UM BOM MOTIVO

Museu Emilio Goeldi fechará temporariamente. Saiba até quando

Primeiro Parque Zoobotânico do Brasil comemora 130 anos com programação especial que se estenderá até o fechamento

O Museu Goeldi convida a sociedade para as comemorações de aniversário da mais antiga de suas três bases físicas no Pará, na manhã desta sexta-feira (15) Foto: Divulgação
O Museu Goeldi convida a sociedade para as comemorações de aniversário da mais antiga de suas três bases físicas no Pará, na manhã desta sexta-feira (15) Foto: Divulgação

 Primeiro do seu gênero no Brasil, o Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi completa 130 anos de criação no próximo dia 15 de agosto. Situado na área continental de Belém, este é um espaço para vivenciar a diversidade biológica e cultural da Amazônia em meio a um universo de mais de 3 mil plantas, 4 mil animais, monumentos à personagens da ciência e prédios históricos da capital paraense. As homenagens ressaltam o patrimônio que faz parte da vida de quem vive ou visita a cidade.

Localizado no bairro de São Brás, o Parque se une ao Campus de Pesquisa, no bairro da Terra Firme, e à Estação Científica Ferreira Pena, na Floresta Nacional de Caxiuanã, no Marajó, estruturando as bases físicas da mais antiga instituição científica da Amazônia brasileira, o Museu Goeldi, fundado em 1866.

A programação alusiva ao aniversário do Parque Zoobotânico se dará no decorrer de toda a manhã da sexta-feira, 15, e marca mais uma etapa histórica do ciclo de renovação da sua estrutura: parte de seu patrimônio receberá intervenções físicas que exigem a interrupção de visitações públicas, a partir de segunda-feira (18), estendendo-se até o início do mês de outubro.

O investimento integra o conjunto de contrapartidas à instituição, que acolherá delegações nacionais e internacionais durante a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP-30, na capital paraense, em novembro.

As atividades comemorativas do aniversário do Parque Zoobotânico contarão com a parceria da Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental do Pará (Ciea/PA) e da organização social Ecofalante. De 8h às 12h, a população contará com ações concentradas na área da samaumeira jovem e também no hall e no auditório do Centro de Exposições Eduardo Galvão.

No hall do Centro de Exposições, os visitantes têm à disposição uma cuidadosa mostra com fotografias históricas do Parque Zoobotânico, selecionadas no Arquivo Guilherme de La Penha, do Museu Goeldi.

Como parte da celebração, o público também terá a possibilidade de apreciar o ambiente semi-aberto e reformado dos Xernathra, onde se encontram três preguiças-real e a tamanduá-bandeira fêmea, conhecida como Haru, nova integrante do plantel da fauna do parque. Oriunda de resgate no município de Tomé-Açu, Haru estava em processo de restabelecimento de saúde e adaptação no parque há um ano e meio.

No roteiro de atrações, os visitantes têm acesso às mostras de longa duração Baleia à Vista, no Aquário Jacques Huber, e Diversidades Amazônicas, no centro de exposições. Cada visitante ainda poderá percorrer de forma autônoma uma trilha para conhecer e acessar conteúdos, disponíveis por meio de placas com QR Code, fruto de estudos realizados pelo Consórcio de Pesquisa em Biodiversidade Brasil-Noruega (BRC).

A taxa de entrada no parque pode ser paga por meio de PIX e as atividades são gratuitas.

 O conjunto arquitetônico e paisagístico do Parque Zoobotânico do Museu Goeldi, com uma área de 5,4 hectares, foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1993. Ele abriga uma significativa mostra da fauna e flora amazônicas, sendo o principal ambiente para as atividades educativas da instituição e refúgio para quem deseja maior conforto climático e sonoro dentro da zona continental da cidade. Anualmente, o parque recebe cerca de 400 mil visitantes.

Ao longo das últimas décadas, o Zoobotânico recebeu intervenções pontuais para sua manutenção, reformou o Aquário Jacques Huber, onde também foi instalado um terrário, e contou com um investimento significativo da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), dando origem ao Centro de Exposições Eduardo Galvão, inaugurado em 2022 – o espaço passou a abrigar as mostras multimidias, ampliando a área expositiva do Museu Goeldi, até então restrita ao Pavilhão Domingos Soares Ferreira Penna, popularmente conhecido como Rocinha, um prédio típico das áreas rurais de Belém do século XIX.

Este ano, a obtenção de recursos financeiros voltados às melhorias do patrimônio e obras de maior porte no Parque Zoobotânico se deu com a confirmação da capital paraense como sede da COP-30.

Reconhecido mundialmente por sua contribuição científica nas áreas de Ciências Naturais, Humanas, da Terra e Ecologia, em estreita relação junto a povos indígenas e populações tradicionais, o Museu Goeldi, unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), tem realizado agendas públicas e diplomáticas, estabelecendo inúmeras parcerias.

Dentre as delegações a serem acolhidas, sobretudo, na estrutura do Parque Zoobotânico durante a conferência, estão a do próprio MCTI, a do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), a do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), do Banco Mundial, a da Embaixada da Suíça e a da Organização do Tratado de Cooperação Amazônico (OTCA).

OBRAS

Do dia 18 de agosto até o próximo mês de outubro, cinco recintos de espécies integrantes do plantel do Zoobotânico passarão por recuperação e melhorias: o da ariranha (Pteronura brasiliensis), o do jacaré-açu (Melanosuchus niger), o da onça-pintada (Panthera onca), o das tartarugas e o antigo lago do peixe-boi, que será a nova morada dos peixes pirarucu.

Mas, com a ampliação das obras no logradouro e para segurança de trabalhadores, visitantes e das próprias espécies manejadas, é importante que os serviços sejam feitos com o menor fluxo possível de pessoas dentro do Parque Zoobotânico.

Os recintos da ariranha e da onça-pintada já foram isolados para o início dos serviços. Em breve, será a vez dos recintos do jacaré-açu e das tartarugas. O antigo lago do peixe-boi está em avançado processo de adaptação e impermeabilização. O ambiente havia sido desativado há 17 anos, desde a morte da fêmea Maíra. Com a disponibilidade orçamentária insuficiente para atender as novas leis ambientais e adequação do recinto para a espécie, a instituição optou por preparar o espaço para abrigar exemplares de pirarucu, um dos maiores peixes de água doce do mundo e de grande valor para a gastronomia amazônica.

Em relação aos prédios históricos, será necessário manter o isolamento da Rocinha, que, no entanto, será entregue à população em 2026, quando o Museu Goeldi celebra 160 anos de atividade.

Durante o fechamento temporário, quatro chalés históricos receberão melhorias até novembro deste ano: o Chalé Andreas Goedi (Protocolo); o chalé Rodolfo Siqueira Rodrigues (Serviço de Comunicação Social); o chalé João Batista de Sá (Compras e Contratos e Secos/LabCom); e, por fim, o chalé situado na esquina da Travessa Nove de Janeiro com a Avenida Magalhães Barata, que será reformado pela Secretaria de Turismo (Setur) para transformá-lo em ponto de informações turísticas.

O prédio da Biblioteca Clara Maria Galvão e o auditório Alexandre Rodrigues Ferreira receberão algumas melhorias até novembro, mas as obras de maior porte ocorrerão em 2026. Todos estes serviços serão custeados por meio de uma ação junto ao MCTI, via Finep, que outorgou ao Museu Goeldi recursos na ordem de 20 milhões de reais.

Outro prédio histórico importante do conjunto do Parque Zoobotânico a iniciar obras de reforço estrutural é a Casa Goeldi, que será completamente restaurado em 2026 com recursos que estão sendo captados por uma parceria entre o Museu Goeldi, a Embaixada da Suíça e o programa ProGoeldi, coordenado pelo Instituto Peabiru.

Em relação à parte externa do Parque Zoobotânico, o muro que circunda todo o quarteirão e o prédio da bilheteria na Av. Magalhães Barata também receberão intervenções de melhoria até a realização da COP-30.