TRADIÇÃO

Vias “escondidas” de Belém também têm histórias para contar

No centro comercial de Belém, há travessas e ruas com um comércio pulsante e locais históricos que sobrevivem além das avenidas principais, onde tradição e inovação se encontram

Travessa Padre Prudêncio. Valorizar e divulgar o comércio das ruas menos badaladas do centro comercial da cidade, mostrando que, fora das vias mais famosas, existem lojas, serviços, histórias e experiências únicas esperando para serem descobertas. 12/05/2025. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Travessa Padre Prudêncio. Valorizar e divulgar o comércio das ruas menos badaladas do centro comercial da cidade, mostrando que, fora das vias mais famosas, existem lojas, serviços, histórias e experiências únicas esperando para serem descobertas. 12/05/2025. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Belém e Pará - Quem caminha pelas avenidas mais famosas do Centro Comercial de Belém nem sempre imagina a riqueza que se esconde nas ruas e travessas vizinhas. Fora dos holofotes, há verdadeiros tesouros: farmácias centenárias, lojas de tecidos com décadas de história, ou simplesmente eletrônicas que resistem ao tempo. Em cada esquina, histórias pulsantes e comércios que sustentam famílias, guardam personalidade, onde tradição e inovação se encontram.

Entre a tranquilidade da travessa Padre Prudêncio, um ponto azul, no meio do quarteirão das ruas Ó de Almeida e Aristides Lobo, guarda uma história centenária: a Farmácia de Manipulação São Lucas, e também o Parque Industrial dela. O farmacêutico Mauro Athayde, de 49 anos, à frente do negócio há 22 anos, guarda com orgulho a memória do tio, um dos primeiros farmacêuticos do Estado. “Estamos aqui desde 1962 como laboratório São Lucas, mas a tradicionalidade do negócio é desde 1878. Meu tio foi um dos fundadores do Conselho Regional de Farmácia, o CRF dele era 03”, lembra.

“Acontece de tudo no comércio”, comenta Mauro, que considera que o ponto vai além da tradição, mas é também resistência. “É um pedaço tranquilo, onde todo mundo se conhece, se ajuda. A gente mantém essa essência com inovação. A tradição é a palavra-chave. Nosso parque industrial é moderno, mas o foco continua sendo atender o povo. O ribeirinho que vem de barco para o Ver-o-Peso passa aqui para comprar porque sabe que o produto é bom, faz efeito e tem preço acessível”.

Comércio Antigo e Transformações no Bairro

A poucos quarteirões dali, na travessa Frutuoso Guimarães é característica pelo mercado de eletrônicos. Na esquina com a rua Ó de Almeida, Alice Ferreira, de 51 anos, ao lado do esposo Cleber Martins, 29, mantém sua loja com o olhar atento de quem já viveu diversas transformações no bairro. “Tem mais de 30 anos que eu tô aqui. Comecei como funcionária e depois abri meu ponto. Essa rua tem muito comércio antigo, mas pouco valorizado. Muita gente só passa pela Quinze [de Novembro] ou pela [rua Conselheiro] João Alfredo e não sabe o que tem por aqui”, diz.

Na rua, ainda, o movimento de lojas de conserto e venda de peças atrai um público fiel. “A clientela procura resolver um problema sem gastar muito, então esse lado do centro [Frutuoso Guimarães] é ótimo para isso. Ainda tem relojoeiro, conserto de ventilador, tudo o que não se encontra mais com facilidade”.