Nesta terça-feira (18), o Grupo RBA de Comunicação recebeu a visita de cinco integrantes do Movimento Pacto Contra a Fome. Entre elas estavam Geyze Diniz, cofundadora e presidente do Conselho do Pacto Contra a Fome, além de Rafaela Vieira, especialista em políticas públicas e Vanessa Silva, responsável pela comunicação interna do Conselho. O grupo foi recebido na redação integrada por Clayton Matos, Diretor de Redação do Jornal Diário do Pará, e Álvaro Borges, gerente de jornalismo da RBATV.
A comitiva se encontra no Estado desde janeiro deste ano e, na última segunda-feira (17), participou do 1º Encontro Estadual do Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional e Sustentável do Pará (SISANS), realizado em Belém. O evento contou com a presença de representantes do governo e da sociedade civil, que se reuniram para discutir políticas voltadas para a segurança alimentar do Estado. Entre os principais destaques, Geyze Diniz compartilhou experiências e abordou os avanços do projeto de fortalecimento do SISANS no Pará.
De acordo com Geyze, não podemos aceitar que um número tão elevado de brasileiros continue passando fome.
“Atualmente, não há dúvidas de que essa é uma realidade triste: 9 milhões de brasileiros passam fome diariamente. Essa situação é conhecida como insegurança alimentar grave. Além disso, desperdiçamos cerca de oito vezes mais alimentos do que seria necessário para sustentar essa população. Para se ter uma ideia, 9 milhões de brasileiros enfrentam uma insegurança alimentar grave, o que caracteriza a fome, e 64 milhões lidam com algum nível de insegurança alimentar. Somente no estado do Pará, 900 mil pessoas vivem sem comida todos os dias. Isso é um número alarmante”, pontua.
“Portanto, é fundamental que tenhamos uma visão e uma compreensão de que a fome é, sem dúvida, um desafio que cabe ao governo, mas que também é uma responsabilidade de toda a sociedade. Cada um de nós pode fazer a diferença. Todos podemos nos engajar na luta contra a fome e, além disso, na questão do desperdício de alimentos, refletindo sobre nossos hábitos, nossas compras e a forma como armazenamos os alimentos. Por isso, é essencial que prestemos atenção a isso”, acrescenta.
Ela ressalta que o objetivo do movimento é facilitar a interação entre a sociedade e as três esferas governamentais: federal, estadual e municipal, além de incluir o setor privado na discussão.
“O Pacto Contra a Fome” é uma iniciativa da sociedade civil que visa cooperar com os governos para combater a fome e reduzir o desperdício de alimentos. Somos uma entidade sem viés partidário e atuamos de forma multissetorial, concentrando nosso trabalho em mudanças estruturais. Damos ênfase à coleta de dados e à realização de pesquisas que possam gerar evidências, permitindo-nos influenciar políticas públicas, pois acreditamos que é nesse campo que podemos realmente fazer a diferença. Políticas públicas eficazes e bem implementadas são essenciais para beneficiar toda a população”, ela explica.
Parcerias no Estado
Ela também compartilhou suas perspectivas sobre o Pará e as parcerias com o governo.
“Estamos aqui desde janeiro de 2024 e fizemos um extenso diagnóstico na área do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Isso resultou em uma quantidade significativa de dados. No final de 2023, apenas 17 municípios haviam aderido ao SISAN, mas, ontem, durante um evento que realizamos, conseguimos fechar com mais de 105 municípios. A adesão dos municípios é crucial para que possamos utilizar um sistema do governo federal que é eficaz, que orienta, fornece dados e também libera recursos para a pauta de segurança alimentar e nutricional. Assim, iniciamos essa nova fase com o SISAN, que é uma política pública, e continuamos a trabalhar em colaboração com o governo estadual até o final deste ano, implementando o SISAN”, afirma.
“Mas o Pacto Contra a Fome, ele faz mais do que isso. Então, essa é a nossa proposta também para que a gente continue fazendo todo esse trabalho de articulação. Para que a gente ajude e auxilie também não só o governo, mas também todo o ecossistema, que é o setor privado, o terceiro setor, a academia, a própria imprensa, para trazer para essa pauta, para que a gente fale do assunto e com isso a gente realmente traga dados para fazer trabalhos”, continua.
Ceasa
A presidente compartilha ainda detalhes sobre a visita da comitiva à Ceasa. “A Central de Abastecimento do Estado já possui um banco de alimentos que coleta produtos que não serão vendidos, mas que estão em perfeitas condições para o consumo. Eles realizam uma triagem e, com isso, doam esses alimentos para as instituições que estão cadastradas. Essa é uma iniciativa extremamente eficaz, pois além de fornecer alimentação saudável e nutritiva, composta por frutas, verduras e legumes, também evita a poluição, já que esses alimentos que seriam descartados são reaproveitados”, comenta.
“Portanto, é fundamental romper com esse ciclo vicioso e estabelecer um ciclo virtuoso. A Central de Abastecimento aqui no Pará já está realizando esse trabalho, e tivemos bastante sucesso. Podemos também oferecer apoio para aprimorar ainda mais, seguindo as boas práticas que já observamos em várias partes do Brasil”, conclui.
História
O Pacto Contra a Fome é um movimento suprapartidário e multissetorial, com a finalidade de mobilizar a população na luta pela erradicação da fome de maneira permanente e estrutural, além de minimizar o desperdício de alimentos no Brasil. A iniciativa opera de forma colaborativa e organizada, utilizando inteligência e dados, promovendo a articulação entre pessoas e organizações, e incentivando boas práticas para eliminar a fome e diminuir o desperdício em toda a cadeia produtiva.