque individual, dividindo-se entre defesa, meio e ataque. Acontece que, por correr o campo inteiro, fica fisicamente esgotado para ocupar a faixa onde é mais decisivo.

Quando uma competição se afunila, com vários times disputando uma vaga, é obrigatório minimizar erros. O período da experimentação não pode acontecer nos momentos decisivos. O Remo age no sentido contrário, atrapalhando-se quando entra para um confronto-chave como o de sábado com uma escalação equivocada.

Parece autossabotagem, mas é apenas irresponsabilidade. Em clubes de gestão mais atenta, a escalação inicial de sábado deveria ser motivo de cobrança enérgica sobre a comissão técnica – e nem estamos falando da barbeiragem na definição do banco de reservas.

Quando o técnico avalia que o pior do time (Cachoeira) “é o jogador que mais se entrega em campo”, o problema não está no atleta, mas em quem o escala.

Com chances de classificação, o Remo faz um esforço tremendo para complicar a caminhada. Precisa de 10 pontos em quatro rodadas, meta difícil que se torna improvável com as invencionices dos últimos jogos.

 

 

Papão joga com Novorizontino para retomar vitórias 

 

Ao perder a invencibilidade (sete jogos sem derrota) contra o Brusque, o PSC viu-se obrigado a uma revisão de conceitos para retomar a caminhada de ascensão na Série B. O primeiro desafio desta nova fase é o Grêmio Novorizontino, hoje (29), no estádio da Curuzu.

O revés fez o time cair novamente na tabela de classificação, caindo do 10º para o 14º lugar, com 23 pontos. A distância para o G4 está em cinco pontos, daí a necessidade de um triunfo sobre o Novorizontino, que também perdeu posições – que deixou o 4º lugar e agora está em 6º.

Contra um time que joga fechado, com marcação forte no meio e explorando o contra-ataque, o PSC terá que mostrar disposição para se impor. Em Florianópolis, na quarta-feira, o time nem parecia o mesmo de outros bons momentos no campeonato.

Tímido em excesso, confuso na exploração das ações ofensivas, o Papão sentiu muito a ausência de João Vieira e Nicolas (que saiu lesionado). Ficou óbvia a dependência desses dois jogadores, que devem retornar ao time diante do Novorizontino de Eduardo Baptista.

A presença de Nicolas é incerta. A comissão técnica não confirma sua escalação, embora ele tenha sido submetido a tratamento intensivo nos últimos dias. Caso não possa contar com ele, o Papão tem o argentino Benjamín Borasi como alternativa. Biel, que não rendeu no jogo com o Brusque, não deve ser escalado novamente.

Time cascudo, que consegue bons resultados fora de casa, o Novorizontino joga no sistema de três zagueiros e explora o contra-ataque como arma.

 

 

É preciso prestar mais atenção no Cruzeiro

 

Foi um jogo quase perfeito. Uma das melhores atuações de um time no Campeonato Brasileiro. O Cruzeiro atropelou o Botafogo dentro do estádio Nilton Santos, abrindo vantagem ainda no 1º tempo e controlando a partida na etapa final. Além disso, teve em Cássio uma segurança absoluta no gol, com pelo menos quatro defesas estupendas.

Nada foi acidental. Com um meio-campo ágil e criativo, centrado na figura de Matheus Pereira, o Cruzeiro parecia voar diante de um Botafogo desplugado, quase de ressaca. Desfalques importantes, como o de Junior Santos e Marlon Freitas, abalaram ainda mais o Alvinegro.

A velocidade nos contragolpes foi o principal ponto a destacar diante do Botafogo, que provou do seu próprio veneno. Enquanto o Cruzeiro saía rápido quando tinha a bola, o Fogão se enrolava na transição diante da eficiente marcação imposta pelos mineiros.

Ainda assim, o time de Artur Jorge criou várias situações perigosas, com Luiz Henrique, Tiquinho e Savarino, mas o veterano Cássio estava em noite simplesmente perfeita.

Uma vitória categórica que insere o Cruzeiro entre os times cotados para brigar pelo título, junto com Flamengo, Palmeiras e o próprio Botafogo.

 

Por Gerson Nogueira