SIMPATIA, BOM PAPO E COMIDA BOA

Ver-o-Peso, um lugar para se apreciar em todos os sentidos

Explore o Ver-o-Peso, um verdadeiro paraíso gastronômico em Belém. Experimente pratos típicos e bebidas refrescantes em um cenário mágico

A área de gastronomia do Ver-o-Peso é um refúgio para saborear a culinária local, se deslumbrar com o rio e “jogar conversa fora”. Além, claro, de contar com a simpatia das funcionárias dos boxes da feira
A área de gastronomia do Ver-o-Peso é um refúgio para saborear a culinária local, se deslumbrar com o rio e “jogar conversa fora”. Além, claro, de contar com a simpatia das funcionárias dos boxes da feira. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Belém -

Margeando a Baía do Guajará, na parte mais alta do Complexo do Ver-o-Peso, a expressão “ei, psiu!” é um convite a apreciar itens nobres da gastronomia paraense e ainda desfrutar de uma bebida bem gelada. Na área que concentra restaurantes e bares no principal cartão-postal da capital paraense, o que não falta é irreverência dos atendentes para conquistar os clientes que escolhem o local para almoçar depois de um dia de compras no comércio ou para apresentar a culinária local para amigos e parentes em visita a Belém.

Depois de passar por toda a agitação que caracteriza o Ver-o-Peso, subindo as escadas, é no ponto mais alto que se encontra um verdadeiro refúgio para um momento de lazer. Um refúgio à moda do veropa, muitas vezes embalado pelo ritmo das ‘marcantes’ mais conhecidas dos paraenses e do chamado carinhoso dos atendentes que não deixam um cliente em potencial passar despercebido.

Natália Garcia, 34 anos, atendente. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

As estratégias para atrair os consumidores são desenvolvidas pela atendente Natália Garcia há pouco mais de dois anos. Além da comida especial, ela destaca que a própria vista da Baía do Guajará é um atrativo certeiro não apenas para os turistas, mas para muitos moradores de Belém.

“Essa vista é privilegiada. Muita gente vem pra cá porque querem comer bem, tomar uma cerveja e ficar olhando pro rio. Eu mesma que trabalho aqui todos os dias já vim pra cá no dia da minha folga porque eu queria ficar olhando pra Baía, pra relaxar”, conta, ao destacar também a culinária encontrada nos boxes enfileirados no local. “Aqui tem de tudo: camarão empanado, filé de peixe frito. Aqui a gente tem do pouco ao muito, do PF [prato feito] à chapa mista que vem com camarão, patinhas de caranguejo, peixe e ainda acompanha o açaí”.

Ainda que os pratos valorizem itens característicos da cultura alimentar paraense no local que é um dos mais visitados pelos turistas em Belém, Natália conta que nem sempre são os visitantes de fora os maiores frequentadores do local, pelo contrário. São os próprios paraenses os maiores consumidores.

“Os turistas vêm e às vezes a gente tem que ensinar eles como a gente come o açaí com peixe porque tem alguns que querem despejar o peixe todo dentro do açaí, mas a maioria das pessoas que frequentam são daqui mesmo. São pessoas que já são acostumadas a vir comer o peixe frito, tanto que é muito raro dar fraco o movimento aqui porque as próprias pessoas de Belém vêm muito”.

Moradoras da capital, as irmãs Márcia Lima, 60 anos, Francisca Lima, 58 anos, vão até a área de restaurantes do Ver-o-Peso para comer um peixe frito sempre que podem. Ainda que o item esteja presente no cardápio do dia a dia em casa, elas consideram que o peixe do Ver-o-Peso é diferente de qualquer um.

“Sempre que dá estamos por aqui pra comer um peixe com açaí porque o peixe frito do Ver-o-Peso é melhor, é mais gostoso”, avalia Márcia. “É bom porque muda um pouco o tempero, é diferente do peixe do dia a dia que a gente come. Às vezes a gente acaba enjoando do nosso próprio tempero, então é bom vir comer um diferente. E com açaí, então, é melhor ainda”.

Rosária Silva, 62 anos, consultora de vendas e Ângela Maria Jardim, 50 anos, funcionária pública. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

É também o tradicional peixe frito com açaí que leva a consultora de vendas Rosária Silva, 62 anos, ao local sempre que recebe algum parente que mora no interior paraense ou mesmo em outro estado. Na última sexta-feira (03), ela acompanhava a funcionária pública Ângela Maria Jardim, de 50 anos, que mora no município de Novo Progresso. “Sempre que ela vem em Belém, ela pede pra vir aqui comer peixe frito com açaí e eu sempre trago”, conta Rosária, enquanto preparava a tigela de açaí com farinha de tapioca. “Nós somos do Pará, mas lá em Novo Progresso os hábitos são diferentes. Esse peixe com açaí desse jeito só aqui no Ver-o-Peso”.

A preferência dos próprios paraenses pelo ponto de encontro que compõe o complexo também é percebida pelo atendente Felipe Cruz, atendente do Box da Ray. Ele conta que os turistas também frequentam o local, mas sua presença se concentra mais em períodos específicos do ano, como nos finais de semana e feriados. “O maior movimento de turistas é durante o Círio. No ano passado isso aqui ficou cheio. Foi um período que eu recebi toda a minha gorjeta em dólar”, recorda.

“Teve uma vez que foi engraçado. Estava passando um grupo de turistas do Rio de Janeiro e eu chamei eles com o tradicional ‘psiu’ que a gente usa aqui pra chamar os clientes e um deles brincou que se fosse a mulher dele passando e eu fizesse ‘psiu’ a coisa ia ficar feia. Teve um outro, um francês, que estranhou porque eu falei ‘amigo, vem dar uma olhada no nosso cardápio’ porque ele disse que não era meu amigo, então, tem umas situações engraçadas por causa da cultura mesmo que é diferente”.

Independente dos episódios engraçados que a presença dos turistas no local possa proporcionar em decorrência das diferenças culturais, Felipe lembra que a principal companhia ao longo de todo o ano é de clientes que conhecem bem essas expressões e o jeito divertido dos atendentes atraírem os clientes no Ver-o-Peso.

Felipe Cruz. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

“Normalmente, as pessoas que mais frequentam são de Belém mesmo. E a gente faz de tudo para atrair o cliente. A melhor estratégia é tratar bem, servir uma comida boa e é por isso que em épocas de menor movimento, quando as pessoas já estão sem dinheiro, quem salva a gente são os nossos clientes fiéis porque eles sempre voltam”.