Entre barracas cheias de frutas frescas, verduras e temperos aromáticos, a feira livre continua sendo um dos principais pontos de abastecimento dos lares, mas também pode ser um desafio para o orçamento, especialmente em tempos de inflação elevada. No entanto, estratégias simples, como planejamento, pesquisa e negociação com os feirantes, ajudam a economizar sem comprometer a qualidade da alimentação.
O economista Luiz Carlos Silva, membro do Conselho Regional de Economia do Pará e Amapá (Corecon-PA/AP), destaca que a feira livre é um ambiente de grande concorrência, o que pode favorecer o consumidor. “A feira é o lugar que mais se aproxima da concorrência perfeita. Há diversos ofertantes do mesmo produto. Por exemplo, o tomate: existem várias barracas vendendo, então é possível encontrar preços diferentes. O que faz toda a diferença é a pesquisa”, explica.
Com a possibilidade de recorrer a várias barracas, comparar os preços e até mesmo buscar substituições para alimentos que estejam muito caros no momento também é uma boa saída. “Prestar atenção nas dicas dos nutricionistas pode ser útil; ‘o que pode substituir o feijão ou o tomate?’, eles vão indicar os melhores alimentos, já que, muitas vezes, há alternativas mais acessíveis e igualmente nutritivas”, considera.
HORÁRIO
Para aqueles que querem aproveitar preços mais baixos, o horário de compra pode ser um fator determinante. Luiz lembra que, em Belém, o momento mais vantajoso é conhecido como a “Hora da Virada”, semelhante à famosa “Hora da Xepa” em outras regiões do Brasil. Esse é o horário em que os feirantes precisam vender o que sobrou, porque muitos deles não têm onde armazenar os produtos.
“A feira do Ver-o-Peso, por exemplo, começa a funcionar pela manhã, mas a partir das 18h há boas oportunidades de compra, pois os vendedores baixam os preços para evitar prejuízos”, aponta.
PLANEJAMENTO
Outra dica essencial para evitar gastos desnecessários é planejar as compras com antecedência. A lista sempre é a melhor alternativa. “Sem ela as pessoas acabam comprando o que não precisam ou em excesso. Isso impacta diretamente o orçamento doméstico e pode gerar desperdício”, alerta.
Comprar em grande quantidade pode ser vantajoso apenas quando há espaço adequado para armazenamento e quando os produtos são duráveis. “Se é um produto perecível, mas que pode durar uns 5 dias se conservado na geladeira, pode ser comprado em maior número”. Os produtos sazonais também influenciam no orçamento, pois são influenciados por estações e estão disponíveis em maior quantidade e, geralmente, em menor preço. “O açaí, neste momento, por exemplo, está fora da safra e com preço elevado. Nesse caso, vale evitar o consumo ou reduzir a quantidade para não comprometer as finanças”.
LIMITE
Por fim, o economista recomenda que o gasto com alimentação não ultrapasse 30% do rendimento total de uma pessoa ou família. “Todo gasto acima dessa margem pode comprometer outras despesas essenciais. O ideal é que esse percentual seja respeitado semanalmente para garantir equilíbrio financeiro”, conclui.