SAÚDE

População de Belém está insatisfeita com serviços públicos

Pesquisa mostra que a capital paraense tem um dos mais altos índices de insatisfação com atendimentos relacionados à saúde, educação, economia e mobilidade urbana

População de Belém está insatisfeita com serviços públicos População de Belém está insatisfeita com serviços públicos População de Belém está insatisfeita com serviços públicos População de Belém está insatisfeita com serviços públicos
Durante a coletiva, Igor Normando vai apresentar detalhes do projeto de reestruturação física e funcional do PSM
Durante a coletiva, Igor Normando vai apresentar detalhes do projeto de reestruturação física e funcional do PSM. FOTO: Ricardo Amanajas

A população de Belém está bastante insatisfeita com serviços essenciais relacionados à saúde, educação, desenvolvimento econômico e mobilidade urbana. A conclusão está na Pesquisa Qualidade dos Serviços Públicos, realizada pela Agenda Pública em parceria com o Instituto de Direito, Economia Criativa e Artes (Idea), sendo que, em alguns quesitos, a cidade teve o pior desempenho dentre as dez capitais analisadas em mais de três mil entrevistas.

De acordo com o levantamento, os moradores de Belém expressaram o maior nível de insatisfação (soma das respostas “muito insatisfeito” e “insatisfeito”) em relação a tempo de espera para realização de exames (79%) e tempo de espera para a realização de consultas (77,6%). No entanto, também Belém apresenta o segundo maior índice de satisfação em relação à disponibilidade de médicos, com 14%, perdendo apenas para Curitiba, com 15,6%.

A insatisfação continua alta quando se fala em disponibilidade de medicamentos (74,8%), qualidade da infraestrutura das unidades de saúde/ambientes hospitalares (69,9%), quantidade de hospitais municipais (67,8%), disponibilidade de médicos (67,1%), higiene das unidades de saúde/ambiente hospitalares (60,8%) e desempenho de médicos e enfermeiros ou outros profissionais de saúde nas unidades de saúde/ambientes hospitalares (49,7%). A pesquisa concluiu que saúde é o terceiro maior problema de Belém, segundo seus moradores, e a capital do estado ocupa a penúltima classificação na dimensão de saúde medida pelos indicadores da pesquisa entre as capitais da região Norte.

Quando o tema é educação, os habitantes da cidade também apresentaram o maior nível de insatisfação entre as capitais analisadas em relação a quantidade de creches municipais (70,6%) e de escolas municipais (65%). Na avaliação dos serviços educacionais municipais, mais da metade dos moradores de Belém manifestaram insatisfação em relação a qualidade da infraestrutura das escolas municipais (70,6%), qualidade do ensino na rede municipal (65%) e qualidade do conteúdo aplicado na rede municipal de educação (59,4%). Por outro lado, o maior nível de satisfação (soma das respostas “muito satisfeito’ e “satisfeito”) do município se refere ao desempenho dos professores e demais profissionais do ensino, com 23,8%.

Apoio

Na categoria “desenvolvimento econômico”, a capital do Pará registra o maior nível de insatisfação nos quesitos apoio aos empreendedores (67,8%) e impostos municipais para empreendedores e empresas (65,7%). Em paralelo, Belém não registra os menores índices de satisfação nesses critérios.

Em relação ao apoio aos empreendedores, 9,8% dos entrevistados estão satisfeitos, valor superior ao de Belo Horizonte, que registra 9,5%, por exemplo. Quanto à satisfação com os impostos municipais para empreendedores e empresas, Belém apresenta 9,1%, sendo o quarto maior índice entre as dez capitais analisadas, atrás apenas de Curitiba (14,3%), Goiânia (10,1%) e Belo Horizonte (9,9%).

Os serviços avaliados nesta dimensão – programas de inovação, incubação ou aceleração de empresas; geração de renda e empregos; e programas para inserção de jovens, pessoas mais velhas ou em situação de vulnerabilidade no mercado de trabalho – possuem um nível de satisfação em torno de 10%. Para quem mora em Belém, o desemprego é o quarto maior problema do município.

Quando a pergunta é se a prefeitura de Belém promove a igualdade de gênero e a inclusão social, apenas 23,8% dos moradores concordam, enquanto 32,9% discordam e 35,7% se mantêm neutros. O restante não soube responder. É o segundo maior índice de discordância entre as capitais analisadas, ficando atrás apenas de Goiânia (33,1%).

A partir dos dados sobre famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) no município entre janeiro de 2021 e janeiro de 2023, a quantidade de famílias em situação de extrema pobreza saltou de 127.807 a 233.811, um aumento de aproximadamente 83%, enquanto que a quantidade de famílias em situação de pobreza reduziu aproximadamente 9% – saiu de 33.276 para 30.421. Vale destacar que a capital paraense foi a única entre as capitais da região Norte que apresentou uma redução na quantidade de famílias em situação de pobreza durante o período analisado. No entanto, o aumento expressivo de famílias em situação de extrema pobreza e de famílias com renda per capita mensal de meio salário mínimo sugere um agravamento das desigualdades e a necessidade urgente de políticas públicas direcionadas.

Mobilidade

A insatisfação é alta entre belenenses quando os quesitos são higiene dos ônibus/metrô/trens (81,8%), trânsito (80,4%), poluição sonora ou atmosférica (gases) geradas (79%), tempo de espera para tomar um ônibus/trem/metrô (75,5%), preço das passagens de transporte público (71,3%), qualidade do asfalto (71,3%), quantidade/qualidade de ciclovias (69,9%) e desempenho de condutores, motoristas e de outros profissionais da rede de transportes (68,5%).

Os resultados indicam que é necessário um plano integrado de intervenções não estruturais e estruturais para aumentar a qualidade e a satisfação com os serviços de mobilidade urbana. De acordo com estudo comparativo do impacto do gasto mensal com transporte público nas capitais brasileiras, Belém apresenta um impacto de 18,41%. O município ocupa a 21ª posição entre as capitais analisadas.