Quando o DIÁRIO circular nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira (8), a Basílica Santuário já estará repleta de fiéis para a Missa das 7h, a primeira das quatro celebrações que marcam a reabertura oficial do templo. A Igreja esteve fechada por sete dias para a finalização das obras de restauro interno, executadas ao longo dos últimos 21 meses com recursos do Instituto Cultural Vale, via Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), sob a coordenação da pedagoga Luci Azevedo.
Uma data de significado litúrgico e cultural
A reabertura ocorre em uma data de grande simbologia: celebra-se a Natividade da Virgem Maria no calendário litúrgico mundial e, localmente, o Dia Municipal de Nossa Senhora de Nazaré, instituído pela Lei nº 9.315, de 6 de setembro de 2017. A data remete ao primeiro Círio, realizado em 8 de setembro de 1793.
Agora, entra para a história também como o dia da entrega da primeira restauração completa da Basílica desde a entronização da Imagem Original no atual templo, em 1920.
A simbólica “saída” da Imagem Original
Em 1920, a Imagem Original da Virgem de Nazaré percorreu o mesmo trajeto que fará hoje: da sacristia em direção ao altar. Este tipo de deslocamento é raro, tendo ocorrido apenas outras três vezes:
- Em 1980, levada ao então Palácio Episcopal durante a visita do Papa João Paulo II;
- No Círio 200, em 1992;
- Na cerimônia de descida da Imagem em 2021, conduzida por Albano Martins pela nave central até o átrio externo.
Programação litúrgica do dia 8 de setembro
- 7h: Missa com a entrada da Imagem Original no nicho do presbitério, presidida pelo Reitor Padre Francisco Assis.
- 9h: Segunda celebração, presidida por Padre Giovanni InCampo, com acendimento das luzes das capelas laterais e recolocação das insígnias basilicais no altar.
- 12h: Terceira celebração, presidida por Padre Paulo de Tarso, com o Transepto aceso e Ato de Memória ao primeiro Círio.
- 18h: Missa Solene de Reabertura da Basílica, presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Belém, Dom Júlio Endi Akamine, e concelebrada pelos Padres Barnabitas, curadores da Basílica desde 1905.
No intervalo, o Pároco Padre Francisco Cavalcante e Ana Carolina Alves, diretora de Relações Institucionais da Vale, fazem os discursos que marcam a entrega oficial das obras de restauro.
A subida da Imagem: da nave à Glória
Após a celebração da reabertura, inicia-se o tradicional momento da Subida da Imagem Original à Glória, um dos mais aguardados da festividade. A Glória é um bloco monumental com:
- 15.640 kg de mármore de Carrara,
- 5 metros de altura por 3 de largura,
- Detalhes em pastilhas douradas, nuvens e anjos, inspirada na “Gloria de Bernini”, da Basílica de São Pedro, em Roma.
Duas esculturas de anjos com asas abertas (870 kg cada) sustentam a imagem da Padroeira do Pará, com 28 cm de altura, revestida com manto filigranado e Coroa Pontifícia, presenteada durante o VI Congresso Eucarístico Nacional.
325 anos de Nossa Senhora de Nazaré em Belém do Pará
O ano de 2025 marca os 325 anos da presença de Nossa Senhora de Nazaré em Belém, a partir do achado da imagem original em 1700, nas margens do Igarapé Murucutu, afluente do Rio Guamá.
O altar doméstico de Plácido e Ana Maria, nas imediações da atual Basílica, foi o primeiro templo informal, sucedido por três ermidas construídas entre os séculos XVIII e XIX. Em seguida:
- A Igreja Matriz foi aberta oficialmente em 27 de abril de 1884.
- A Basílica atual teve sua pedra fundamental lançada em 24 de outubro de 1909, com presença do governador Augusto Montenegro e autoridades religiosas.
- A construção foi feita “de portas abertas”, acompanhada pelos fiéis.
Cronologia da Basílica Santuário
Ano | Evento |
---|---|
1852 | Lançamento da pedra fundamental da Igreja Matriz (12/09) |
1861 | Criação da Paróquia de Nazaré do Desterro |
1884 | Bênção canônica da Igreja Matriz de Nazaré (27/04) |
1909 | Pedra fundamental da atual Basílica (24/10) |
1920 | Entronização da Imagem Original na nova igreja |
1923 | Concessão do título de Basílica pelo Papa Pio XI |
1926 | Instalação do mosaico do Ábside |
1930 | Consagração dos nove sinos |
1949 | Instalação dos dois púlpitos (removidos em 1999) |
1952 | Instalação do órgão e revestimento de mármore da fachada |
1992 | Tombamento pelo DEPHAC/SECULT |
2006 | Elevação à Santuário Mariano (Dom Orani Tempesta) |
2025 | Declaração como Patrimônio Cultural Material e Imaterial do Pará (Lei nº 10.858) |
Texto de Marcelo Pinheiro