Belém -
No Centro Comercial de Belém, no bairro da Campina, entre as lojas, barracas e ruas movimentadas, trabalhadores constroem não apenas suas trajetórias profissionais, mas também histórias de superação, laços afetivos e conquistas. Mais do que atender clientes, eles compartilham suas vidas, carregando memórias, construindo um legado que transcende as paredes do comércio.
A vendedora de joias Larissa Almeida, de 28 anos, tem uma relação de longa data com o centro comercial, onde começou sua trajetória profissional aos 18 anos. “Minha mãe trabalhava em uma loja também de joias e, quando surgiu uma vaga, comecei. Trabalhei no comércio por alguns anos, saí, fui trabalhar em um shopping, mas acabei voltando. Já estou há três anos fixos de volta aqui”, recorda.
Para ela, o trabalho representa não apenas sustento, mas também um espaço de convivência e aprendizado. “Aqui, eu digo que o ambiente já é minha casa. A gente passa tanto tempo junto que vira uma família. Com o meu trabalho, consegui conquistar o essencial para minha casa e dar suporte aos meus três filhos”.
O assistente de vendas Clenilson Farias, 38, viu sua vida se transformar em quase duas décadas de dedicação a uma loja de artigos festivos. Há 17 anos, chegou para trabalhar com limpeza, serviços gerais.
Apesar dos desafios que o comércio enfrenta, ele também destaca o aprendizado diário. “Se eu não gostasse tanto de trabalhar aqui, não estaria aqui por 17 anos. Amo o que faço e aprendo muito com os clientes; em especial, os mais exigentes, que me ensinaram a ser resiliente”, enfatiza.
Passar pelo comércio de Belém pede uma pausa para um lanche rápido. Trabalhando no comércio há 31 anos, desde que chegou ao local, em 1994, Osvaldo Pinheiro, de 54 anos, é um vendedor ambulante que movimenta as ruas do centro com seu carrinho, sempre fritando uma coxinha. Ele começou como funcionário, mas há 28 anos conseguiu abrir sua própria banca. Antes disso, sua primeira experiência profissional foi na construção civil.
ORGULHO
Morador do Conjunto Maguari, ele sai de casa diariamente às 5h30 da manhã para estar no ponto às 7h, enfrentando chuva ou sol. “Graças ao trabalho no comércio, consigo sustentar minha família, composta pela esposa e três filhos, conquistei minha casa e a formação dos meus filhos, além da independência financeira. Trabalhar aqui é motivo de orgulho, representa a minha dignidade e liberdade”, afirma.
Saindo do bairro do Jurunas, a autônoma Ananda Farias, 28, encontrou no comércio uma oportunidade para transformar sua vida. Há três anos, enquanto passava pelo local, viu uma jovem trabalhando e decidiu que também poderia tentar. “Estava desempregada, tinha saído de um emprego como vendedora, onde trabalhava muito e tinha pouca rotina com minha filha. Fiz um curso de design de sobrancelhas e decidi empreender. Vim para cá, tentei, e deu certo. Até hoje estou aqui”, detalha.
Como mãe solo de uma menina de 12 anos, Ananda carrega a responsabilidade de sustentar a família, composta por ela, a filha e a avó. “Minha maior vitória é criar minha filha sozinha. Recentemente, consegui comprar uma moto, algo que ainda estou pagando, mas que representa muito pra mim. Com o dinheiro daqui, consigo comprar o que preciso e manter nossa casa”, celebra.
Apesar dos desafios de trabalhar ao ar livre, Ananda valoriza as conexões que criou ao longo dos anos. “Conheci pessoas incríveis aqui, fiz amizades que levo para a vida. Já tenho clientes fixas, e isso é gratificante. Meu trabalho é digno, e eu me orgulho do que construí”, expressa.