Mineiro Pau: a festa que transforma o Telégrafo em palco de fé e tradição

Belém e Pará - Neste domingo, 8 de junho, a Igreja Católica celebra a Solenidade de Pentecostes, uma das mais importantes do calendário litúrgico. A data marca a descida do Espírito Santo — a terceira pessoa da Santíssima Trindade — sobre os apóstolos e Maria, 50 dias após a Páscoa. Em Belém, essa celebração ganha um caráter único e popular com a tradicional Festa do Divino Espírito Santo, conhecida como “Festa do Mineiro Pau”, realizada há mais de 80 anos no bairro do Telégrafo.

A origem da festividade remonta à década de 1940, quando o casal Manoel (Manduca) e Izabel, vindos do arquipélago do Marajó, levou ao bairro a devoção ao Divino Espírito Santo. Desde então, a fé se enraizou e atravessou gerações entre os moradores da travessa 14 de Março.

A vendedora Ana Cláudia Pereira é um dos muitos exemplos de devoção no bairro. Moradora do Telégrafo desde a infância, ela participa da festa todos os anos. “O Divino é tudo para mim. Por meio dele, alcancei a cura do meu filho, e por isso faço questão de estar presente sempre”, relata, emocionada.

Os festejos deste ano começaram no dia 29 de maio com o tradicional levantamento do mastro do Divino, momento simbólico que marca o início da celebração. Desde então, a comunidade se reuniu em novenas e atividades religiosas, que culminaram neste domingo com a missa da alvorada, seguida de uma programação cultural e recreativa voltada para as crianças do bairro.

O ponto alto da festa ocorre no fim da tarde com a derrubada do mastro — já decorado com frutas regionais — e, logo depois, uma procissão luminosa percorre as ruas do bairro, levando a imagem do Espírito Santo acompanhada pelos fiéis em oração e louvor.

Sebastião Corrêa, coordenador da festa deste ano, destaca o significado da celebração:

“É com o coração cheio de alegria e gratidão que realizamos todos os anos a Festa do Divino Espírito Santo. Há mais de seis décadas, essa celebração faz parte da alma do nosso bairro. Ela não é apenas uma tradição: é uma fé viva, que atravessa gerações e se renova com amor, esperança e devoção.”