O primeiro grito de carnaval de Belém foi marcado pela alegria do Bloco Império Romano. Completando 54 anos de tradição, o cortejo levou às ruas dezenas de foliões vestidos de romanos que seguiram animados até o centro da capital, na tarde de Natal, nesta quarta (25). A celebração foi mais um ano marcada pela alegria dos brincantes e a valorização da cultura popular de rua.
Em 2024 foi realizado o primeiro cortejo do Bloco Recreativo Carnavalesco Líbero-Musical e Antifóbico “Império Romano” após o reconhecimento como Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado do Pará pela Assembleia Legislativa do Pará (Alepa). Com o tema “Império Sustentável na COP 30: Na Glória Romana da Reciclagem”, o arrastão carnavalesco abordou com muita alegria e celebração a importância da preservação da Amazônia e do reconhecimento da cultura paraense.
CORTEJO
Este ano, o cortejo teve um percurso diferente. Acompanhando a tradicional galinha do Império Romano, os brincantes seguiram pela rua Municipalidade, avenida Senador Lemos, travessa Dom Pedro, rua Bernal do Couto e avenida Visconde de Souza Franco. Às 15h, o bloco abriu as portas ao carnaval paraense e de todo o Brasil em um trajeto com dezenas de foliões vestidos de romanos e outras personalidades da Idade Antiga acompanhados da bateria da Escola de Samba Rancho Não Posso Me Amofiná, do bairro do Jurunas.
“Esse é o primeiro grito de carnaval de Belém e do Brasil. É uma grande satisfação participar desta alegria, deste carnaval e, principalmente, no dia de Natal, que já é um momento de alegria e festa entre as famílias. Por isso eu sempre venho caracterizado porque a fantasia é o que dá a alegria para a festa desse bloco. A população do Pará abraçou o Império Romano com toda alegria, diversão e já se preparando para o novo ano”, disse o advogado Nadilson Neves, 37, que participa do bloco há quase 20 anos.
Caracterizado de gladiador, Jorge Monteiro celebrou a cultura popular com um figurino inspirado no filme “300”, que faz uma releitura das batalhas travadas durante as Guerras Persas, na Idade Antiga. A fantasia foi confeccionada em garrafas PET pelo artista plástico Domingos Oliveira para o Auto do Círio de 2014. Com referências à cultura amazônica, a vestimenta carregava símbolos do casco de uma tartaruga, da coruja rasga mortalha, das escamas do tamuatá, do formato do muiraquitã e, na saia, da berlinda de Nossa Senhora de Nazaré.
Para Jorge, as boas-vindas ao carnaval foi o momento de chamar atenção à preservação da natureza e a valorização da arte dos blocos de rua. “Eu acho que esse momento leva a cultura para rua. Muitas vezes, a população não tem acesso às informações de onde tem movimento artístico e o ingresso não é acessível para todos. Estando aqui, esse bloco na rua é acessível para todo mundo que vem participar com as suas ideias e fantasias. Isso aqui é uma arte de rua”, afirmou o analista de cálculo.
Apaixonada pelo carnaval, faz mais de dez anos que Leda Pessoa, 56, segue o cortejo do Bloco Império Romano. Com lentes de contato azuis e uma maquiagem marcante, ela sempre se fantasia de Medusa, personagem da mitologia grega conhecida por transformar em pedra aqueles que a olhavam nos olhos. Por isso, após as tradicionais comemorações do Natal, é “sagrado” participar de um dos blocos mais antigos de Belém.
“Eu adoro estar aqui, passo o ano todo esperando por esse momento. Eu sempre venho fantasiada da mesma personagem, que é a minha preferida: a Medusa. Em todo Natal, a gente se reúne com os amigos e vem festejar aqui no Império Romano porque a gente tem que viver intensamente a vida. Eu acho esse momento muito importante porque agrega pessoas de todos os tipos de profissão, feirantes, advogados, promotores. É um ambiente que junta tão diferentes classes em um só lugar, é muito bom”disse a comerciante.