FIM DA POLÊMICA

Vitória do sabor: açaí, tucupi e maniçoba voltam à COP30 após reação

Após críticas e pressão de entidades locais, organização do evento climático revoga veto a alimentos típicos da Amazônia.

Protesto deu certo! COP30 confirma iguarias da Amazônia no evento
Protesto deu certo! COP30 confirma iguarias da Amazônia no eventoFoto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

A Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) revogou, neste sábado (16), a proibição da comercialização de açaí, tucupi e maniçoba nas áreas oficiais da COP30, marcada para ocorrer em Belém, no Pará. A decisão consta em documento oficial assinado por Luiz José da Silva, secretário da Comissão de Avaliação da OEI.

Inicialmente, esses produtos tradicionais da culinária paraense estavam vetados por supostos riscos à segurança alimentar, como a possibilidade de contaminação por Trypanosoma cruzi no caso do açaí in natura, e a presença de toxinas naturais no tucupi e na maniçoba caso não fossem devidamente preparados e pasteurizados.

A atualização do edital, conforme informou o Ministério do Turismo, garante que sabores típicos do Pará estejam presentes durante a Conferência do Clima na Amazônia. Apesar da mudança, seguem proibidos outros itens como maionese, ostras cruas, carnes mal passadas e sucos de frutas naturais.

Pressão de entidades regionais foi decisiva

A decisão da OEI veio após a forte reação de 19 entidades paraenses, entre elas a Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), Abrasel, ACP e Aspas, que divulgaram nota de repúdio à medida inicial. O ministro do Turismo, Celso Sabino, também se posicionou contra a decisão e garantiu que os produtos seriam autorizados pela organização do evento.

Na carta conjunta, as instituições classificaram a proibição como um “ato de desconhecimento e preconceito cultural” contra ingredientes que são símbolos da identidade alimentar amazônica, como o açaí, o tucupi e a maniçoba. A nota também destacou que o Pará possui diversos fornecedores certificados, com produtos exportados para países como Estados Unidos, Japão e membros da União Europeia, seguindo normas sanitárias internacionais.

“Nossa gastronomia tem origem ancestral e indígena, com produtos consumidos diariamente por milhares de pessoas na Amazônia, no Brasil e no mundo. Propagar desinformação sobre esses alimentos é inadmissível”, diz o comunicado.

As entidades também ressaltaram que a decisão contrariava os princípios da própria Carta das Nações Unidas, ao ameaçar excluir milhares de pequenos produtores locais do evento que tem como uma de suas pautas centrais a valorização da biodiversidade amazônica.

Organização garante presença da cultura local

Em nota, a organização da COP30 afirmou que a culinária regional será incorporada ao evento e que a definição do cardápio será feita após a seleção dos fornecedores. O edital atualizado prioriza a participação de empreendimentos coletivos, como cooperativas, associações e grupos locais. A responsabilidade final sobre os alimentos, no entanto, cabe à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC).

Clayton Matos

Diretor de Redação

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.

Clayton Matos é jornalista formado na Universidade Federal do Pará no curso de comunicação social com habilitação em jornalismo. Trabalha no DIÁRIO DO PARÁ desde 2000, iniciando como estagiário no caderno Bola, passando por outras editorias. Hoje é repórter, colunista de esportes, editor e diretor de redação.