SAÚDE

População reclama do atendimento no PSM do Guamá (atualizada)

População reclama do atendimento no PSM do Guamá (atualizada) População reclama do atendimento no PSM do Guamá (atualizada) População reclama do atendimento no PSM do Guamá (atualizada) População reclama do atendimento no PSM do Guamá (atualizada)
HPSM do Guamá - Foto: Mauro Ângelo
HPSM do Guamá - Foto: Mauro Ângelo

A situação do Hospital e Pronto-Socorro Municipal Humberto Maradei Pereira (HPSM Guamá) levou a Justiça a acatar uma Ação Civil Pública ajuizada pela 3ª Promotora de Justiça de Direitos Constitucionais Fundamentais e dos Direitos Humanos de Belém (PJ da Saúde), Fabia de Melo-Fournier. A decisão judicial, proferida pela 5ª Vara de Fazenda Pública da capital, destaca as condições insalubres e a precariedade dos serviços prestados na unidade, localizada no bairro do Guamá, determinando uma série de medidas que devem ser implementadas em até 30 dias pelo Município de Belém.

A equipe de reportagem do DIÁRIO esteve no local na manhã desta segunda-feira (26) para acompanhar a busca de atendimento da população. Aldino Silva, 54 anos, que trabalha com refrigeração e reside há mais de 20 anos no bairro do Guamá, diz que sua esposa já precisou dos serviços do hospital e, no caso dela, foi atendida, mas reconhece que a estrutura do local precisa de melhorias significativas – tanto no atendimento quanto de insumos. “Quando chega aí no pronto-socorro, às vezes, eles [funcionários] estão um pouco cansados para nos atender e acabam demorando; e, então, chega [mais] a população também e acaba saturando. Infelizmente, é assim”, comentou sobre a situação de demora nos atendimentos.

Outro morador do bairro e marteleteiro no ramo da construção civil, Alan Santos, 28, precisou recorrer à unidade para ser avaliado, pois apresentava sintomas de gripe. Ele expressa a preocupação com a falta de insumos básicos e a superlotação da unidade:

“A gente precisa do SUS (Sistema Único de Saúde) e, assim, está funcionando, mas demora bastante. Na situação que estou, não recebi nenhuma máscara e tem gente sendo atendida sem o uso de luva no procedimento. Tenho conhecidos que precisam de atendimento também e se queixam da falta de remédios essenciais e até macas”, afirma Alan que chegou ao hospital às 9h30 e só foi atendido uma hora depois.

ENTENDA

O juiz Raimundo Rodrigues Santana, da 5ª Vara de Fazenda Pública, rejeitou a defesa da prefeitura, que argumentava sobre uma suposta interferência indevida do Poder Judiciário nas decisões administrativas. O magistrado reconheceu a validade das alegações do Ministério Público sobre a situação precária da unidade de saúde, destacando que a melhoria na prestação de serviços públicos essenciais, como os da saúde, é uma obrigação legal. 

Diante disso, a decisão judicial estabeleceu que o Município de Belém deve, no prazo de 30 dias, apresentar uma planilha detalhada dos medicamentos em falta, apontando as substituições necessárias, além de regularizar o abastecimento de insumos, melhorar as condições dos móveis e corrigir o armazenamento inadequado de resíduos. O juiz também determinou a agilização do fluxo de análises laboratoriais para reduzir o tempo de espera pelos resultados dos exames. Caso a prefeitura não cumpra as medidas, estará sujeita a uma multa diária de R$30 mil, podendo atingir o valor máximo de R$300 mil.

O QUE DIZ A SESMA

A Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), em nota, afirmou que na segunda-feira (26), “o atendimento na unidade estava sendo realizado dentro da normalidade”, seguindo o Protocolo de Manchester, que prioriza os casos mais graves. A secretaria reconheceu que, como hospital de portas abertas, o HPSM Guamá pode eventualmente enfrentar um aumento na procura, o que pode resultar em maior tempo de espera.

A Sesma também refutou as alegações de falta de medicamentos e insumos, garantindo que os estoques de máscaras, luvas e outros materiais estão abastecidos. Quanto ao estado de conservação do hospital, a secretaria informou que “os demais equipamentos e mobiliário do hospital estão em bom estado de uso, apesar de haver, em alguns casos, marcas e desgastes comuns ao tempo e uso frequente”.

SINDMEPA

Por outro lado, o Sindicato dos Médicos do Estado do Pará (Sindmepa) expressou apoio às ações do Ministério Público e da Justiça, destacando que “essas ações se somam aos nossos esforços que, há muito, temos denunciado o descaso com a saúde pública”. O sindicato também apontou problemas adicionais, como: “além da situação precária das unidades de saúde, convivemos frequentemente com atrasos nos pagamentos dos profissionais o que gera incertezas aos médicos quanto à garantia do sustento de suas famílias e coloca em dúvida a manutenção de um trabalho que essencial para toda a sociedade”, concluiu.