A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (16), a Operação Óbolo de Caronte, com o objetivo de desarticular um esquema de corrupção envolvendo contratos de obras e serviços da antiga Secretaria Municipal de Saneamento de Belém (Sesan) — atual Sezel. O grupo, que atuava na secretaria na gestão do ex-prefeito Edmilson Rodrigues (Psol) – é suspeito de fraudar licitações, desviar recursos públicos e lavar dinheiro entre os anos de 2020 e 2024.
Foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão, 12 afastamentos cautelares de servidores públicos, três suspensões de contratos e medidas de sequestro de bens em Belém (PA) e no Rio de Janeiro (RJ), por determinação da Justiça Federal.
A investigação segue em sigilo, mas, segundo fontes da corporação, os indícios já apontam para um dos maiores casos de desvio de recursos em contratos de saneamento público na história recente de Belém.
Em nota a Prefeitura de Belém informou que a prefeitura prestou total colaboração À PF durante a operação e entregou toda a documentação solicitada, referente aos contratos firmados na gestão anterior. “A Prefeitura reitera seu compromisso com a transparência e a legalidade na administração pública e permanece à disposição das autoridades para contribuir integralmente com as investigações”, afirma a nota.
Batizada de Óbolo de Caronte, em referência ao pagamento simbólico feito ao barqueiro da mitologia grega que conduzia almas ao além, a operação busca responsabilizar servidores e empresários envolvidos no suposto esquema e impedir novos prejuízos ao erário. Os materiais apreendidos — documentos, equipamentos eletrônicos e extratos bancários — passarão por análise pericial.
Contratos e Investigações
Segundo a PF, as empresas ligadas ao grupo investigado firmaram contratos que somam cerca de R$ 153 milhões, incluindo obras consideradas prioritárias para a capital paraense. As investigações apontam indícios de saques em espécie logo após o pagamento de recursos públicos, prática típica de lavagem de dinheiro.
Em uma das ações de fiscalização, realizada em novembro de 2024, os agentes apreenderam R$ 601 mil em espécie, reforçando as suspeitas de movimentações financeiras ilícitas.
Foco no Projeto Mata Fome
Entre os contratos investigados está o do Projeto Mata Fome, incluído no PAC Seleções do Governo Federal, com valor estimado em R$ 132 milhões. A licitação foi suspensa pelo Tribunal de Contas dos Municípios do Pará (TCM-PA) em janeiro de 2025, após a identificação de possíveis irregularidades no processo.
Os investigadores acreditam que parte dos desvio de recursos desviados teria origem justamente nesse projeto, destinado à execução de obras de saneamento básico e urbanização em áreas de vulnerabilidade social de Belém.
Editado por Clayton Matos