SANTA DAS CAUSAS IMPOSSÍVEIS

Procissão das Rosas emociona com homenagem à Santa Rita de Cássia

A Procissão das Rosas, desde abril de 2019, é reconhecida como Patrimônio Cultural e Imaterial de Belém.

Foto: Irene Almeida
Foto: Irene Almeida

Por onde a imagem de Santa Rita de Cássia passava, era possível ver olhos marejados enquanto as mãos seguravam rosas. Saindo da Paróquia São José de Queluz, na avenida Cipriano Santos, no bairro de Canudos, nesta quinta-feira (22), a tradicional Procissão das Rosas, que reuniu centenas de fiéis em honra à Santa dos Impossíveis, conhecida por interceder nas causas mais difíceis e desesperadoras. 

Este ano, a celebração ganhou um significado ainda mais especial: depois de 15 anos, a imagem original da Santa voltou a percorrer as ruas, emocionando quem acompanhava o cortejo. A decisão de levar a imagem original às ruas tem um motivo simbólico. Neste 2025, completam-se 125 anos da canonização de Santa Rita de Cássia, feita pelo Papa Leão XIII em 24 de maio de 1900. A partir de agora, a imagem deve sair em procissão a cada 25 anos, como forma de jubileu, mantendo viva a memória e a tradição da Santa na comunidade.

Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

Quem conhece bem essa tradição é Jesuína de Oliveira Reis, de 82 anos, que carrega consigo décadas de devoção. Ela conta que aprendeu a ter fé com sua mãe e que, desde então, nunca deixou de participar da procissão. “Eu venho agradecer. Ela já me deu muita coisa: minha saúde, a proteção dos meus filhos, dos meus netos. Já passei por muitos problemas, principalmente na coluna, não podia mais nem andar, mas graças a Deus e à intercessão de Santa Rita, hoje estou aqui. Isso faz dois anos”, relembra, segurando firme sua rosa.

Messias Aguiar, de 65 anos, também fez questão de comparecer. Ele revela que a relação com a santa já dura mais de 50 anos e que carrega no peito o sentimento de gratidão. “Já fiz uma cirurgia de hérnia e hoje estou bem, graças a ela. Também sou muito grato pela formação do meu filho, pela saúde dos meus irmãos e dos meus amigos. Tenho muita fé em Santa Rita”, afirma.

Reflexões e Fé na Procissão

O Padre Carlos José, que cresceu na comunidade e hoje é pároco em Ananindeua, também fez questão de participar, à frente da procissão. Segundo ele, além da devoção, a festividade deste ano trouxe uma reflexão sobre o cuidado com a natureza e com a vida em sociedade. “O tema trata sobre a ecologia em todas as suas dimensões – financeira, ambiental e social. É um chamado para que todos cuidem da Casa Comum, como nos ensinou o Papa Francisco. E esse cuidado começa aqui, na comunidade, nas nossas ações diárias”, destacou.

Saindo de Icoaraci, a dona de casa Sandra Costa, de 45 anos, carrega a devoção desde a adolescência, quando, aos 15 anos, decidiu, por conta própria, seguir os passos de fé. Ela afirma que a caminhada com Santa Rita fortalece sua esperança. “Ela representa muita fé, perseverança. Quando a gente tem uma causa que parece impossível, ela é quem intercede. Eu venho todo ano para agradecer”, compartilhou, trajada com a imagem da Santa na camisa e nas mãos.

Percurso e Tradição da Procissão das Rosas

Entre cânticos, orações e pétalas lançadas ao chão, a procissão percorreu as principais ruas do bairro: saiu da Paróquia São José de Queluz, seguiu pela Avenida Cipriano Santos, passou pela Avenida Teófilo Condurú, Travessa Segunda de Queluz, Avenida Ceará, Travessa Primeira de Queluz, retornando, por fim, à igreja.