Um incêndio de grandes proporções em uma área de mata próxima ao Aterro do Aurá é apontado como a causa da densa fumaça que cobriu Belém na noite de terça-feira (10) e seguiu durante a madrugada. Moradores de diferentes regiões da cidade relataram o forte cheiro de queimado, tornando a situação ainda mais preocupante.
A Prefeitura de Belém, por meio da Secretaria Municipal de Zeladoria e Conservação Urbana (Sezel), informou que as causas do incêndio serão investigadas pelo Corpo de Bombeiros e pela Polícia Científica. A nota oficial destaca que a segurança da área é de responsabilidade da empresa Ciclus Amazônia, contratada via licitação para administrar o local. A Prefeitura afirmou ainda que exigirá explicações da empresa e solicitará o reforço na fiscalização e segurança do espaço.
Denúncias e Acusações contra a Ciclus Amazônia
A Ciclus, que firmou um contrato de 30 anos em abril de 2024, está na mira da Câmara Municipal de Belém e deve ser alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). A empresa é acusada de despejar resíduos de forma irregular em um terreno no bairro do Aurá, na divisa entre Belém e Ananindeua. O local está próximo a residências, uma escola municipal e a um rio, o que agrava ainda mais a gravidade da denúncia.
Entre os materiais descartados estariam até resíduos hospitalares — que exigem tratamento especial — jogados a céu aberto, conforme imagens divulgadas pelo jornal DIÁRIO. Os registros também mostram veículos e equipamentos com o logotipo da Ciclus Amazônia operando no local sem qualquer sinal de separação ou tratamento dos resíduos, algo obrigatório em aterros sanitários licenciados.
Investimentos e Implicações Legais
O contrato com a Ciclus previa investimentos de aproximadamente R$ 700 milhões ao longo das três décadas de concessão, incluindo serviços como coleta, varrição, instalação de ecopontos, recuperação do antigo lixão do Aurá e a construção de um novo aterro sanitário bioenergético.
A Polícia Civil, por meio da Divisão Especializada em Meio Ambiente e Proteção Animal (Demapa), informou que um funcionário da empresa foi preso em flagrante no local e responderá por crime ambiental. Além disso, três caminhões foram apreendidos.