
Belém e Pará - As obras de revitalização da Praça da Bandeira, em Belém, iniciadas em 23 de julho, já começaram revelando fragmentos do passado da cidade. Logo no primeiro dia de escavações, foram encontrados vestígios arqueológicos que lançam luz sobre a ocupação histórica da área. A requalificação do espaço faz parte da instalação artística FREEZONE Cultural Action, que será apresentada durante a COP30, em 2025, na capital paraense.
A iniciativa é resultado de uma parceria entre o Instituto Cultural ARTÔ (responsável pela FREEZONE), o Comando Militar do Norte e a Prefeitura de Belém. A empresa Arruda Arquitetura e Restauro e a equipe da Amazônia Arqueologia também participam do projeto, sendo esta última encarregada do acompanhamento arqueológico.
Na próxima sexta-feira, a equipe de escavação estará em campo conduzindo os trabalhos, que devem render imagens mais expressivas do processo. Após essa etapa inicial, o monitoramento arqueológico seguirá ao longo de toda a obra, acompanhando as intervenções de engenharia e coletando materiais que possam surgir.
Paralelamente, arqueólogos realizam análise laboratorial dos achados, curadoria, produção de artigos científicos e ações de educação patrimonial, como contato com moradores do entorno e comunicação com a imprensa. Relatórios mensais são enviados ao IPHAN, que acompanha de perto todas as fases da intervenção.
Fragmentos que contam a história de Belém
“A ação já começa fazendo história”, afirma Giovanni Dias, idealizador da FREEZONE. “O início das obras coincidiu com a descoberta de fragmentos que ajudam a compreender o passado desse espaço simbólico da cidade. Trata-se de uma intervenção de arte e cultura para conectar o presente e o futuro de forma criativa e sensível.”
Escavações revelam moedas e cerâmicas dos séculos XVIII e XIX
Sob coordenação do arqueólogo Kelton Mendes, a equipe da Amazônia Arqueologia já identificou, nos primeiros 50 cm de escavação, fragmentos de cerâmica, louça, vidro, ferro e até moedas dos séculos XVIII e XIX.
“Esses objetos ajudam a traçar um panorama da ocupação e uso do território ao longo do tempo”, explica o arqueólogo.
Destinação e cuidado com os achados
Os materiais encontrados estão sendo coletados, armazenados e catalogados com supervisão técnica. Tainá Arruda, arquiteta e restauradora do projeto, destaca que todos os procedimentos seguem as diretrizes do IPHAN:
“Estamos fazendo todo o processo em diálogo com o IPHAN. A cada etapa, relatórios são enviados e validados. O órgão acompanha a obra e a destinação dos achados”, afirma.
Parte dos itens será exibida futuramente em parceria com o Museu do Estado do Pará. “Queremos que esses fragmentos não fiquem apenas nos registros técnicos. Eles são parte da memória da cidade e merecem ser compartilhados”, ressalta Tainá.
Sobre o Instituto ARTÔ
Fundado em 2020, o Instituto Cultural ARTÔ acredita na arte como ferramenta de transformação social. Inspirado pelo “Código da Modernidade” do filósofo colombiano Bernardo Toro, o instituto reúne artistas, educadores e profissionais de diferentes áreas em ações voltadas à inclusão, sustentabilidade e impacto social.
Com forte atuação em arte-educação, o ARTÔ desenvolve projetos que fortalecem comunidades, promovem o protagonismo jovem e criam pontes entre cultura, território e futuro.