Belém

Ofício de erveiras do Ver-o-Peso é Patrimônio Cultural Imaterial de Belém

Beth Cheirosinha Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Beth Cheirosinha Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

A Câmara de Vereadores de Belém aprovou, por unanimidade, projeto de lei da Bancada Mulheres Amazônidas (Psol) que reconhece o ofício das erveiras do Mercado do Ver-o-Peso como Patrimônio Cultural Imaterial de Belém.

O ofício é uma exímia expressão das culturas indígenas, negras e ribeirinhas na capital paraense. Exercido, sobretudo, por mulheres e transmitido de geração para geração por meio da oralidade, o ofício implica no conhecimento de ativos medicinais presentes em ervas, cascas, raízes e outros elementos presentes na natureza. Eles são manipulados artesanalmente e se transformam em banhos, óleos, pomadas e perfumes, prescritos para a cura de enfermidades físicas, emocionais e espirituais.

O complexo do Ver-o-Peso, tombado pelo Iphan em 1977 e considerado a maior feira ao ar livre da América Latina, reserva aos consumidores o setor de ervas, espaço dedicado às bancas de dezenas de erveiras, muito procuradas pela população local e por turistas.

O Boi Garantido, tradicional agremiação que desfila no Festival Folclórico de Parintins, do Amazonas, homenageou as erveiras em 2019, com especial menção à Dona Coló, uma das mais antigas e reconhecidas erveiras do mercado. O boi foi vitorioso no concurso. Em 2021, a Prefeitura de Belém também homenageou Dona Coló, com a comenda Francisco Caldeira Castelo Branco, a mais importante do município. Ela completará 71 anos de idade em agosto de 2024 e, com a saúde debilitada, conta com as filhas para dar continuidade às suas práticas e ao comércio na feira, que foi antecedido pela formação de mateira – aprendendo a reconhecer as plantas, capturá-las e mesmo cultivá-las.

Muito antes do Boi Garantido, a jornalista e escritora paraense Eneida de Moraes (1903-1971) já havia celebrado o ofício das erveiras e seus feitos em uma de suas clássicas obras memorialísticas, Banho de Cheiro.