PATRIMÔNIO

Igrejas são marcos da história e da fé do povo de Belém

Distribuídos pelo centro da cidade, os templos religiosos se tornaram referências para a própria história cultural e patrimonial da capital.

Belém, Pará, Brasil. Cidade. Catedral da Sé. Igrejas ajudam a contar parte da História da Fundção e do processo de Urbanização de Belém, além de representar um rico patrimônio arquitetônico e artístico para a Cidade. 03/08/2021. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Belém, Pará, Brasil. Cidade. Catedral da Sé. Igrejas ajudam a contar parte da História da Fundção e do processo de Urbanização de Belém, além de representar um rico patrimônio arquitetônico e artístico para a Cidade. 03/08/2021. Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.

A partir do núcleo inicial da cidade de Belém, no entorno do Forte do Castelo, o caminho que se estende em direção ao bairro da Campina guarda templos religiosos cujas histórias se misturam com a da própria fundação da capital paraense. Mais do que templos religiosos, tais construções também são bens culturais e patrimoniais que ajudam a contar parte da memória da cidade.

A historiadora e antropóloga Dayseane Ferraz considera que quando se analisa a paisagem da cidade é possível identificar que ela passou por transformações ao longo dos séculos por meio do processo de urbanização, de novos usos e formas de viver a cidade. Apesar disso, a permanência de algumas construções, como algumas igrejas, por exemplo, permite conhecer um pouco dessa memória.

“Se olharmos cuidadosamente edificações, largos, praças podemos fazer uma ‘arqueologia da paisagem’ e perceber também as permanências. O que permanece na panorâmica da cidade, sobrevivendo aos seus construtores e chegando até nossos dias, se traduz na memória histórica do lugar narrada pela sua materialidade. As igrejas antigas, ou coloniais são ‘rugosidades’, como diria Milton Santos acerca dos prédios antigos”, explica. “Por meio delas podemos lembrar o que um dia foi a Feliz Lusitânia – primeiro nome do núcleo embrionário da cidade – onde existiu a ermida dentro do Forte do Presépio e que depois foi transferida para fora da fortificação, dando origem à Catedral de Belém, a Sé”.

Também através da resistência e permanência dessas igrejas coloniais, a professora destaca que é possível rememorar a chegada missionários franciscanos, carmelitas, mercedários, jesuítas e o impacto de suas atividades no território que viria a se tornar a cidade de Belém. Essas edificações de seus respectivos templos, hoje, fazem parte do patrimônio histórico da capital paraense. “Mais do que pedra e cal, estes prédios fazem lembrar a ocupação e conquista portuguesa, o trabalho e a catequese a que foram submetidos os povos indígenas, a cristianização dentre outros processos”.

Dayseane explica que o núcleo inicial de Belém, outrora chamado de Feliz Lusitânia, foi marcado pela ocupação militar e pela ocupação religiosa, referências que marcaram o processo de colonização e conquista do território. Daí a presença tão significativa de igrejas naquela área da cidade. “Para efetivar a ocupação e garantir a expansão da fé cristã, o clero – regular e secular – ou seja padres e missionários erigiram suas ermidas, que depois se transformaram em capelas e igrejas monumentais, acompanhando a evolução e a expansão da cidade”, pontua a historiadora. “Assim, no Centro Histórico de Belém – atuais bairros da Cidade Velha e Campina – parte mais antiga da cidade, se concentram as mais antigas Igrejas: Catedral ( 1617), Igreja do Carmo (1626), Convento e Capela de Santo Antônio ( 1627), Igreja das Mercês ( 1640), Igreja jesuítica de São Francisco Xavier, agora chamada de Santo Alexandre (1653) dente outras”.

Além dessas, a forte presença dos missionários, das ordens terceiras e das irmandades que atuaram na então Belém colonial ainda estão representadas através de outras igrejas, como a Capela da Ordem Terceira contígua à Igreja do Carmo; a igreja do Rosário dos Homens Pretos, no bairro da Campina; além da Igreja do Rosário dos Homens Brancos, que já não existe mais, mas que ficava no local onde hoje se encontra a Praça do Carmo. “Estas igrejas são monumentos tombados pelos órgãos de preservação do patrimônio cultural e são História e Memória, documentos materiais que nos fazem rememorar mais de quatro séculos de História. Estes bens culturais estão no domínio do sagrado para grupos sociais, mas também são exemplares de diversos estilos arquitetônicos, espaços musealizados e de usufruto de toda a comunidade”.