O futebol paraense há muito tempo, desde os idos de 2003 e 2005, não ganha um título nacional. A torcida, porém, há décadas é conhecida como uma das mais vibrantes e participativas – sim, de participar mesmo, indo aos estádios para torcer – do país. Estados até mais destacados em conquistas de campo não se igualam à força da massa torcedora paraense.
Faz tempo que as imagens dos estádios paraenses sempre apinhados de gente apaixonada e leal na devoção aos times daqui percorrem o país. Virou marca registrada, digna do respeito das demais torcidas. Jogadores, técnicos e jornalistas se rendem a essa verdade.
Por tão acostumados a isso, muitas vezes os próprios paraenses nem valorizam esse imenso patrimônio, que começou a ser construído nos primórdios da rivalidade entre remistas e bicolores, há mais de 100 anos.
Há uma parte dessa formação que deve ser atribuída ao encanto que nossos torcedores sempre tiveram pelos clubes tradicionais do Rio de Janeiro. Eram tempos de domínio absoluto do rádio como veiculação de propagação das emoções que explodiam nos estádios.
Por conta disso, além da dupla Re-Pa, a torcida aprendeu a cultuar pacificamente as bandeiras de Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco. Os maiores craques desfilavam nos gramados do Rio – e, a partir de 1950, pisavam na relva do Maracanã, construído para aquela Copa do Mundo.
Moleque ainda, já contei aqui, ficava debruçado na janela de casa ao lado de meu pai, ouvindo as transmissões de clássicos inesquecíveis nos relatos vibrantes de Waldir Amaral. Aprendi a ser botafoguense pelos testemunhos que o rádio trazia das diabruras de Jairzinho, Gerson, Paulo César, Roberto Miranda, Afonsinho e outros.
Óbvio que não fui o único a ser tocado por essa magia que nem sempre é possível explicar. Pois, neste domingo, o paraense que ama futebol tem a oportunidade de apreciar de perto um duelo entre duas glórias do desporto nacional, Botafogo e Flamengo.
Uma decisão que poderia já ter acontecido aqui. Quis o destino que ficasse para 2025, ano que tem tudo para ser histórico. Remo e PSC irão disputar a Série B, depois de 19 anos. Belém, que foi preterida pela gangue de Blatter e Havelange em 2014, ganhou o direito de sediar a COP30, evento não futebolístico, mas imensamente importante para o planeta.
Caberá, portanto, ao torcedor paraense (e nortista, vá lá) a glória de emoldurar luxuosamente um dos maiores clássicos do Brasil bom de bola. Ninguém faz melhor que a gente. Aliás, entendemos tanto de clássico no Pará que inventamos até o mais disputado de todos.
Um duelo entre os melhores times do Brasil
Quando a bola rolar no Novo Mangueirão, às 16h, a primeira taça nacional estará em disputa. Os campeões do Brasileiro e da Copa do Brasil se encaram, na condição de melhores da temporada passada.
É verdade que, ainda comemorando a Libertadores e o Brasileiro, o Botafogo lamenta a perda de peças importantes: Almada, Luís Henrique, Almada, Júnior Santos e Tiquinho. Ficaram Igor Jesus, Savarino e Gregore.
Ocorre que perdeu também o comandante. Artur Jorge se encantou com a Arábia e bateu asas, sem deixar substituto. O Botafogo ainda procura um técnico; fala-se em Rafa Benítez, especula-se sobre Luís Castro.
O Flamengo, que ficou com a Copa do Brasil, experimenta uma fase alto astral com a presença de Filipe Luís no comando. Tite conspirava contra a alegria característica do Rubro-Negro.
A presença de jogadores fundamentais, como Bruno Henrique e Arrascaeta, compensam a ausência de Pedro (lesionado). Em comparação com o Botafogo, o Fla se fragilizou menos. Não significa que seja favorito, apenas que vive um momento mais confiante.
Bola na Torre
O programa começa às 23h, na RBATV, sob o comando de Guilherme Guerreiro e participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Em debate, o Parazão e a decisão da Supercopa Rei. A edição é de Lourdes Cezar e Lino Machado.
Papão tem novo desafio nos campos do interior
O time está invicto, ganhou os três jogos disputados, mas o torcedor está com a pulga atrás da orelha. Por não entender os quatro gols sofridos, duvida da segurança defensiva e questiona jogadores da zaga.
A questão é que o campeonato está no começo. É cedo ainda para julgamentos definitivos. Com novos ajustes e um pouco de paciência, logo o time toma a forma desejada e as críticas tendem a desaparecer.
Contra o fraco Santa Rosa, na manhã deste domingo, em Ipixuna, o técnico Márcio Fernandes terá a oportunidade de observar atletas ainda pouco utilizados, como Juninho, Espinoza, Marcelinho e Delvalle.
Uma posição, porém, é imexível. A lateral-direita pertence a Bryan Borges, e ninguém discute o assunto. Titulares absolutos, ele e Borasi são os mais produtivos do time na temporada.