GERSON NOGUEIRA

Análise: Apatia atrapalha o Papão

Um América-MG determinado a vencer contra um PSC apático e desligado.

Foto: Mourão Panda / América
Foto: Mourão Panda / América

Um América-MG determinado a vencer contra um PSC apático e desligado. Não podia dar outra: o time mineiro saiu vitorioso por 2 a 0, perdendo várias chances de ampliar o marcador nos dois tempos. A derrota estava mais ou menos nos planos bicolores, mas o Papão aceitou passivamente a superioridade do time mandante.

Com João Vieira e Val Soares na marcação e Robinho na armação, o PSC não criou embaraços para o América nos primeiros minutos. Acabou castigado com o primeiro gol logo aos 6 minutos. Brenner (que atuou no Remo há dois anos) chegou livre entre os zagueiros para bater rasteiro, sem chances para Diogo Silva.

O desenvolvimento do jogo mostrou um América sempre mais equilibrado, com saídas criativas em direção ao ataque, principalmente com os avanços de Elizari e Juninho. Os erros de passe também atrapalharam as articulações do PSC.  

As ações do meio-de-campo não abasteciam o ataque, formado por Nicolas, Borasi e Esli García. A exceção ficou por conta, mais uma vez, de Esli, sempre criativo e buscando superar a marcação com habilidade. Foi o jogador que mais levou perigo à defensiva americana.

Na etapa final, o PSC sofreu outra ducha de água fria logo aos 7 minutos. Em trama bem construída por Mateus Henrique e Juninho, a bola foi cruzada pelo lateral-direito em direção à pequena área, onde Rodriguinho chegou apenas para desviar para o gol.

Só então o técnico Márcio Fernandes fez as primeiras mudanças na escalação, porém sem fazer o time crescer na partida. Até passou a tentar investir mais no ataque, mas com nenhuma alteração substancial na produção da equipe.

Ex-técnico fala da queda de 2021 e da força da torcida

Felipe Conceição, técnico que comandou o Remo na Série B 2021, entrevistado no Charla Podcast, abriu o coração e deu sua versão sobre os problemas que contribuíram para o rebaixamento azulino naquela temporada. Segundo ele, algumas “ações e atitudes dentro do clube prejudicaram a caminhada, o que refletiu muito em campo”.

Ele assumiu na 7ª rodada da Série B e ficou por 19 rodadas, conquistando impressionantes 30 pontos (10 vitórias). Sob sua direção, o Remo chegou a ficar na primeira página da classificação, passando a ideia de que se manteria na divisão. 

“Cai na conta do treinador, mas é o mesmo treinador que tirou o Remo de último, fez 30 pontos em um turno, botou o Remo em 8º, um clube que não jogava a Série B há muito tempo. É por isso que o torcedor tem essa cicatriz porque a gente tinha tudo para a manutenção na divisão”, lamentou.

Na conversa informal com os entrevistadores, Felipe deixou claro que algumas questões internas interferiram no desempenho da equipe. Citou também a logística como um problema a mais na campanha.

Depois da arrancada, o time foi perdendo embalo e caiu de rendimento. “Tiveram lesões porque as viagens eram longas e o elenco era limitado, na parte técnica. O Paysandu está sofrendo agora e todo time do Norte sofre com a situação da logística. Mas tiveram outras coisas no contexto do clube que prejudicaram mais”, afirmou.

De maneira geral, o trabalho de Felipe pode ser considerado bom, embora tivesse convivido com o velho problema das contratações sem critério. Ele seria demitido a três rodadas do final, com o Remo em 15º lugar.

Treinador da Inter de Limeira, ele enalteceu a torcida azulina e disse que segue torcendo pelo Leão. “O Remo é um potencial de clube absurdo, torço para que ele volte para a Série B porque a torcida é impressionante. Na Série B, foi a maior que eu já vi. Impressionante”.

Citou o episódio do jogo contra o Náutico. “A gente ganhou de 1 a 0 com o Baenão lotado, entupido de gente, uma coisa tão bonita. Sim, o torcedor do Remo é um absurdo. É um povo humilde, a maioria ali pega o pouco que tem para ir ver o clube. Foi uma das experiências diferentes que tive na minha carreira de treinador. Tenho muita identificação com Remo”.

Brilho e fibra de um menino com personalidade

Atacante é o brasileiro mais jovem a marcar na Champions League. Foto: Real Madrid

Endrick subverteu o script habitual de jovens jogadores brasileiros contratados pelos grandes clubes da Espanha. Normalmente, são despachados para os times de formação para ganhar experiência. Com o ex-palmeirense, as coisas têm sido diferentes e aceleradas.

Ele ganhou a confiança do técnico Carlo Ancelotti, do Real Madrid, conquistando um lugar no grupo que disputa o Campeonato Espanhol e a Liga dos Campeões. Mais que isso: tem sido sempre lançado e já marcou dois gols desde que chegou ao clube merengue, mesmo não sendo titular.

A mais recente façanha ocorreu na terça-feira, 17, no triunfo por 3 a 1 sobre o Stuttgart, na estreia na Champions. Aos 34 minutos do 2º tempo, com o jogo empatado em 1 a 1, Endrick entrou no lugar de Bellingham. Na segunda bola que recebeu no ataque, arrancou em velocidade e acertou um tiro forte de fora da área, no canto esquerdo, vencendo o goleiro alemão.

O gol fez o Santiago Bernabéu explodir em comemoração e Endrick se tornou o mais jovem brasileiro a balançar as redes na competição europeia, aos 18 anos, 1 mês e 17 dias, superando Rodrygo, também do Real.

“Ele foi muito corajoso, pois era a bola final da partida. A melhor solução ali era aproveitar o “três contra um”, mas ele fez o que fez muito bem. Ele é capaz de fazer coisas que ninguém pensa. Isso é um dom, que ele mostra nos jogos e treinos”, aplaudiu Ancelotti ao final da partida.

O técnico referiu-se ao desprendimento do atacante, que, entre a opção de passar a bola para Mbappé ou Vinícius Jr., preferiu arriscar a finalização. Não é todo jovem atleta que demonstra tanta personalidade e confiança. Endrick parece talhado para os rigores e exigências do futebol europeu.