BELÉM, A TERRA DAS OPORTUNIDADES

Oportunidades de trabalho só crescem na capital paraense

Em meio à expectativa para a COP 30 e o maior movimento de turistas na cidade, novas vagas de emprego têm surgido, segundo o Dieese. O DIÁRIO conversou com quem já tem a sonhada vaga

Paula Velasco. Fotos: Antonio Melo
Paula Velasco. Fotos: Antonio Melo

Belém -

A busca por oportunidades na capital também faz parte do cenário de Belém. A capital mais antiga da Amazônia viveu um intenso crescimento populacional no século XX, com pessoas vindas do interior e de estados mais pobres em busca de trabalho – um fenômeno que pode ser chamado de êxodo rural. Em 1900, a população total da cidade era de aproximadamente 97 mil pessoas. Em 2000, esse número chegou a 1.297.688 habitantes, com o número de moradores mais do que dobrando entre 1960 e 1980, quando passou de 402 mil para 949 mil. Atualmente conta com 1,3 milhões de moradores.

Apesar das dificuldades enfrentadas no início do século, a resiliência da “cidade das mangueiras” manteve vivo seu potencial econômico. Ancorada em uma cultura popular riquíssima e no intercâmbio de conhecimentos ancestrais, com um toque cosmopolita, além da beleza amazônica em meio à selva de pedra, os últimos anos trouxeram uma revolução na forma como Belém é vista no mundo.

Atualmente, a cidade vive um ciclo virtuoso, com o aumento do fluxo de visitantes e de investimentos públicos e privados. Para atender à crescente demanda turística, o setor de serviços têm apostado fortemente na criação de novos postos de trabalho. As obras também injetam recursos na economia, gerando mais contratações. A COP-30 – Conferência da ONU sobre Meio Ambiente, que será realizada no Pará em novembro de 2025 – já causa reflexos no aquecimento econômico da capital.

Uma pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que, no ano passado, Belém foi a principal geradora de novos postos de emprego no Estado, de janeiro a novembro.

“Os dois macro setores tradicionais aqui da capital paraense são comércio e serviços, mas estamos ganhando destaque com a ampliação das atividades ligadas ao turismo. Mais recentemente, Belém está tendo um aumento nos postos de trabalho ligados fortemente ao setor da construção, principalmente pelas obras da COP-30”, explica Éverson Costa, supervisor técnico do Dieese-PA.

O grande mercado consumidor da capital a posiciona como uma importante geradora de empregos formais, com carteira assinada. “Se olharmos para os 144 municípios, 70% deles apresentam saldo positivo, e Belém é o município paraense que mais gera empregos até aqui. São 16 mil postos de trabalho, representando um terço de tudo o que o estado gerou”, informa Costa.

A trinca turismo, serviços e comércio sempre representou a maior parte do PIB – Produto Interno Bruto – do município, com 67% de toda a riqueza anual produzida por esses setores. A indústria, por sua vez, corresponde a cerca de 15% do PIB, segundo dados do IBGE. Costa destaca que o turismo deve ser a atividade mais impactada positivamente e que deve se manter forte mesmo após a COP. “Belém tem um portfólio que proporciona ao turista aquilo que ele mais busca: experiências marcantes. O que o turista deseja quando procura uma atração é ter uma experiência única. Estamos nos especializando para entrar definitivamente no mapa turístico internacional. Essa é, inclusive, uma das expectativas que temos como legado da COP-30”.

Com a perspectiva de atrair eventos e a reestruturação dos equipamentos urbanos, os trabalhadores que contribuem para o crescimento da cidade estão cada vez mais atentos e se preparando para melhor atender os visitantes locais e estrangeiros.

“A ansiedade está grande. Parece que a gente já quer que chegue logo a COP”, declara Márcio Evangelista, 45 anos, garçom de um bar na Estação das Docas. “A gente espera um ganho de mais ou menos 100% no que ganhamos normalmente, não só nas datas da COP, mas no mês todo de novembro. Esperamos muita gente na cidade. E nós estamos com a expectativa de juntar o que ganharmos durante esses dias. Em dez dias, será praticamente o equivalente a dois meses de salário”, projeta Evangelista.

“A ansiedade está grande. Parece que a gente já quer que chegue logo a COP”, declara Márcio Evangelista, 45 anos, garçom de um bar na Estação das Docas.
“A ansiedade está grande. Parece que a gente já quer que chegue logo a COP”, declara Márcio Evangelista, 45 anos, garçom de um bar na Estação das Docas.

O garçom também compartilha conselhos para quem deseja garantir boas gorjetas e se destacar no trabalho. “Bom atendimento, conhecimento do que você está vendendo, saber, não saber só o cardápio, em si dá uma informação sobre a Baía do Guajará, a Estação das Docas, que ano surgiu a estação, o que que Belém tem de bom para abranger nestes dias que terão na COP, o que eu posso sugerir além da Estação das Docas em outros lugares”, aconselha Evangelista, que ressalta saber falar inglês e um pouco de francês.

A necessidade de entender outros idiomas também é reconhecida pela garçonete Paula Velasco, 27. “Bem, no final do ano passado já tinha bastante turista. Em outubro, novembro, dezembro, a gente já via muitos estrangeiros. E é preciso se virar para falar com eles. A gente consegue, mas aprender mais, principalmente inglês, vai ajudar muito para a COP-30.”

Os dados da pesquisa do Dieese mostram que o crescimento não se limita às vagas informais, mas também inclui empregos formais, que oferecem maior segurança trabalhista a médio e longo prazo.

Vinícius Santos, 21, conquistou há dois meses seu primeiro emprego formal como frentista.
Vinícius Santos, 21, conquistou há dois meses seu primeiro emprego formal como frentista.

Vinícius Santos, 21, conquistou há dois meses seu primeiro emprego formal como frentista. O jovem, sem experiência prévia, usará o salário para pagar um curso técnico de radiologia. “O emprego é o que nos permite buscar nossos objetivos. Sem trabalho, ninguém consegue nada, até porque não somos herdeiros. O emprego é o que sustenta o que a gente quer fazer, no meu caso, o curso”, relata Santos.