
Belém - A Unimed Belém realiza, até as 18h deste sábado (8), no Hotel Sagres, a eleição para escolher sua nova presidência, além de definir a composição dos Conselhos Fiscal e Administrativo e da diretoria executiva. Os eleitos assumirão a responsabilidade pelas decisões da cooperativa pelos próximos quatro anos.
A votação ocorre em um cenário marcado por instabilidade financeira e administrativa, com anormalidades na gestão atual já apontadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e pela Unimed Brasil. A insatisfação dos cooperados está centrada na administração dos recursos financeiros da instituição e na necessidade de melhorar a prestação de serviços para garantir um atendimento de qualidade.
Dois grupos disputam a nova direção da Unimed Belém. A Chapa 10, Unimed Pro, é liderada pela médica mastologista Luciana Valente, alinhada à atual gestão. Já a Chapa 20, Unimed Mais, é encabeçada pelo médico Paulo Cartágenes, representando a oposição.
Cenário de crise e renúncia da diretora geral
A Unimed Belém enfrentou uma série de problemas administrativos em 2024, culminando na renúncia da médica pediatra Liane Rodrigues, que ocupava o cargo de diretora geral há um ano e oito meses. Em sua carta de demissão, Liane alegou a inviabilidade de uma gestão sem confiança nos gestores, destacando os riscos que a diretoria teria que assumir. A reportagem do DIÁRIO tentou contato com a gestora, mas não obteve retorno.
A saída de Liane ocorreu logo após o envio de um ofício assinado por Omar Abujamra Junior, presidente da Unimed do Brasil, que alertou sobre “anormalidades econômico-financeiras e administrativas na Unimed Belém”. O documento menciona o risco iminente de uma 4ª decretação de direção fiscal e técnica pela ANS, o que resultaria no bloqueio dos bens dos membros do conselho de administração e da diretoria executiva. Além disso, há o risco de perda da utilização da marca Unimed caso medidas urgentes não sejam tomadas em 30 dias, a partir de 11 de setembro.
Problemas financeiros e gestão questionada
Na carta de demissão, Liane Rodrigues relatou que enfrentou um fluxo de caixa comprometido, com dificuldades para honrar compromissos diários e pagamentos vencidos. Ela também reconheceu a necessidade de revisão e correção de fluxos internos para aumentar a eficiência operacional e reestruturar setores estratégicos da cooperativa.
A gestão atual, liderada por Wilson Niwa, presidente do Conselho de Administração desde 2013, foi alvo de críticas no ofício de Abujamra. O documento aponta que Niwa ocupa o cargo de forma irregular, já que também preside a Federação das Unimeds da Amazônia (Fama), o que juridicamente o impediria de administrar a Unimed Belém. Sua permanência no cargo coloca em risco a continuidade do uso da marca Unimed.
O texto ainda destaca que, enquanto o setor de saúde suplementar apresentou resultados positivos em 2021 e 2022, a Unimed Belém seguiu na direção oposta, com deterioração do caixa e contração de empréstimos bancários. Em novembro de 2021, a cooperativa atingiu apenas 3 pontos em uma avaliação econômico-financeira (em uma escala de 100), caindo para 2 pontos em 2022 e chegando a zero em alguns meses de 2023 e 2024.
Risco de recuperação judicial e dívidas milionárias
O ofício também menciona que a Fama já está sob direção fiscal e busca “legalizar o calote” por meio de recuperação judicial. A federação deve mais de R$ 6,5 milhões a prestadores de serviços da região Norte e ao sistema Unimed Nacional, sem contabilização de juros moratórios.