A presidência da COP30 (30ª conferência das Nações Unidas sobre mudança do clima) e o bilionário americano Michael Bloomberg, 83, anunciaram nesta terça-feira (29) uma parceria que envolve o compromisso de apoiar a agenda climática, tema da cúpula que acontece em novembro deste ano em Belém.
O anúncio foi feito pelo embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, e por Bloomberg, que é enviado especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para Ambição e Soluções Climáticas.
Para Bloomberg, ex-prefeito de Nova York, “essa parceria reunirá líderes locais, instituições financeiras e a sociedade civil para liberar mais financiamento para energia limpa, mais rapidamente”.
A colaboração entre o americano e a ONU no tema do clima é mais antiga. Em 2017, quando Donald Trump, no seu primeiro mandato como presidente dos EUA, tirou o país do Acordo de Paris pela primeira vez, Bloomberg interveio para manter as contribuições dos EUA nesta pauta.
Já em janeiro deste ano, Trump retirou o país pela segunda vez do acordo, e Bloomberg disse que sua fundação e outros apoiadores iriam financiar a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC, na sigla em inglês).
A intervenção deve permitir que o órgão mantenha seu financiamento, mesmo com a suspensão das contribuições por parte dos EUA, que fornecem 22% do orçamento do secretariado da UNFCCC. Os custos operacionais para o período de 2024-2025 são previstos em cerca de US$ 96,5 milhões (R$ 575 milhões).
Realizada uma década depois do Acordo de Paris, cujo objetivo é limitar o aquecimento do planeta em 1,5°C, a COP30 deve influenciar os próximos dez anos de ambição climática global.
Em 2025, os países-membro do Acordo de Paris devem apresentar suas novas contribuições nacionalmente determinadas (conhecidas como NDCs, na sigla em inglês). Diante de atrasos na apresentação das metas climáticas, as Nações Unidas trabalham com setembro como uma espécie de prazo informal para a entrega dos documentos.
LINHA DE FRENTE
Segundo o texto do anúncio, a Bloomberg Philanthropies, fundação de Michael Bloomberg, e a presidência da COP30 trabalharão juntas para garantir que as NDCs capacitem e impulsionem os líderes locais.
Nesse sentido, as NDCs devem ser apoiadas com financiamento e capital para atingir a meta global de triplicar a capacidade de energia renovável, além de interromper e reverter o desmatamento até 2030.
Além dos países, que estarão envolvidos nas negociações climáticas na COP, cidades, instituições financeiras, empresas e sociedade civil são atores subnacionais que devem estar bem integrados nas discussões climáticas globais, diz o texto.
“As cidades estão na linha de frente da crise climática e precisam de mais apoio para combater suas causas e se preparar para seus efeitos”, disse Bloomberg no comunicado.
Para Corrêa do Lago, “os que souberem se antecipar às mudanças radicais que estão por vir países, empresas e indivíduos serão os que prosperarão, ao abraçar a inovação, construir resiliência e se adaptar com agilidade”.
“A transição da economia global já está em curso, trazendo independência e segurança energética, redução de custos e melhores empregos”, afirmou o embaixador, no comunicado. “Essa parceria ajudará a mobilizar empresas, líderes locais e comunidades para impulsionar soluções reais na COP30 e muito além.”
O objetivo, segundo o texto, é transformar a COP30 em um marco para a energia limpa, os investimentos sustentáveis e a resiliência climática.
O presidente da cúpula destaca três metas: fortalecer o multilateralismo, conectar as negociações sobre o clima à realidade das empresas e das pessoas e promover mudanças estruturais para acelerar a implementação do Acordo de Paris.
Além disso, o anúncio cita as seguintes frentes estratégicas para ações climáticas: fomentar a atuação de cidades, estados e outros atores subnacionais; alavancar o financiamento privado e mobilizar capital; acelerar a transição global de energia limpa; e conservar o oceano e restaurar a natureza. A parceria também envolve a realização de eventos e de diálogos intersetoriais.
FERNANDO AZEVÊDO