MEIO AMBIENTE

Projeto garante sobrevivência das ararajubas em Belém

Conheça o projeto desenvolvido no Parque do Utinga que garantiu a sobrevivência das ararajubas, essas simpáticas aves amarelas

Projeto de reintrodução do Parque do Utinga já soltou 60 araras FOTOS: Bruno Cecim / Ag Pará
Projeto de reintrodução do Parque do Utinga já soltou 60 araras FOTOS: Bruno Cecim / Ag Pará

Até novembro deste ano, mês de realização da 30ª Conferência das Partes, a COP30, os céus de Belém já terão mais de cem ararajubas em pleno voo, graças ao Projeto de Reintrodução e Monitoramento de Ararajubas (Guaruba guarouba), no Parque Estadual do Utinga e Região Metropolitana pelo do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-bio), em parceria com a Fundação Lymington (SP).

A iniciativa existe desde 2017, e nos últimos anos registrou diversos avanços com aumento do número de aves, que estiveram extintas localmente, reintroduzidas na natureza. Atualmente, já são cerca de 60 ararajubas soltas.

O biólogo Rubens Aquino, que é técnico em Gestão Ambiental do Ideflor-Bio, afirma que a presença das ararajubas na região representa uma recuperação da biodiversidade, que é nativa da Amazônia e só ocorre em uma faixa restrita no Pará e Maranhão. O aumento da sua população significa não só garantir a sobrevivência da espécie, como a restauração do ecossistema.

Atualmente elas já estão se reproduzindo, o que significa que se pode falar em ararajubas selvagens, dando um indicativo das condições do habitat favoráveis, e com isso novas gerações serão formadas para restauração de funções ecológicas importantes, como a dispersão de sementes.

“Estamos na fase três de implementação do projeto com a intenção de reintroduzir mais 30 indivíduos neste ano em alusão à COP30. As aves vêm da Fundação Lymington para Belém para passar um período de treinamento, para aprenderem a se alimentar com frutos nativos, como açaí e muruci, e a se defender de predadores naturais”, detalha.

Ele conta ainda que reconhecimento de alimentos disponíveis no Parque do Utinga, adaptação ao clima, treinamento de voo, enriquecimento ambiental com a vegetação nativa e reconhecimento de predadores naturais, como as cobras, fazem parte das atividades desenvolvidas com as aves.

Aquino explica que, de novembro de 2025 em diante, o Ideflor-Bio encerra o projeto de reintrodução, com essa meta de mais de cem aves reintroduzidas, e segue apenas com o monitoramento das aves.

Para garantir a segurança e permanência das ararajubas na região, o parque possui vigilância realizada por segurança particular e pelo Batalhão de Policia Ambiental (BPA) nas proximidades do recinto do projeto. Aves reintroduzidas e as do aviário (recinto) são monitoradas diariamente pela equipe de biólogos e veterinários.

“É importante ressaltar que algumas das aves possuem um rádio-colar que emite uma frequência para ajudar na localização. A comunidade do entorno é outro componente importante no monitoramento dessas aves. A população é essencial para o sucesso do projeto, e um importante aliado na conservação das aves”, reconhece o biólogo.

O projeto possui o componente de Educação Ambiental com as escolas do entorno do Parque e com a comunidade em geral. Nessas campanhas educativas são realizadas a distribuição de uma cartilha intitulada “Ararajubas na Terra do açaí”, que pode ser acessada eletronicamente pelo site ideflorbio.pa.gov.br.

O material contém informações a respeito do projeto e para estimular o engajamento do público na missão de conservação da nossa fauna. “Utilizamos a Ararajuba como embaixadora da conservação de outras espécies também. A população pode contribuir ao avistar uma ararajuba, tirar foto com o seu próprio smartphone ou gravar a sua vocalização e fazer uma breve descrição do local onde foi avistada e enviar para [email protected]”, orienta Rubens.