BELÉM 409 ANOS

Testemunhas de uma periferia em movimento

Explore os encantos de Belém, uma cidade com mais de 1,3 milhão de habitantes e bairros periféricos cheios de identidade e tradição.

Explore os encantos de Belém, uma cidade com mais de 1,3 milhão de habitantes e bairros periféricos cheios de identidade e tradição.
Explore os encantos de Belém, uma cidade com mais de 1,3 milhão de habitantes e bairros periféricos cheios de identidade e tradição. Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Belém -

A cidade de Belém tem mais de 1,3 milhão de habitantes, de acordo com o último Censo de 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É uma população considerável distribuída em bairros na região central, periférica e nos distritos. Nas periferias, a diversidade cultural fica evidente, com a expressão de identidades e tradições que fortalecem os laços da população com os bairros.

No Guamá, bairro mais populoso na capital paraense, com mais de 81 mil habitantes, há diferentes referências como a sede da Escola de Samba Bole-Bole, a Praça Benedito Monteiro, o bloco carnavalesco Mexe-Mexe e o clipper do Guamá. Este último trata-se de uma parada de ônibus, localizada na Rua Barão de Igarapé Miri, sendo uma estrutura remanescente de uma das paradas para os antigos bondes em Belém.

É nesse contexto que moradores do Guamá explicam a relação de longa data deles com o bairro. Desde criança, o empreendedor de frigoríficos Roby Silva, 56 anos, mora no bairro do Guamá e tem um estabelecimento bem em frente ao clipper do Guamá. A afetividade pelo bairro aumentou quando Roby começou o negócio no ramo das carnes pela área. “Aqui é um bairro populoso, com um povo animado e carismático”, afirma.

Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

O morador ressalta ainda que jamais pensou em morar em outro bairro e não se vê em lugar algum a não ser no Guamá. Conforme o empreendedor, o bairro tem uma energia que cativa as pessoas e que o povo é muito trabalhador, além de ter uma cena cultural expressiva. “Eu vi o bairro se transformar. Aqui funciona praticamente 24 horas por dia. A qualquer hora tem movimento e comércio aberto. Sem falar na época do carnaval que é bastante movimentada”.

Desde quando nasceu, o sapateiro Carlos Soares, 56, mora no bairro mais populoso da capital paraense.

“Eu nasci aqui por meio de uma parteira. Desde então, sou do Guamá”, como faz questão de ressaltar. Há pelo menos quatro décadas trabalhando em um quiosque no clipper, ele comenta que viu o bairro passar por muitas mudanças, como a melhoria das vias e crescimento populacional.

Desde quando nasceu, o sapateiro Carlos Soares, 56, mora no bairro mais populoso da capital paraense.
Desde quando nasceu, o sapateiro Carlos Soares, 56, mora no bairro mais populoso da capital paraense. Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

“O clipper aqui é um ponto de referência do bairro e até mesmo é um ponto de encontro. É um local de utilidade pública”, destaca Carlos sobre o famoso espaço. De acordo com o morador, a vida no bairro é bastante movimentada em muitos momentos, como nos finais de semana, principalmente.

“Todos os dias por aqui tem muita gente. É um bairro que não dorme porque enquanto uns estão chegando do trabalho, outros estão indo, como feirantes e trabalhadores do Ver-o-Peso”, explica.

JURUNAS

No bairro quase vizinho localizado às margens da Baía do Guajará, o do Jurunas, há 53.985 habitantes, sendo o sexto bairro mais populoso de Belém, segundo o IBGE. O Jurunas é retrato da ancestralidade e identidade indígena, com ruas que carregam nomes de povos originários como Apinagés, Tupinambás, Tamoios, Mundurucus, Timbiras, Pariquis e Caripunas. O bairro é a sede da escola de samba Rancho Não Posso Me Amofiná e tem um importante cartão-postal de Belém, a orla do Portal da Amazônia.

O bairro é a sede da escola de samba Rancho Não Posso Me Amofiná
O bairro é a sede da escola de samba Rancho Não Posso Me Amofiná Foto: Wagner Almeida / Diário do Pará.

Carlos Rendeiro tem 60 anos e possui uma longa história de vida com o Jurunas. Desde criança, ele mora no bairro e participa das diferentes manifestações culturais na sede da escola, como o carnaval e as festas juninas. Sendo artesão e aderecista do Rancho há 15 anos, Carlos afirma que a relação dele com o bairro é forte devido principalmente ao carnaval, pois a renda que ele ganha ao longo do ano vem com os trabalhos realizados por meio da escola. “É um bairro com fortes referências culturais”.

Sobre a possibilidade de morar em outro lugar, Carlos é categórico ao afirmar que as raízes dele cresceram no Jurunas e que não pensa em se mudar porque é no bairro que ele tira o sustento dele e da família. Além deste ponto, Carlos também ressalta que o bairro tem características bem marcantes, como a animação e a alegria. “Eu me criei aqui e quando chega a época do carnaval é muito animado”, diz o artesão sobre os vínculos existentes dele com o bairro do Jurunas.

Há 13 anos morando no Jurunas, a autônoma Marta Gomes, 65, afirma que já viu muitas transformações que melhoraram a vida da população na área. De acordo com a moradora, ela antes considerava perigoso por lá e reinava o sentimento de insegurança na região, mas que, atualmente, já não tem mais essa impressão. “Eu moro aqui há mais de dez anos e eu vi o quanto ficou bonito com a orla. Deu mais vida, movimento e segurança para cá”, comenta Marta sobre o Portal da Amazônia.

A autônoma afirma, ainda, que o Jurunas é um bairro que oferece muita diversidade de serviços, além do lazer, e que possui uma história com a cidade de Belém que reforça a importância do povo jurunense.

“A gente olha para a Baía do Guajará e se sente bem com a paisagem. Eu trabalho aqui no Portal da Amazônia e vejo o quanto de pessoas de outros bairros vêm visitar aqui, seja para passear, seja para fazer atividades físicas. Isso reforça a importância do nosso bairro”, comentou.