Se locomover por Belém é ter a certeza de encontrar as vias da capital com o trânsito intenso e, muita das vezes, congestionado, principalmente nos horários de pico. Uma das mais importantes é a avenida Duque de Caxias, que pelo fluxo constante, acaba sendo espaço para diversas irregularidades cometidas por motoristas, incluindo os motociclistas. Um risco diário para quem precisa andar pela faixa de pedestre, ciclovias e até calçadas.
“O desrespeito a sinalização é visível a qualquer hora do dia aqui. Costumo usar a avenida para ir e voltar do trabalho, mas com todo cuidado do mundo para não ser atropelado, principalmente quando tenho que atravessar a faixa porque os motociclistas não podem ver uma brecha que querem avançar, é sempre um risco andar por aqui”, conta Francisco Maurilio, garçom.
No perímetro que dá acesso à travessa Estrela, por exemplo, não é difícil se deparar com cenas de desrespeito às leis de trânsito. Segundo moradores, as infrações não são cometidas apenas por motociclistas: condutores de carros particulares e motoristas de transporte público também trafegam pela faixa exclusiva de ciclistas e muitas das vezes nem param para os passageiros que aguardam na parada.
“Às vezes eu tenho que atravessar a avenida correndo ou em meio aos carros porque os motoristas querem usar a avenida fora da faixa, isso não é seguro para ninguém. Eles cortam uns aos outros, avançam os sinais e até chegam a bater os carros. É sempre uma parelha de buzinas”, disse Isabela Dantas, contadora.
Quem passa próximo ao entorno do Santuário de Nossa Senhora de Fátima, percebe a falta de fiscalização no cruzamento entre a avenida Duque de Caxias e a rua Antônio Barreto. Conforme a cozinheira Cristina Almeida, no dia 27 de agosto um homem morreu após ser atropelado duas vezes, após sair de estabelecimento comercial próximo à Igreja de Fátima, como fazia habitualmente.
“Não tem fiscalização, o pessoal avança o sinal, sobe nas calçadas, sempre um risco diferente. Esses dias eu presenciei a morte de um cliente. Ele estava na beira da pista, deu alguns passos como se fosse atravessar, mas depois voltou. Foi nesse momento em que uma moto em alta velocidade bateu nele e jogou ele para a pista e carro passou por cima. Foi algo aterrorizante. A gente precisa sim de fiscalização”, afirmou a cozinheira.
Só neste ano, em um prazo de seis meses, segundo a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) foram registradas mais de dez mil infrações de trânsito cometidas na capital paraense. A maior parte das violações às leis observadas foram por excesso de velocidade, que ocorre principalmente nas grandes vias.
“Para conter as práticas irregulares, Belém conta o Centro de Controle de Operações (CCO), no qual 21 novos radares foram instalados ao longo da cidade, considerando os seis novos que entraram em funcionamento em abril e outros quinze que passaram a operar em junho deste ano”, informou a superintendência.