RELIGIÃO

Francisco: um legado que marcou os católicos

As ações, palavras e gestos do papa Francisco, morto no último dia 21, seguem presente nas lembranças de muitos fiéis católicos

Frei Luís Rota - Igreja dos Capuchinhos. Foto: Ricardo Amanajás / Diário do Pará
Frei Luís Rota - Igreja dos Capuchinhos. Foto: Ricardo Amanajás / Diário do Pará

Jorge Mario Bergoglio – ou simplesmente Papa Francisco – conquistou o mundo com gestos simples e mensagens poderosas desde sua eleição em 2013. Escolhido em meio a uma Igreja em busca de renovação, o pontífice argentino, primeiro papa das Américas e primeiro jesuíta a ocupar o cargo, marcou seu papado pelo compromisso com os pobres, pela defesa do meio ambiente, pelo diálogo entre religiões e por uma constante mensagem de esperança em tempos de crise.

Ao longo desses anos, Francisco consolidou uma imagem de líder próximo do povo, trazendo para o centro da fé valores como misericórdia e solidariedade. Para o Frei Luís Rota, da Paróquia São Francisco de Assis – Igreja dos Capuchinhos, em Belém, que faz parte da congregação de São Francisco de Assis na qual o Papa Francisco mantinha ligação, o legado do pontífice aborda tanto a religiosidade quanto as causas sociais.

“A trajetória dele é muito rica em defesa dos pobres, da ecologia e da paz, mas é preciso lembrar que tudo isso nasce de uma dimensão profundamente religiosa. Sem essa dimensão, é difícil compreender a mensagem do Papa”, destacou. Segundo o Frei, a principal herança de Francisco é o reforço da missão essencial da Igreja: “o encontro do ser humano com Deus”.

Sobre o Jubileu da Esperança, proclamado por Francisco para este ano de 2025, Luís reflete que “a esperança é fundada sobre a misericórdia de Deus. Em um mundo com tantas guerras, tribulações e sofrimentos, é fundamental que a Igreja seja instrumento de renovação da fé e da humanidade”. Rota lembrou sobre a situação na Faixa de Gaza, e o quanto o Papa clamava pela paz. “É preciso olhar para os pobres, para quem sofre, e agir com partilha e solidariedade. A verdadeira riqueza da humanidade está na capacidade de socorrer”.

Ao avaliar a transformação da Igreja Católica sob o pontificado de Francisco, o Frei acredita que ele conseguiu aproximar ainda mais a Igreja dos fiéis. “Existem novos movimentos que surgiram e que atraem muitas pessoas para a fé. Francisco deixou essa liberdade para que cada um viva sua espiritualidade de forma autêntica”, afirmou. Em sua visão, o Papa resgatou a simplicidade e a compaixão como pilares da vivência cristã, porque “se desprendeu da realidade maga para olhar para Deus”. “Esse foi o ideal de Francisco, a confiança e o amor a Deus”.

Expressões e Percepções sobre o Papado de Francisco

Quem também compartilhou sua percepção foi Edila Cardoso, de 75 anos, aposentada e católica praticante. Ela acredita que o Papa Francisco promoveu uma transformação significativa na Igreja, embora nem todos tenham aceitado essas mudanças de imediato. “Houve uma mudança na nossa religião que não foi aceita por muitas pessoas. Algumas resistiram, mas para mim, foi uma mudança para melhor. Ele trouxe mais humanidade para dentro da Igreja”, opinou.

Para a jornalista Danielle Filgueiras, 44, o Papa Francisco foi a expressão viva da caridade dentro da Igreja Católica. Para ela, “ele não fugiu dos temas difíceis, e isso me marcou muito”. “Ele conseguiu levar para o Vaticano muito do que vivia na Argentina, trabalhando com os pobres e o povo de rua”, recorda. Moradora de Buenos Aires durante um período, ela lembra que Francisco já era conhecido pelo trabalho social antes mesmo de ser eleito Papa.

“Quando ele foi declarado Papa, isso repercutiu muito, principalmente na forma simples e humana como escolheu viver e até ser sepultado”, destacou. Católica, Danielle acredita que, apesar das dificuldades naturais de uma sucessão, “o desejo é que essa civilidade plantada por Francisco continue e inspire um novo olhar caridoso para quem mais precisa”.