PRECAUÇÃO

Simulação de ataque químico mobiliza mais de 100 profissionais em Belém

Belém recebeu uma simulação de emergência química que movimentou mais de 100 profissionais das Forças Armadas e de órgãos de saúde durante a semana.

Belém recebeu uma simulação de emergência química que movimentou mais de 100 profissionais das Forças Armadas e de órgãos de saúde durante a semana.
Belém recebeu uma simulação de emergência química que movimentou mais de 100 profissionais das Forças Armadas e de órgãos de saúde durante a semana.. Foto: Agência Pará

Belém recebeu uma simulação de emergência química que movimentou mais de 100 profissionais das Forças Armadas e de órgãos de saúde durante a semana. Nesta sexta-feira (8), o treinamento, realizado no 2º Batalhão de Infantaria de Selva (2º BIS), marcou o encerramento da segunda etapa de capacitação em Defesa Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (DQBRN) promovida pelo Comando Operacional Conjunto Marajoara, criado pelo Ministério da Defesa para integrar as ações de segurança da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30). 

Nesta capacitação, a participação de agentes da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sespa), do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e de militares do Exército, de Belém e de Marabá, da Marinha do Brasil e da Força Aérea Brasileira.

A atividade reproduziu o cenário de um atentado durante a chegada de uma autoridade, exigindo evacuação, triagem, descontaminação e atendimento médico das vítimas. O general Júlio César Nagy, chefe do Centro de Operações do Comando Militar do Norte (CMN), destacou que esta é a segunda capacitação específica sobre DQBRN e que o objetivo é ampliar a preparação das tropas. 

“Essa é mais uma capacitação que a gente executou nesta semana. É a segunda nesse assunto específico, que faz parte da grande preparação do Comando Conjunto Marajoara, para melhorar a capacidade de resposta a incidentes químicos, biológicos, radiológicos ou nucleares, desde a prevenção até o atendimento imediato às vítimas”, explicou.

O general adiantou que os treinamentos seguem até outubro, com formações para militares de diferentes níveis de especialização. “No mês de outubro entraremos no Estado de prontidão para atender não somente nessa capacitação de defesa QBRN, mas também em segurança de vias, proteção de infraestruturas críticas, defesa antiaérea, operações especiais, guerra eletrônica e defesa cibernética”.

Sobre a simulação realizada, ele relatou que o cenário reproduziu a chegada de uma autoridade a um evento, quando um agente químico foi lançado, acionando a evacuação de autoridades e público. “Três públicos-alvo foram atendidos: a autoridade, aqueles que receberam impacto maior do agente químico e os que tiveram impacto menor”, descreveu. No total, segundo Nagy, “participaram cerca de 80 pessoas na capacitação e, durante a demonstração, o efetivo chegou a aproximadamente 140 integrantes, somando Forças Armadas, SAMU e Corpo de Bombeiros”.

Alessandro Ferreira, comandante do Pelotão de Reconhecimento e Vigilância Química do 1º Batalhão de Defesa QBRN, do Exército Brasileiro, sediado no Rio de Janeiro, detalhou que a simulação reproduziu a deflagração de um agente químico na chegada de uma autoridade, chefes de estado, ou que afeta a população em geral. Durante as instruções, conforme ele, “se empenha em fazer a recuperação do pessoal e física, tanto dos materiais quanto dos equipamentos”. “Um agente químico é uma arma não convencional, que pode ser utilizada para causar efeitos no corpo humano, como incapacitação, sufocamento, inabilidade das sinapses dos neurônios e também a inabilidade do sangue em fazer a sua troca gasosa”, afirmou.

A Marinha do Brasil participou por meio do 2º Batalhão de Operações Ribeirinhas. Para o capitão de fragata fuzileiro naval David Teixeira, o exercício fortalece a integração, parte do 2º módulo de capacitação na área de defesa. “Esse treinamento materializa a convergência de esforços das Forças Armadas com órgãos do Estado, especialmente da área de saúde, para garantir um ambiente seguro e estável durante a COP 30”, ressaltou.

No atendimento médico, o diretor-geral do SAMU em Belém, José Guataçara, destacou que a participação foi uma oportunidade de aperfeiçoar protocolos pouco comuns na rotina, para preparar as equipes para situações de múltiplas vítimas e cenários QBRN (Químico, Biológico, Radiológico e Nuclear). Segundo ele, “a Portaria 2048, que regulamenta o serviço, obriga a realização anual de capacitações desse tipo, envolvendo motoristas, condutores, técnicos e demais profissionais”. 

Ele explicou que, em casos assim, o atendimento do SAMU só ocorre após a descontaminação da vítima, quando uma equipe especializada faz nova classificação e direciona o paciente para a área adequada, nas cores para cada classificação, com o uso de equipamentos de proteção específicos. “Nós não temos essa experiência e agradecemos ao Exército por nos convidar, até mesmo para saber qual é a nossa localização no dia de uma situação dessa”, compartilhou.

Roberta Souza, diretora do Departamento de Vigilância e Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador da Sespa, ponderou que o trabalho conjunto vem sendo alinhado desde o ano passado. “Essa atuação vai funcionar de forma coordenada junto com todas essas instituições, garantindo uma resposta de prontidão para toda a população, possivelmente impactada”, disse. Sobre leitos reservados para emergências como essa, “dependendo do agente, algumas referências são nacionais e, se necessário, terá uma retaguarda estadual”, comentou.