
A pouco mais de 25 km do centro de Belém, o Porto de Outeiro passa por uma das maiores reformas de sua história para receber parte dos participantes da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em novembro. Com um investimento de R$ 233 milhões, o terminal será adaptado para atracar navios de cruzeiro com capacidade de hospedagem para cerca de 6 mil pessoas.
Segundo o presidente da Companhia Docas do Pará (CDP), Jardel Rodrigues, em entrevista ao Valor Econômico, essa é a maior intervenção desde que o porto iniciou as operações, em 2004. As obras incluem a ampliação das estruturas de atracação (chamadas “dolphins”) e a construção de um novo píer, permitindo que embarcações de até 80 mil toneladas de porte bruto possam atracar no local.
O projeto visa transformar o terminal em uma estrutura mista, apta a receber tanto passageiros quanto cargas, dobrando sua capacidade de operações simultâneas. A expectativa da CDP é que o faturamento do porto, que foi de R$ 10,5 milhões em 2024, também dobre após o evento.
Além disso, o local contará com um novo terminal de recepção de hóspedes. A Embratur será responsável pela contratação dos transatlânticos, cuja licitação deve ocorrer ainda em junho. O valor estimado do contrato é de R$ 263 milhões, que será coberto parcialmente por recursos do governo federal e da venda de cabines.
A frota prevista deve contar com pelo menos 2.750 cabines e 6 mil leitos. Desses, 600 serão destinados à equipe da Convenção da ONU e outros 500 para delegações de países em desenvolvimento, pagos pela própria organização.
Para facilitar o acesso entre a ilha de Outeiro e o distrito de Icoaraci, o governo estadual está construindo uma nova ponte, com previsão de entrega em setembro — mesma data prevista para a inauguração do novo porto. Já a Prefeitura de Belém promete concluir em 45 dias a nova iluminação e pavimentação da via de acesso ao terminal.
Durante a COP30, o transporte dos hóspedes será feito com ônibus fretados até o Parque da Cidade, epicentro do evento. A pesquisadora da UFPA Patrícia Bittencourt avalia positivamente a proposta, mas alerta para possíveis complicações no trânsito da capital.
“Mesmo com uso da faixa exclusiva de BRT e o feriado municipal nos dias da COP30, é provável que o trânsito fique bastante congestionado, com o fluxo de autoridades, delegações e veículos oficiais”, pontua.