Belém

Governo vai instalar Memorial da Escravidão em Belém

O projeto conta com entrada imersiva, anfiteatro, áreas expositivas interna e externa, sala de arquivo e consulta de documentos e auditório com capacidade para 60 pessoas Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
O projeto conta com entrada imersiva, anfiteatro, áreas expositivas interna e externa, sala de arquivo e consulta de documentos e auditório com capacidade para 60 pessoas Foto: Irene Almeida/Diário do Pará.
Irlaine Nóbrega
Foi realizada, ontem (05), uma visita pública ao local onde será construído o futuro Memorial da Escravidão, ação guiada pela Secretaria de Igualdade Racial e Direitos Humanos (Seirdh). O espaço será localizado no Casario da rua Padre Champagnat, entre o Museu de Arte Sacra e o Museu do Círio. O objetivo da reunião era dialogar com a sociedade civil organizada sobre a construção de um espaço de memória da história da comunidade negra paraense.
O projeto conta com entrada imersiva, anfiteatro, áreas expositivas interna e externa, sala de arquivo e consulta de documentos e auditório com capacidade para 60 pessoas. O memorial será instalado na área do Complexo Feliz Lusitânia, área onde existiam dois pelourinhos e era um dos locais de desembarque do povo africano escravizado durante o período colonial brasileiro, marcado pelo tráfico negreiro pelo Oceano Atlântico. Era próximo a esse ponto que os escravizados aportavam à capital paraense.
“Marcar com o Memorial da Escravidão é um ato de gresgate histórico, de compromisso com anosa memória, que foi completamente apagada. Talvez aqui seja o estado que tem o maior apagamento histórico etnico em relação a história do povo negro. Aqui nós não encontramos mais senzalas, açoites e nem os pelourinhos. Sumiram todas as marcas onde o povo negro viveu, lutou e onde ele morreu”, disse o secretário de Igualdade Racial e Direitos Humanos, Jarbas Vasconcelos.
Para estabelecer o local foi encomendada uma pesquisa para identificar os pontos de desembarque dos africanos escravizados em Belém. O estudo, realizado por historiadores e especialistas em georreferenciamento, apontou a existência dos dois pelourinhos: um na Praça Frei Caetano Brandão e outro no Mercado de Carne Francisco Bolonha. Por isso, o Complexo Feliz Lusitânia foi escolhido por estar no entremeio desses dois espaços.
“Belém e a Amazônia não são somente a colonização portuguesa e a Belle-Époque. Para cá vieram 143 mil pessoas escravizadas do porto de Cacheu, na Guiné, e no século dezenove mais pessoas vieram escravizadas de Benguela, Luanda e Angola. O primeiro pelourinho da cidade era na praça Frei Caetano Brandão, e depois ele se deslocou para onde, hoje, é o Mercado de Carne. Essa foi a grande surpresa desse estudo porque este outro pelourinho foi georreferenciado pela primeira vez neste estudo”, revelou o secretário.